segunda-feira, setembro 27, 2010

O preconceito contra o Cristianismo. De quem é a culpa?


Estou lendo On Guard, de William Lane Craig. Comentando sobre a importância da apologética para encararmos o mundo secular, o autor expressou o seguinte:

Se a inclinação da América para o secularismo continuar, então o que nos espera amanhã já é hoje evidente na Europa. A Europa Ocidental se tornou tão secularizada que é difícil para o evangelho, mesmo para obter um processo equitativo. Como resultado, os missionários têm trabalho durante anos para ganhar um punhado de convertidos. Tendo vivido 13 anos na Europa, em quatro países diferentes, posso testemunhar pessoalmente quão difícil é para as pessoas responderem à mensagem de Cristo. Falando em campi universitários em toda a Europa, eu percebi que a reação dos alunos era muitas vezes confusa. O cristianismo é supostamente para mulheres idosas e crianças, eles pensam. Então, o que esse homem com dois doutorados provenientes de universidades europeias está fazendo aqui defendendo a verdade da fé cristã com argumentos que não podemos responder? Certa vez, quando eu estava falando em uma universidade na Suécia, um aluno me perguntou durante uma sessão de perguntas e respostas após minha palestra: "O que você está fazendo aqui?" Confuso, eu disse: "Bem, eu fui convidado pelo Departamento de Estudos Religiosos para dar esta palestra." "Não é isso o que eu quero dizer", insistiu. "Você não entende como isso é incomum? Eu quero saber o que o motiva a vir pessoalmente aqui e fazer isso." Eu suspeito que ele nunca tinha visto um filósofo cristão antes – de fato, um proeminente filósofo sueco disse-me que não há filósofos cristãos em qualquer universidade na Suécia. A pergunta do aluno me deu a oportunidade de compartilhar a história de como vim a Cristo. O ceticismo nos campi universitários europeus é tão grande que quando falei sobre a existência de Deus na Universidade do Porto, em Portugal, os alunos (como eu descobri mais tarde), na verdade, telefonaram para o Instituto Superior de Filosofia da Universidade de Louvain, na Bélgica, onde eu era filiado, para descobrir se eu era um impostor! Eles pensaram que eu era uma farsa! Eu simplesmente não me encaixava em seu estereótipo de cristão.

Fiquei pensando sobre quanto preconceito existe em relação ao cristianismo. Isso pode ser visto na forma zombeteira que alguns comentários são postados por ateus, aqui e em outros blogs. Parece inaceitável que o cristianismo seja racional. Isso é impossível para eles. Na verdade, eles criaram um novo antônimo para a palavra razão: fé. Especialmente, fé cristã. Um antônimo duplo. O preconceito é muitas vezes a base e o único argumento por eles defendido.
Mas também me leva a pensar o quanto isso não é nossa culpa também. Nós abandonamos a batalha. Nós abrimos mão do pensamento. Nós baixamos nossas armas (como está no post anterior) e abrimos caminho para o naturalismo filosófico, que dá forças ao cientificismo e assim o mundo foi envenenado por essa filosofia de bar da esquina. Ou seja, ruim.
Nós trabalhamos pela propagação e pela defesa da fé cristã, mas devo dizer que aqueles que deveriam estar dentro da fé tornam o trabalho às vezes mais difícil do que os que estão no campo inimigo.
Temos muito trabalho pela frente...

14 comentários:

BeA disse...

Interessante, mas esperada. Gostei da sua frase "Na verdade, eles criaram um novo antônimo para a palavra razão: fé." É isso mesmo.

Por outro lado, quando a gente apelar para suas consciências nas universidades, eles têm a tendência de esquecer dos seus argumentos "racionais". Por exemplo, começa a falar sobre a condenação de Deus sobre o homossexual, o fornicador, o beberrão, etc. - todos pecados do cotidiano universitário. Eles de repente se tornam aquilo que nos acusam de ser: "irracionais"! E, já que a Palavra não volta vazia, você acaba preparando o caminho para uma conversão genuína, né? Abraço.

Maurilo e Vivian disse...

Olá BeA.
Isso é verdade. Engraçado que quando se fala com um ateu, após negar a existência de Deus, ele passa a atacar os erros da religião proclamando as coisas erradas que ela faz. Mas eles não percebem que, se Deus não existe, não existe um padrão moral absoluto pelo qual podemos dizer que algo é certo e algo é errado. Sem Deus, eles não podem nem reclamar. Se reclamarem, acabam pressumindo um padrão moral objetivo e isso só é possível em um cenário que Deus existe.
Agir assim é irracional.
Mas continuamos pregando o evangelho. Nosso trabalho é pregar. A conversão é uma responsabilidade de Deus.
Abraços.

BeA disse...

É a verdade! Vou usar essa linha de argumento a próxima vez eu evangelizo um atéu. Como eles podem chegar a criticar algo enquanto pisam "firmamente no ar"? Kkkkk! Depois de mostrar a "irracionalidade" disso a gente pode partir para os absolutos morais que existem em todos... e que suas consciências confirmam, né? Abração!

Maurilo e Vivian disse...

Engraçado você usar essa expressão.
Eu aprendi sobre essa linha de raciocínio em um livro chamado Relativism: Feet Firmly Planted in Mid-Air por Francis Beckwith, Gregory Koukl.
Esse raciocínio também é parte do argumento moral para a existência de Deus, um argumento que eu acho muito persuasivo.

Darius disse...

Darius disse
Caro Maurílio

Eu vivo na Europa e, sem ter lido o livro, servindo-me apenas do que você publicou, vejo que existe algo que deturpa o sentido das palavras. Ou você estará equivocado por uma interpretação deficiente ou, Craig, por questões de conveniência, promove o preconceito. Na Europa existe “liberdade religiosa” que é algo que os deuses não respeitam e que os crentes usam em proveito próprio sem a reconhecerem aos outros.

É errado dizer que os europeus sejam anti cristãos, a menos que Craig pretenda considerar os “criacionistas” como únicos e legítimos representantes do “Cristianismo”. Os europeus desconfiam do “criacionismo” pelas inanidades pseudo-científicas usadas na defesa da sua crença – sem interesse na verdade e com o objectivo único de implementação de um estado submisso –, e rejeitam-no por o considerarem uma fraude.

Existem efectivamente países, com uma qualidade de vida acima da média, pouco convencidos de que a subserviência a deuses ou divindades seja uma questão prioritária. São povos que, apesar de em tempos idos, terem promovido o culto a divindades como Odin ou Thor, acreditam mais na liberdade da mente e apostam numa sociedade livre de crenças e crendices.

Grande parte dos países europeus é subserviente ao cristianismo, com raízes cristãs muito profundas, mas são submissos á “Igreja Católica”. Espanha, Polónia e Portugal são exemplo do fervor e dedicação a Roma. O episódio passado na cidade do Porto, Portugal, é prova disso mesmo até porque existem artigos publicados em jornais, e aceites pela população (que eu leio e você deveria ler também), escritos por padres que, além de professores universitários, são filósofos.

Darius disse...
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Darius disse...
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Darius disse...
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Darius disse
Caro Maurílio

Em primeiro lugar aceitem o meu pedido de desculpas pela repetição do mesmo comentário, que já excluí, mas não percebo o que aconteceu. Uma vez mais as minhas desculpas.
E agora a segunda metade do comentário.

Na verdade, eles criaram um novo antónimo para a palavra razão: fé. Especialmente, fé cristã. Um antónimo duplo.

Este tipo de “doutrina” só prova que um doutoramento, no que quer que seja, não é vacina contra a insanidade. Este tipo de “evangelização” não tem discussão possível porque simplesmente não faz sentido e debatê-la é reconhecer valor á asneira. Isto é proselitismo da pior espécie.

Mas eles não percebem que, se Deus não existe, não existe um padrão moral absoluto pelo qual podemos dizer que algo é certo e algo é errado.

Como já escrevi, (e você não comentou) certo e errado são conceitos éticos definidos pela sociedade. Não tem nada a ver com religião ou com a existência de deuses. É algo que está instituído e que todos sabem diferenciar praticamente desde o berço porque é isso que ensinamos aos nossos filhos independentemente de sermos, ou não sermos, crentes.

Sem Deus, eles não podem nem reclamar. Se reclamarem, acabam presumindo um padrão moral objectivo e isso só é possível em um cenário que Deus existe.

Errado. Aqueles que não acreditam respeitam mais a tolerância e os princípios éticos do que, aqueles que acreditam porque não necessitam de propagandear um produto.
Eu não sou crente e, nos limites do mundo que o meu conhecimento pode conceber, a formação e a moral são pilares da civilização. E para isso não necessito de acreditar em “superstições”, basta acreditar na educação.

Saudações
Darius

Ps.: Realmente a ciência tem vindo a “amachucar” a religião.

Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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