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segunda-feira, abril 09, 2012

A falácia do homem de palha



Quando visões diferentes de mundo se encontram em um debate, muita coisa acontece. Na tentativa de mostrar que “o meu lado está certo e o seu está errado” os debatedores se utilizam das mais variadas ferramentas. Algumas são válidas. Outras não. A estas últimas, chamamos de falácias.
Um amigo no Facebook postou a imagem acima e eu achei interessante colocar aqui como blog como um claro exemplo da falácia conhecida como “homem de palha” ou também chamada de “espantalho”. Essa falácia é definida da seguinte forma pela Wikipédia (e se está na Wikipédia, só pode ser verdade...) “a falácia do homem de palha (também falácia do espantalho) é um argumento informal baseado na representação enganosa das posições defendidas por um oponente.” Ou seja, é uma tática muito comum de se apresentar uma versão distorcida (e via de regra mais facilmente ridicularizável) da posição de um oponente. Na maioria das vezes, a distorção é tão grande que em nada se assemelha ao que o oponente acredita. E ataca-se e defende-se uma posição alheia à realidade. A imagem acima é um exemplo clássico de homem de palha em relação ao cristianismo (ou cristandade no caso).
Por quê alguém se utiliza desse subterfúgio? Simples, é mais fácil você atacar uma visão falsa do que a verdadeira. É mais fácil você ir atrás daquilo que você acha que é, não gastando um tempo estudando a crença do outro, do que se empenhar em ser generoso e aprender realmente aquilo que a pessoa acredita. Quando você faz isso, gasta esse tempo de estudo, passa a entender melhor a posição do outro e tende a usar menos o homem de palha. Mas às vezes também é um problema de caráter e contra isso pouco pode ser feito.
Vamos ver quais foram as distorções apresentadas pelo texto acima?
  • Zumbi cósmico: um zumbi seria um ser morto que é reanimado, em estado de putrefação e que volta à vida, mas de forma catatônica. Ele não é inteiramente vivo, nem inteiramente morto. Em nada essa figura se assemelha ao Cristo ressurreto. Crito voltou à vida, em um novo corpo ressuscitado e glorificado, em suas completas faculdades mentais e foi visto por mais de 500 pessoas. Nenhum relato bíblico mostra Cristo saindo da tumba pronto para participar Thriller, de Michael Jackson.
  • Que foi seu próprio pai: aqui é um entendimento errado sobre a doutrina da Trindade. Jesus nunca foi o Pai, que nunca foi o Espírito Santo, que nunca foi o Filho. São três pessoas diferentes, mas uma única divindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo referem-se à personalidade. Deus, refere-se à essência do que são. Apenas uma divindade. Não é fácil, eu sei disso. Temos alguns textos sobre Trindade, é só jogar na busca ao lado. Mas o cristianismo não ensina que o Pai e o Filho são a mesma pessoa. Essa é uma heresia antiga, repudiada no Concílio de Niceia, conhecida como Sabelianismo ou Modalismo.
  • Telepaticamente o aceite como seu mestre: a Bíblia nunca disse nada sobre aceitar Jesus como seu mestre, seja telepaticamente ou não. Eu não entendi bem o que o telepaticamente quer dizer aqui. Telepatia, resumidamente, é a capacidade de ler a mente dos outros e aceitar a Jesus como seu mestre é uma questão de vontade. Eu não preciso ler a mente de outra pessoa para fazer isso. Só preciso consentir voluntariamente à isso. Enfim, mas mesmo isso não é ensinado nas Escrituras. A Bíblia diz que para alguém ser salvo, ela deve se arrepender de seus pecados e colocar sua fé em Jesus Cristo como seu Salvador. O telepaticamente deve ter aqui um apelo retórico.
  • Retirará uma força do mal da sua alma: o texto deve estar se referindo ao novo nascimento do cristão, mas a Bíblia não faz menção à retirar algo maléfico da alma. O que a Bíblia diz é que o cristão se torna uma nova criatura em Cristo. Você morre para o pecado e renasce para Deus. Mas infelizmente a pecaminosidade, que é nossa companheira desde o nosso nascimento, continua em nós. Quem me dera ela fosse totalmente retirada. Ela somente será lançada para longe de nós quando recebermos o corpo glorificado, na ressurreição. O que acontece com o cristão no novo nascimento é a capacitação, pelo Espírito Santo, de lutar contra nossa carne. Não somos mais escravos do pecado, mas ainda somos seduzidos por ele.
  • Mulher nascida de uma costela: a mulher não nasceu de uma costela. A costela não estava grávida e depois de nove meses deu à luz uma mulher. A mulher foi moldada, formada da costela de Adão. Mesmo tomando-se o texto de forma literal, não vejo qual seria o problema com isso. O Criador de todo o universo não teria o poder de forma a partir de um material genético já pronto um novo ser da mesma espécie? O que é mais fácil acreditar? A origem da mulher pela costela de Adão ou a origem da vida a partir daquilo que não possui vida? A abiogênese já foi refutada por Pasteur em 1862.
  • Comer o fruto de uma árvore mágica: a árvore não era mágica. O texto não diz isso, não informa tal coisa. Vamos ler o que Deus disse: “Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gen. 2:16-17. Veja que a palavra mágica não existe no texto. O pecado de Adão e Eva (os dois, diferentemente do que fala a imagem) foi desobedecer a Deus. Ele deu uma ordem bem clara. Comam do que quiser, menos da árvore que está no meio do Jardim. No dia que comeram, eles morreram espiritualmente, porque pecaram contra Deus, desobedecendo-O. Ao menos, eu fiquei feliz que a imagem não falou que foi uma maça...


Pronto. Essas foram as distorções apresentadas no texto. Veja que eu gastei mais tempo mostrando que essa não é a nossa crença. Quando isso é feito, o ataque perde o sentido e mostra como o nosso oponente no mínimo não conhece direito aquilo que ele mesmo ataca. No mínimo.
O homem de palha é um recurso desonesto, que fala mais sobre a idoneidade de seu articulador do que do objeto que ele ataca. Precisamos ficar atentos para o seu uso. Não apenas contra nós, mas em nossos discursos. É muito fácil fazer isso. É o caminho mais rápido e retórico de deixar o oponente de “calças curtas”. Mas não precisamos nos utilizar desse recurso. Se conhecemos a verdade, devemos apresentá-la como ela é, como bons embaixadores de Cristo, lembrando-se do que Pedro nos diz:
“antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. 1 Pedro 3:15.

domingo, junho 05, 2011

Algumas Perguntas sobre o Inferno



O Inferno é uma doutrina importante do Cristianismo que parece desalentar tanto cristãos quanto não cristãos. Em um post recente no blog, eu contei a história de uma mulher que está profundamente perturbada pela existência do inferno. Não é possível dar um tratamento exaustivo para esse assunto em um post de blog, mas eu gostaria de tentar responder algumas questões básicas sobre o inferno.

Pergunta 1: Deus manda as pessoas para inferno contra a vontade delas?
Resposta 1: Não. Aqueles que vão para o inferno depois da morte tomaram uma decisão consciente de rejeitar o conhecimento, a luz de Deus que foi oferecida a eles enquanto estavam vivos.

Pergunta 2: Aqueles que estão no inferno buscam escapar de lá?
Resposta 2: Não. O inferno é o que eles desejam, um lugar onde eles podem estar longe de Deus e seguir seus próprios desejos. Eles podem não gostar dos aspectos do inferno, mas eles preferem reinar no inferno do que se submeter no céu.

Pergunta 3: Deus tortura aqueles que estão no inferno?
Resposta 3: Não. Se estamos pensando em Deus infligindo tortura física, como um guarda de um campo de prisioneiros, a resposta é não. O tormento que aqueles que estão no inferno sofrem é a falta de um relacionamento com Deus. Já que todos os seres humanos foram feitos para esse relacionamento, então aqueles sem isso irão certamente sofrer. Esse tormento será terrível e algo que ninguém gostaria de experimentar, mas aqueles que estão no inferno desejam algo que é impossível para Deus dar – felicidade sem Deus.

Pergunta 4: Existe alguma chance das pessoas que estão no inferno se arrependerem?
Resposta 4: Não. A porta está fechada por dentro. Deus conhece minuciosamente cada coração humano, e Ele sabe que aqueles que estão no inferno nunca iriam se arrepender, não importa o quão evangelizadas fossem. O inferno é o lugar onde Deus confirma a escolha dessas pessoas que O rejeitaram, uma rejeição que eles manterão para sempre.

Pergunta 5: É justo que aqueles que estão no inferno fiquem lá para sempre?
Resposta 5: Sim. Lembre-se, eles rejeitaram Deus para sempre, então sua separação de Deus deve ser para sempre.

Pergunta 6: O inferno é uma punição para aqueles que estarão lá?
Resposta 6: Sim. No sentido que as pessoas que estão no inferno estão lá por causa de seus atos pecaminosos, então é uma punição. Elas recebem o que mereceram pelos seus atos.

Pergunta 7: Aqueles que estão no inferno podem ser reabilitados?
Resposta 7: Não. Porque eles nunca irão se arrepender de sua rejeição de Deus, eles não podem ser reabilitados.

Pergunta 8: Deus enviará para o inferno alguém que não merece ir pra lá?
Resposta 8: Não. Deus é o padrão absoluto de justiça, então é impossível para Deus fazer algo injusto. Seria a maior de todas as injustiças se Deus enviasse para o inferno alguém que o amaria livremente, portanto aqueles que estão no inferno estão lá de forma justa. Nenhum erro cometido.
Eu sei que essas perguntas e respostas breves somente arranham a superfície, mas essas são algumas das perguntas mais comuns que eu recebo. Espero que sejam úteis pra você.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Policarpo e a doutrina do inferno: um texto que toda Testemunha de Jeová deveria conhecer


Nós gostamos muito de ler textos dos e sobre os Pais da Igreja, grande homens de Deus que vieram após os apóstolos e participaram ativamente no desenvolvimento da igreja nos primeiros séculos. Uma das coisas legais sobre os Pais da Igreja é que podemos encontrar todos os versículos do Novo Testamento por citações em suas obras, com exceção de 11 versículos. Isso atesta que o Novo Testamento foi escrito bem cedo na história cristã e podemos comparar os textos que temos hoje com as citações dos Pais da Igreja, permitindo perceber como temos um texto confiável em sua transmissão (contrário aos ataques que se tem feito ao Cânon).
Essa semana estava lendo “O Martírio de Policarpo”, uma carta escrita pela igreja de Esmirna para a igreja de Filomélio, um ano após a sua morte, que ocorreu em 155 d.C.
Policarpo foi descrito por Irineu como “também não somente instruído pelos apóstolos e conversou com muitos que tinha visto Cristo, mas também pelos apóstolo na Ásia, foi apontado bispo da igreja de Esmirna, que eu vi na minha juventude, pois ele ficou na terra por muito tempo e, quando estava velho, gloriosamente e muito nobremente sofreu martírio, partindo dessa vida, sempre ensinando as coisas que ele aprendeu dos apóstolos e que a Igreja transmitiu e que são verdades” Adv. Haer., III.3.4.
Policarpo foi discípulo direto do Apóstolo João e segundo alguns, nomeado bispo em Esmirna por esse.
E lendo o Martírio de Policarpo, quando lemos sobre o julgamento de Policarpo, onde ele está sendo pressionado a abandonar sua fé em Cristo, vemos o seguinte parágrafo no texto:
“Retomou o procônsul: "Tenho feras. Entregar-te-ei a elas, se não mudares de idéia". Respondeu Policarpo: "Chama-as. Não mudaremos de opinião para ir do melhor para o pior, enquanto é belo passar do mal para a justiça". E o outro: "Eu te farei domar pela fogueira, se não te importam as feras, a menos que tu mudes de idéias". E Policarpo: "Tu ameaças um fogo que queima um momento e pouco depois se apaga, porque não conheces o fogo do juízo que virá e da punição eterna reservada aos ímpios. Mas por que demoras? Faz vir o que quiseres".
Quero chamar a atenção para a parte final do parágrafo, quando Policarpo, em resposta a ameaça de ser lançado na fogueira, já que não se importa com as feras (cabra macho), diz “Tu ameaças um fogo que queima um momento e pouco depois se apaga, porque não conheces o fogo do juízo que virá e da punição eterna reservada aos ímpios”.
Ao contrário do que dizem as Testemunhas de Jeová, é possível ver nesse relato que o conceito de inferno já estava presente na igreja desde o seu princípio. Policarpo diz que não se importa com o fogo que vai matá-lo, porque vai queimar um pouco e depois para. Mas esse fogo não é nada comparado ao do juízo e da punição eterna.
Existe um contraste entre o fogo que dura um pouco e o fogo do juízo que virá, que é muito pior. Mas, se a morte é o final de tudo para o ímpio, segundo a Torre de Vigia, porque alguém deveria temer o fogo do juízo? E que punição eterna é essa para o ímpio, se a morte é a única punição recebida pelo pecado, como dizem as Testemunhas de Jeová? Para eles, o salário do pecado é a morte e por isso, pagamos pelos nossos pecados quando morremos e deixamos de existir. Mas se a morte é a única punição recebida, não vai existir um fogo do juízo e nem punição eterna. E é isso que alegam.
Tenho certeza que alguém deve estar pensando “peraí, por mais que Policarpo tenha sido um dos Pais da Igreja, suas palavras não são Escrituras e não estão na Bíblia”. É verdade. Mas veja como Irineu diz que Policarpo estava “sempre ensinando as coisas que ele aprendeu dos apóstolos e que a Igreja transmitiu e que são verdades”. Policarpo era discípulo de João e ensinou o que aprendeu do apóstolo e entre aquilo que Policarpo ensinou e pregou, mesmo enfrentando a morte, é que existe um fogo do juízo e uma punição eterna para o ímpio.
Se as Testemunhas de Jeová lessem os Pais da Igreja (e as Escrituras) sem as lentes distorcidas da Torre de Vigia, que são colocadas sobre elas pela leitura repetitiva das literaturas da Torre, elas rapidamente perceberiam que estão sob o perigo da punição eterna, pois acreditam em um outro Jesus que não pôde salvá-las.
Em meu próximos post sobre o inferno vou fazer uma defesa bíblica da mesma. Minha intenção com esse post é mostrar que essa doutrina sempre foi ensinada, desde o início do cristianismo.

sábado, setembro 25, 2010

O livro de Judas e a doutrina do Inferno


Hoje, quando estava indo para o trabalho, li uma passagem do livro de Judas (outro Judas, não o que traiu Jesus) que dizia o seguinte:

“aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia, assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno” (Judas 6-7).

Quando li esse texto imediatamente pensei na força apologética desses versículos para uma robusta defesa da doutrina bíblica do inferno. Claramente esse texto nos diz que a) anjos estão reservados em prisões na escuridão; b) essas prisões são eternas; c) ele aguardam o grande dia do juízo; d) que Sodoma e Gomorra servem como exemplo; e) e que sofrem (ato contínuo) f) a pena do fogo eterno. Não é a primeira vez que eu vejo essa passagem, mas foi a primeira vez que ela se destacou para mim. Já devo tê-lo visto em algum texto de teológico.
Enfim, passei o dia pensando em como a Torre de Vigia poderia negar a claridade dos ensinos desse texto em relação ao tormento eterno de pecadores. Quando cheguei em casa (após devorar uma deliciosa pizza), abri minha Tradução do Novo Mundo (TNM), a famosa tradução das Escrituras das Testemunhas de Jeová e li essa mesma passagem.
Em um texto truncado, lê-se o seguinte:

“E os anjos que não conservaram a sua posição original, mas abandonaram a sua própria moradia correta, ele reservou com laços sempiternos, em profunda escuridão, para o julgamento do grande dia. Assim também Sodoma e Gomorra, e as cidades em volta delas, as quais, da mesma maneira como os precedentes, tendo cometido fornicação de modo excessivo e tendo ido após a carne para uso desnatural, são postas diante [de nós] como exemplo [de aviso] por sofrerem a punição judicial do fogo eterno”.

Existe uma escolha de palavras aqui para que o texto seja desfigurado e reflita um entendimento teológico pré-concebido que vai definir a tradução. Essa posição também é demonstrada pela inserção de duas palavras que não existem no texto original [de nós] e [de aviso]. Segundo a própria TNM, quando uma palavra está em colchetes, ela não se encontra no original e foi inserida pelos tradutores.
Ainda assim, não consigo imaginar como alguém pode negar a doutrina do inferno eterno quando se tem um texto tão claro em relação isso. E esse não é o único.
O maior perigo para a Torre de Vigia é que uma testemunha de Jeová comece a ler a Bíblia por si mesmo, sem necessitar dos livros auxiliares para entendimento das suas doutrinas. Pois pela simples leituras das Escrituras, ninguém até hoje (que eu conheça ou tenha ouvido falar) se tornou testemunha de Jeová.
Como já dizia Charles Taze Russel:
"Não somente achamos que as pessoas não podem ver o plano divino estudando por si a Bíblia, como vemos, também, que se alguém puser de lado 'Studies in the Scripture' (Estudo das Escrituras, livro do profeta falso Charles Taze Russel) mesmo depois que os tiver usado, depois que os tiver lido durante dez anos -- e os ignora e vai para a Bíblia sozinho, ainda que ele tenha entendido sua Bíblia durante dez anos, nossa experiência mostra que ele vai para as trevas. Por outro lado, se ele tivesse apenas lido 'Studies in the Scripture' com suas referências e não tivesse lido uma página da Bíblia como tal, ele estaria na luz no fim de dois anos, porque ele teria a luz das Escrituras." (Watchtower, 15 de setembro de 1910)

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Uma reportagem sobre a igreja emergente


Neste último domingo a Revista da Folha publicou uma reportagem sobre o movimento emergente, ou aquilo que eles chamaram de a fé sob medida. Após ler sobre a atuação do movimento emergente no Brasil (a bem da verdade, estou mais por dentro do movimento americano do que do brasileiro) pude chegar definitivamente a conclusão sobre qual é o meu verdadeiro problema com a igreja emergente.
Mas antes de falar sobre o que me incomoda no movimento emergente, devo fazer um reconhecimento. Eles perceberam que existe um problema nas denominações tradicionais, um preconceito contra pessoas que se vestem de forma diferentes, com tatuagens e piercings, cabelos longos e gosto por rock. Ou preconceito contra aqueles que tiveram uma vida mais pecaminosa do que outros, como se isso fosse de alguma forma possível, pois em uma competição, tenho certeza que todos ganharíamos como o maior dos pecadores. Verdade seja dita, reconheceram que existe esse problema.
Meu problema com os emergentes não está em reconhecer esse problema, mas na resposta que estão dando a ele. A resposta está saindo mil vezes pior do que o problema. A cura está matando mais do que a doença.
Entre várias coisas que a reportagem diz sobre os emergentes, uma me parece bastante enganada. Diz que a igreja emergente “é cristocêntrica, ou seja, os fiéis seguem o exemplo de Jesus”. Mas isso não é verdade. A grande característica desse movimento é ser antropocêntrica, o foco está no homem e na sua cultura. Para os emergentes, cada um deve continuar dentro do seu universo cultural e quem deve se adaptar é Jesus e o cristianismo. O imutável é a cultura, o mutável é Cristo. Portanto, não pode ser cristocêntrica. Cristo vai sendo moldado ao gosto da cultura para que Ele venha a ser aceitável. Acreditam que se Jesus usar óculos escuro e tiver tatuagem as pessoas vão gostar mais dele. Ou seja, a cultura define quem Jesus é e a Ele, Deus criador que sustenta o universo pela palavra do seu poder, cabe o simples papel de se adaptar. Chegam ao cúmulo de chamar Jesus por um nome que ninguém chama a mãe de outro sem arrumar briga. Um palavrão como adjetivo do Deus que morreu por nós. Tudo para mostrar como somos relevantes.
Será esse o plano divino de redenção para a humanidade? Me moldem conforme a sua cultura? Não deveria ser o contrário? Nós deveríamos moldar a cultura, não ela ao nosso Deus.
Tanto é assim que o momento de adoração nada tem a ver com Deus em si, mas sim em satisfazer o gosto pessoal daqueles que estão ali reunidos. O importante é você se sentir parte. São seus sentimentos. Sua expressão. Você, você, você. Eu, eu, eu. Se isso não for antropocentrismo, nada mais é. Eu não tenho nada contra qualquer estilo de música na adoração, seja rock, sejam hinos. Portanto, pouco me importa se a música me agrada. O que importa é se Deus está sendo louvado por aquilo que ele é, não por aquilo que nós queremos que ele seja, não pela minha cultura.
Um grande lema desse movimento é que “Jesus ama a todos”, “Jesus ama os atores pornôs”, e assim vai. Assim afirmam porque querem ser inclusivos de não deixar ninguém de fora. Bom, o que está de errado aqui, não é verdade que Jesus ama a todos? Sim, é verdade, Jesus ama a todos. Ele também ama assassinos, ladrões, blasfemos, pedófilos, terroristas, nazistas. Jesus ama a todos. Só que todos esses que não se arrependeram de seus pecados já estão condenados. A ira de Deus já está sobre eles. Devemos alertá-los disso para que possam correr para os braços do Salvador. O amor de Cristo por elas só fará sentido quando entenderem que seus pecados já as condenaram. E na reportagem e nos texto que tenho lido do movimento emergente, isso nunca é citado. Só o amor, o amor, o amor. Quantas vezes Deus disse na Bíblia que era amor? E quantas disse que era santo? Não só santo, dizia que era “santo, santo, santo”.
Um outro aspecto interessante é que dizem ser inclusivos, não querem deixar ninguém de fora. Com orgulho usam uma camiseta dizendo “Jesus ama os atores pornôs”, mas tenho certeza que nenhum deles usaria uma camiseta escrita “Jesus ama Adolf Hitler”, “Jesus ama os pedófilos”. Poderiam até fazer uma igreja para os pedófilos ou talvez para os assassinos ou para os estupradores. Vão achar muitos desses nos presídios. Mas não é tão legal quando ir atrás da pornografia, pois no final das contas ela é tolerada. Você pode ser cristão e pornógrafo. Que o diga a Gretchen!
Um dos grupos dentro do movimento vai lançar uma Bíblia com capa como se fosse de um caderno e a bandeira do movimento GLS, com Jesus de óculos escuro e tatuagem. Deus declara que homossexualismo é pecado e eles vão colocar o simbolo desse pecado na capa das Escrituras Sagradas. A cultura acima das Escrituras. Será que eles colocariam a suástica na capa de uma Bíblia se fossem evangelizar nazistas? Será que devemos decorar nossas Bíblias com aquilo que Deus detesta, ou seja, pecado, tudo em nome de sermos legais? Esse é o pensamento de crianças brincando de fazer igreja.
Brian McLaren, o papa do movimento emergente, declarou em uma entrevista que não gostou do filme “A Paixão de Cristo”. Ele prefere “Hotel Ruanda”. É fácil perceber o porque. O filme de Mel Gibson tem o foco no sacrifício máximo de Cristo por nós, ou seja, é cristocêntrico, enquanto o outro filme foca o homem e seus enormes conflitos, ou seja é antropocêntrico.
Como foi dito acima, a cura está saindo muito pior do que a doença. E enquanto muitos brincam de médicos, pessoas estão morrendo. Estamos lidando com eternidade aqui. Um pouquinho de respeito e muita Bíblia fariam bem.
Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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