Fazendo sentido da Ressurreição por Luke Nix
(Áudio em MP3 aqui em breve)
Cada pessoa tem uma visão de mundo. A cosmovisão de uma pessoa é constituída por uma teia de crenças, cada uma com sua própria sub-teia de evidências que a suportam. A verdade de uma visão de mundo pode pode ser julgada pelo modo como ela reflete de perto a realidade como a conhecemos. As evidências para cada crença devem ser testadas. Eu acredito que a cosmovisão cristã é a que mais exatamente reflete a realidade. Vou me concentrar em prover evidências para uma das crenças fundamentais do Cristianismo - que Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos e que a cosmovisão cristã é a única que pode dar sentido a um evento histórico de tal tipo.
Primeiro, o fato de que Jesus ressuscitou precisa ser estabelecido para ser um evento que realmente aconteceu. Antes que a ressurreição de alguém dentre os mortos possa ser confirmada, duas coisas devem ser demonstradas: 1. Que, de fato, a pessoa morreu, e 2. Que ele foi visto vivo após a morte.
Várias linhas de evidências suportam o fato de que Jesus Cristo morreu. Primeiro, um grande número de fontes, ambas cristãs e não cristãs registram o evento.1 Em segundo lugar, os estudos médicos sobre o processo de crucificação mostram que a morte ocorreu por asfixia. Em terceiro lugar, fontes antigas registraram o "golpe final" em Jesus que garantiu a sua morte. Em quarto lugar, os discípulos de Jesus ficaram surpresos ao vê-lo vivo, porque eles sabiam que ele tinha morrido. Um grande número de historiadores que escreveram sobre o tema da ressurreição de Jesus concorda que estas peças de evidência apontam para o fato de que Jesus morreu antes de seus discípulos afirmarem ter visto Jesus em um estado "ressuscitado".2
Em segundo lugar, o fato de que os discípulos viram Jesus depois que souberam que ele morreu precisa ser estabelecido. Diversas linhas de evidência comprovam este fato. Primeiro, os discípulos acreditaram que tiveram uma experiência com o Jesus ressuscitado. Em segundo lugar, os discípulos passaram de covardes (abandonaram Jesus pouco antes de sua crucificação) a estarem disposto a morrer por sua crença. Em terceiro lugar, os apóstolos proclamaram a ressurreição muito cedo na história da Igreja (o credo em 1 Coríntios 15:3 tem uma história que pode ser atribuída para apenas alguns anos após a morte de Jesus). Em quarto lugar, Tiago, o irmão de Jesus era cético das reivindicações de seu irmão, até que ele teve uma experiência pós-morte com Jesus. Em quinto lugar, Saulo de Tarso (Paulo) era um judeu instruído perseguidor de cristãos, até que ele teve o que ele acreditava ser uma experiência com Jesus. As evidências apresentadas aqui para as aparições de Jesus são aceitas pela maioria dos críticos estudiosos que escreveram sobre o assunto.3
Vendo que as evidências para a morte e as aparições no final das contas são tão forte, resta-nos concluir que algo realmente aconteceu. Mas podemos dizer que esse algo foi uma "ressurreição", e se assim for, podemos dizer que Deus é o responsável? Muitas teorias têm sido propostas para explicar as evidências de uma forma que não permita uma ressurreição. Um exemplo disso é a que diz que o que discípulos experimentaram foi de natureza psicológica, e não tinha base para refletir uma ocorrência real. Isto tem sido contestado pela pesquisas psicológicas modernas, mostrando (entre outras coisas) que as visões não podem ser compartilhadas entre pessoas.4
Outra dessas teorias é a chamada de teoria do "desmaio". Esta teoria postula basicamente que Jesus não morreu realmente, e as condições no túmulo eram tais que ele poderia recuperar a consciência.5 Essa teoria é inadequada por muitas razões.6 Uma delas tem a ver com as condições físicas que se esperaria de Jesus se tal coisa realmente acontecesse. Se Jesus apareceu aos seus discípulos em um estado pós-crucificação (sangue, desfigurado, e fraco), e depois fez a afirmação de que era o "Senhor Ressuscitado", os discípulos teriam, no mínimo, se preocupado mais em atender as suas necessidades, e, no máximo, apenas disser para ele "ir embora", plenamente convencidos de que seu amigo realmente era apenas um messias fraudulentas.
As explicações naturalistas para as evidências, como as apresentadas aqui, não são suficientes para explicar todas as evidências apresentadas e ainda permanecer consistente.4 Além disso, uma vez que, naturalisticamente, as coisas que morrem não voltam à vida, temos de aceitar o fato de que Jesus foi trazido de volta à vida (ressurreição).7 Mas não podemos dar um salto aqui e dizer que foi Deus que o fez. Antes mesmo que isso possa ser uma possibilidade, devemos estabeler que Deus existe ou tem a possibilidade de existir.
Muitos argumentos foram levantados para apoiar a existência de Deus. Exemplos são o argumento cosmológico de Kalam, o argumento teleológico, o argumento moral, o argumento ontológico, e vários outros. Uma explicação e defesa de cada um desses argumentos está além do escopo deste ensaio, mas existem muitas fontes para pesquisa on-line. Nenhum desses argumentos estabelece uma prova da existência de Deus em si mesmo, no entanto, se tomados como um caso cumulativo, a existência de Deus é a única possibilidade que pode dar conta de todas as provas (no sentido filosófico, científico e vivencial) que os argumentos fornecem. Uma vez que é no mínimo possível que Deus exista, então existe a possibilidade de que Deus é a causa da ressurreição de Jesus,8 que é a causa para as aparições aos discípulos, e que é (metade) da causa da transformação deles.9 A idéia de que Deus existe faz todo o sentido para as evidências apresentadas; uma explicação não-teísta não pode fazê-lo.
Jesus disse que sua ressurreição seria prova da verdade de sua afirmações.10 Já que uma explicação sobrenaturalística forçaria uma conclusão de aprovação dos ensinamentos de Cristo, qualquer religião que negue as afirmações de Cristo (ele é Deus e ele é o caminho exclusivo para a salvação) terá que explicar as evidências para a ressurreição com uma explicação naturalista. Como isso não é possível, temos que aceitar a visão de mundo que explica de uma forma consistente com todas as evidências. Essa é a cosmovisão cristã.
Esta pequena investigação da ressurreição é, de nenhuma forma, completa. É parte de um processo cumulativo para a verdade do cristianismo e falsidade de outras cosmovisões. Ela fornece ferramentas poderosas para começar a peneirar as escolhas disponíveis.
Para obter mais informações sobre este tópico, veja Gary Habermas, William Lane Craig, Michael Licona, e Ben Witherington (todos esses sites em inglês).
1. Habermas, Gary R. The Historical Jesus: Ancient Evidence for The Life of Christ (O Jesus Histórico: Evidências antigas para a vida de Cristo) (Joplin, MO: College Publishing Company Press), pp 143-242
2. Habermas, Gary R. The Risen Jesus & Future Hope (O Jesus ressuscitado e a esperança futura) (New York: Rowman & Littlefield Publishers Inc. 2003), p. 16
3. Ibid., P. 27
4. Ibid., Pp 10-15
5. Habermas, Gary R. Gary R. The Historical Jesus: Ancient Evidence for The Life of Christ (O Jesus Histórico: Evidências antigas para a vida de Cristo) (Joplin, MO: College Publishing Company Press), pp 69-72
6. Ibid, p. 72-75
7. Habermas, Gary R. The Risen Jesus & Future Hope (O Jesus ressuscitado e a esperança futura) (New York: Rowman & Littlefield Publishers Inc. 2003), pp 67-69
8. Ibid., Pp 78-80
9. Ibid., Pp 17-26
10. Ibid., P 108
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