domingo, fevereiro 06, 2011

Como saber que coisas imateriais existem?


Você pode provar religião, ética, ou objetos morais? Aprenda a evitar uma visão materialística do universo.


Se você é cristão e diz, “sim, eu acredito que existe um céu e um Deus, e que existem almas e espíritos e certo e errado, mas eu não sei como. Eu só tenho fé e espero estar certo”. Ou se você ouve outros dizendo coisas do tipo “você não pode provar religião, objetos morais, etc”, esse tipo de afirmação presume uma visão materialística do universo.

Eu tive uma conversa com um casal cristão que estava sendo desafiado nesse tipo de coisas por seus parentes não cristãos que estavam dizendo “nós sabemos as coisas pela ciência, mas em relação a todas as outras coisas, é tudo fantasia”.

Para ajudar a responder tais objeções, eu os acompanhei por um exercício reflexivo que eu colhi pela influência de J.P. Moreland. Eu tinha uma caneta, eu a coloquei sobre a mesa e perguntei pra eles “tem uma caneta sobre a mesa?”



E eles responderam “sim, tem.”

Eu disse “você está racionalmente confidente que essa sua afirmação é verdade?

“Sim.”

“Como você sabe disso?”

“Eu sei porque eu posso ver que está lá.”

E outras palavras, você está confiando nas faculdades de seus sentidos. Você não tem motivo algum para acreditar que seus sentidos estão enganando você, então você conclui que existe esse objeto que estou me referindo que está colocado nesse outro objeto que eu também estou me referindo – uma caneta em cima da mesa.

Não existe nada misterioso sobre isso, e eu não sou cético em relação a isso. “Eu aceito isso”, eu disse. Novamente “agora, eu tenho outra pergunta. Você sabe o que você está pensando agora?”

Eles disseram “sim.”

Eu disse “como você sabe no que você está pensando?”

Nós estamos fazendo de conta um pouco e ele tomou o lado do seu cunhado, o cético que o havia desafiado. Ele começou a descrever química cerebral e uma explicação para como ele conhecia seus próprios pensamentos.

Eu disse, “espere, espere um pouco. Não é disse que eu estou falando. Não estou falando sobre a sua química cerebral; eu estou falando sobre os seus pensamentos.”

“Bem, os pensamentos são esses impulsos elétricos que estão correndo pelo meu sistema neurológico...”

“Espere um minuto,” eu disse. “Eu quero que você pense sobre o que você acabou de dizer. Você me disse que sabia o que você estava pensando.”

“Sim.”

“Quando você olha, como no caso, para o conteúdo de sua mente de forma que você sabe o que é que você está pensando, a coisa que você está percebendo é o neurônio, tecido cerebral ou impulsos elétricos? Não. O que você está percebendo são os seus pensamentos. Talvez existam impulsos elétricos enquanto você está pensando e pode ser que eles estejam sempre acompanhando os seus pensamentos, mas não é por causa disso que você sabe dos seus pensamentos. Você pode simplesmente dizer ao refletir, sobre os seus próprios pensamentos que você não está olhando para algo com propriedades químicas?” Pensamento tem qualidades proposicionais. Eles não são governados pelas leis da física, no entanto sua química cerebral é. Eles devem ser coisas diferentes.

Na verdade, eu não estou tentando argumentar nesse ponto sobre o dualismo mente/corpo, que o seu cérebro é diferente da sua mente, apesar disso parecer óbvio pra mim, nessa pequena análise. Eu estou apenas perguntando como sabemos alguma coisa sobre nossos pensamentos. Como ele sabia seus próprios pensamentos?

As pessoas sabem o conteúdo de sua mente de tempos imemoriáveis sem saber nada sobre o cérebro. A maneira pela qual sabemos o conteúdo de nossas mentes não é quando alguém nos fala a respeito, através de um cientista que faz medições, por usar qualquer um dos nossos cinco sentidos para percebê-lo; ao contrário, nós temos acesso direito, desimpedido aos nossos pensamentos. Estamos diretamente conscientes. Simplesmente pela introspectiva, nós sabemos.

Existe uma faculdade que estamos usando para saber algo importante – ou seja, o conteúdo de nossas mentes – e eu não estou dizendo que estamos sempre conscientes de tudo o que está em nossa mente. Não estamos.

Eu tive sonho na noite passada. Eu assistia ao sonho acontecendo. Eu era o espectador, mas quem estavam roteirizando o sonho? Eu estava roteirizando, mas eu não sei como eu fiz isso. Pela minha percepção consciente, eu era o espectador.

Existem muitas coisas em nossas mentes que nós não sabemos. Ainda assim, ao mesmo tempo, quando estamos mantendo algo em particular em nossas mentes nós sabemos disso diretamente, e nós sabemos disso sem a possibilidade de estarmos errados.

Eu continuei a discussão com uma série de questões. “Agora, você acha que poderia estar errado sobre os pensamentos que você acha que está tendo agora?”

E tanto o marido e a esposa que estavam falando comigo refletiram e então disseram não. Eles estavam certos. Não se pode estar errado. Eles poderiam, por exemplo, estar errados sobre a caneta sobre a mesa, que era a discussão anterior? E a resposta que eles deram foi sim, eles poderiam. Em outras palavras, não parecia provável que estavam. Não existem boas razões para ser cético, mas era possível que eles estivessem errados. No entanto, não é possível – o que parece óbvio apenas pela reflexão – estarmos errados sobre o conteúdo de nossas mentes.

É assim que tudo se desenrola. Eu fiz perguntas sobre coisas de dois tipos de categorias – coisas materiais e imateriais. Nós concluímos que sabemos coisas de ambas as áreas: o físico que nós conhecemos pelos nossos sentidos (e essa seria a forma como a ciência nos diz as coisas) e as coisas imateriais que nós conhecemos baseado na reflexão.

Nós também percebemos que podemos estar errados em relação a uma coisa mas não é possível estarmos errados em relação à outra. Claramente, podemos estar errados em relação a virtualmente qualquer coisa que descobrimos em relação aos nossos sentidos, mesmo que não tenhamos boas razões para pensar assim. Portanto eu não sou um cético nesse sentido. Mas não é possível estarmos errados sobre o conteúdo de nossas mentes e outros tipos de objetos abstratos imateriais que temos consciência, como as leis da lógica, o raciocínio e a matemática, e um punhado de outras coisas.

Se esse é o caso, por que estamos dizendo coisas do tipo “podemos conhecer aquilo que a ciência nós diz, mas não podemos realmente conhecer coisas que não fazem parte do mundo físico”? Parece que nossa confiança é na verdade o oposto.

Se você permitir que isso se aprofunde em seu pensamento, então isso se torna uma linha de raciocínio frutífera, perguntando para saber quais outras coisas podemos conhecer com tanta confiança. Podemos empregar algumas dessas mesmas maneiras que sabemos sobre coisas imateriais com outros tópicos, como a existência de Deus ou alma ou moralidade? Eu acredito que a resposta é sim. Não existem boas razões para acharmos que não podemos ter conhecimento confidente sobre os fatos do mundo imaterial.

Se nós simplesmente, de princípio, afirmamos que não podemos conhecer essas coisas, então o que os cristãos estão fazendo é afirmar uma visão de mundo materialística que não somente é inconsistente com o cristianismo, mas também inconsistente com a nossa percepção básica de realidade, eu acredito.

Existem várias coisas que sabemos ter pouco a ver com mundo físico, mas ainda assim as conhecemos. Amizade. Amor. Lealdade. Bondade. Virtudes morais, vícios morais. Nenhuma dessas coisas são idênticas com comportamentos ou química cerebral. O comportamento pode sinalizar que a virtude ou o vício estão presentes. Você vê comportamentos de pessoas ao seu redor que lhe permitem concluir que eles são seus amigos, mas amizade é algo imaterial. Existem muitas coisas assim.

Eu quero balançar um pouco o seu mundo epistemologicamente, em termos das coisas que sabemos, para ajudá-lo a ver que a idéia de rejeição da certeza das coisas espirituais não é bem fundamentada.

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Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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