domingo, setembro 27, 2009

Alimentando ovelhas ou entretendo cabras?


Charles Spurgeon (editado)

Um mal está no campo dos "professos" do Senhor, tão grosseiro em seu descaramento, que o cristão mais míope dificilmente deixaria de notá-lo. Durante os últimos anos, este mal tem se desenvolvido a um ritmo alarmante. Ele tem agido como fermento até que toda a massa fermente!

O demônio raramente fez uma coisa mais inteligente, quanto sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para o povo, a fim de ganhá-lo. De proclamar o evangelho, a Igreja gradualmente baixou o tom do seu testemunho e também tolerou e desculpou as frivolidades da época. Depois, ela as tolerou em suas fronteiras. Agora as adotou sob o argumento de atingir as massas!

Meu primeiro argumento é que prover entretenimento para o povo não é descrito em parte nenhuma das Escrituras como uma função da Igreja. Se é um trabalho cristão porque Cristo não falou dele? "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura, e proporcionem divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho".

Nenhuma destas palavras, no entanto, podem ser encontradas. Não parecem ocorrer a Ele. Onde entram os animadores? O Espírito Santo é omisso em relação aos mesmos. Foram os profetas perseguidos porque divertiram o povo ou porque eles os enfrentaram? “Concertos” não possuem uma lista de mártires.

Novamente, prover entretenimento está em direto antagonismo ao ensino e à vida de Cristo e todos os Seus apóstolos. Qual foi a atitude da Igreja apostólica ao mundo? “Vós sois o sal do mundo”, não o doce açúcar; mas algo que o mundo irá cuspir e não engolir.

Se Jesus tivesse introduzido mais elementos brilhantes e agradáveis em seus ensinamentos, ele teria sido mais popular. Quando “muitos dos seus discípulos voltaram atrás e já não seguiam” eu não o ouço dizer: “Corra atrás destas pessoas, Pedro, e diga-lhes que teremos um estilo diferente de culto amanhã; algo curto e atraente, com pouca pregação. Teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que não se esqueçam de se divertir! Seja rápido, Pedro, nós devemos ganhar estas pessoas de alguma forma"!

Não! Jesus se compadeceu dos pecadores, suspirou e chorou por eles, mas nunca procurou entretê-los!

Em vão as epístolas podem ser vasculhadas para se encontrar qualquer vestígio do “evangelho de entretenimento”. Sua mensagem é: “Portanto, saía do meio deles e apartai-vos deles ... Não toque em suas coisas imundas ...” Algo que se aproxime de diversões é notável por sua ausência. Eles tinham ilimitada confiança no evangelho e não empregavam outra arma.

Depois que Pedro e João foram presos por pregar o evangelho, a Igreja teve uma reunião de oração, mas eles não oraram: “Senhor, concedei aos vossos servos que através de um uso inteligente e perspicaz de uma inocente recreação possamos mostrar a estas pessoas quão felizes nós somos”.

Não! Eles não deixaram de pregar Cristo. Eles não tinham tempo para arranjar entretenimentos. Dispersos pela perseguição iam pregando o evangelho. Eles viraram o mundo de cabeça para baixo, essa é a única diferença da igreja de hoje.

Por último, entretenimento falha em realizar os fins desejados. Permita que os oprimidos que encontraram paz através de um concerto musical não se silenciem! Deixe que o bêbado, para quem o entretenimento dramático foi o caminho de sua conversão, se levante! Não há ninguém para responder! A missão do entretenimento não produz convertidos!

A necessidade desta hora para o ministério de hoje é a espiritualidade séria juntamente a uma doutrina bíblica, de tal forma entendida e sentida, que acenda os homens em fogo.

Senhor, limpe a igreja de toda a podridão e lixo que o diabo impôs sobre ela, e traga-nos de volta aos métodos apostólicos!

Tradução: Pés Descalços

2 comentários:

Meire Fernandes disse...

Olá!
Texto interessante!
Contudo tenho reais dúvidas sobre algumas coisas....entre elas é a infantilização que é frequentemente propagada aos cristãos. Explico: penso que, quando se atribui uma podridão, uma sujeira ou coisa que o valha, a obras/autoria do demônio, percebo que há UMA INFANTILIZAÇÃO dos cristãos! Será que ainda não há discernimento ou um filtro maior para assumirmos algumas responsabilidades?
O livre arbítrio entra onde?
Não sei...preciso pensar melhor sobre isso!
A igreja está podre mesmo, mas porque se distanciou do propósito maior: "amar o próximo como a ti mesmo" independentemente de crença e religião.
Segundo Paulo Freire, quem denuncia, anuncia.



“Não há possibilidade de pensarmos o amanhã, mais próximo ou mais remoto, sem que nos achemos em processo permanente de “emersão” do hoje, “molhados” do tempo que vivemos, tocados por seus desafios, instigados por seus problemas, inseguros ante a insensatez que anuncia desastres, tomados de justa raiva em face das injustiças profundas que expressam, em níveis que causam assombro, a capacidade humana de transgressão da ética. Ou também alentados por testemunhos de gratuita amorosidade à vida, que fortalecem, em nós, a necessária, mas às vezes combalida esperança.(...) Pensar o amanhã é assim fazer profecia, mas o profeta não é um velho de barbas brancas longa e brancas, de olhos abertos e vivos, de cajado na mão, pouco preocupado com suas vestes, discursando palavras alucinadas. Pelo contrário, o profeta é o que, fundado no que vive, no que vê, no que escuta, no que percebe, no que intelige, a raiz do exercício de sua curiosidade epistemológica, atento aos sinais que procura compreender, apoiado na leitura do mundo e das palavras, antigas e novas, à base de quanto e de como se expõe, tornando-se assim cada vez mais uma presença no mundo à altura de seu tempo, fala quase adivinhando, na verdade, intuindo, do que pode ocorrer nesta ou naquela dimensão da experiência histórico-social.(...) Para mim, ao repensar nos dados concretos da realidade, sendo vivida, o pensamento profético, que é também utópico, implica a denuncia de como estamos vivendo e o anuncio de como poderíamos viver. É um pensamento esperançoso, por isso mesmo. É neste sentido que, como o entendo, o pensamento profético não apenas fala do que pode vir, mas, falando de como está sendo a realidade, denunciando-a, anuncia um mundo melhor. Para mim, uma das bonitezas do anúncio profético está em que não anuncia o que virá necessariamente, mas o que pode vir, ou não. O seu não é um anuncio fatalista ou determinista. Na real profecia, o futuro não é inexorável, é problemático. Há diferentes possibilidades de futuro. Reinsisto em não ser possível anuncio sem denuncia e ambos sem o ensaio de uma certa posição em face do que está ou vem sendo o ser humano.(...)
Virou um fato bizarro “trabalhar para os pobres” na igreja, mesmo porque não é evangelicamente correto apresentar-se como pobre na igreja. O individualismo distanciou a igreja da Igreja. A fonte da dignidade humana não é Deus, mas um ídolo: o dinheiro elevado à condição de fim último, absoluto, Mamom .



Segundo Jung Mo Sung, “o pobre na nossa sociedade idolátrica é considerado, portanto uma pessoa sem valor, indigna, incompetente. Alguém que não tem valor e dignidade também não tem direitos. Dentro dessa compreensão, não faz sentido dizer que os pobres são ‘preferidos’ de Deus e que a igreja deve fazer a opção por eles, porque no fundo as pessoas acreditam em outro deus, que não é o Deus de Jesus.”

São abstrações minhas....
Obrigada,
Meire

Maurilo e Vivian disse...

Olá Meire. Obrigado pela sua visita ao nosso site.
Ficamos felizes com seu comentário, mas devo dizer que seu texto nos causou confusão, pois ele em nada alude ao assunto em pauta, a função de “entretenimento da igreja”. Mas seja como for, acho que algumas respostas podem ser dadas aos seu comentário.
Você levantou quatro questões principais aqui.
Infantilização dos cristãos.
Livre arbítrio.
O papel do profeta segundo Paulo Freire.
A igreja e o pobre.

Sobre o primeira questão:
Realmente os cristãos não estão amadurecendo. Eles ainda agem como crianças. Mas esse é um problema antigo, Paulo já reclamava disso (1 Cor 3:1-3). E talvez parte desse processo de infantilização se deva a não assumirmos responsabilidades. Existe sim ação demoníaca, como o é relatado nas Escrituras (Lucas 11:14 por exemplo), mas isso em nada diminui a responsabilidade do cristão. Ele é responsável sim pelos seus atos.
Não vejo antagonismo na ação de demônios e livre arbítrio, assim como não vejo antagonismo entre a soberania de Deus e o livre arbítrio. Somos livres para escolher dentro de nossa natureza. O homem sem Deus é pecaminoso por natureza e vai sempre escolher pelo pecado, pois essa é a sua natureza (Salmo 53:3, Romanos 3:23). Mas quando ele é feito nova criatura em Cristo (2 Cor 5:17), pela ação do Espírito Santo (Tito 3:5), ele recebe uma nova natureza e aí sim ele é livre para escolher conforme sua nova natureza (Romanos 6:6).
Mas dentre tudo isso, o propósito maior da igreja não é “amar ao próximo”, mas sim glorificar a Deus (1 Cor 10:31), o que é no final das contas o propósito de todo cristão. Mas é preciso reforçar que isso somente é possível através de Cristo (João 3:18 e 14:6). Nós amamos sim todos de qualquer crença e religião, mas infelizmente eles jamais poderão cumprir aquilo que é requerido do homem por Deus, que é glorificá-lo, a não ser pela obra de Cristo. E é esse a quem devemos pregar.
Eu realmente não entendi bem a definição de Paulo Freire sobre profeta, mas pelo que eu li do texto ele se preocupa mais com o educador e usa a palavra profeta como um eufemismo. Particularmente, prefiro a definição bíblica de um profeta, até porque essa do Paulo Freire falha a um exame bíblico.
Veja por exemplo a seguinte frase “Para mim, uma das bonitezas do anúncio profético está em que não anuncia o que virá necessariamente, mas o que pode vir, ou não”. Isso por acaso condiz com as Escrituras que dizem “Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás” Deuteronômio 18:22? O profeta quando fala da mensagem de Deus anuncia aquilo que com certeza vai acontecer. Não existe dúvida, somente certeza. “Samuel crescia, e o Senhor era com ele e não deixou nenhuma de todas as suas palavras cair em terra” 1 Samuel 3:19. Também existe a proclamação da palavra de Deus, como aconteceu com Jeremias, Moisés e outros profetas que pregavam para que o povo se arrependesse, assim como Pedro e Paulo pregaram, agindo como profetas (Atos 2:38; 17:30). Seja como for, temos exemplos melhores nas Escrituras do que nos textos de Paulo Freire. Pelo menos sobre o papel do profeta.
Eu não sei o que quer dizer trabalhar pelos pobres. A igreja ajuda os pobres que se achegarem a ela, dentro do corpo e alguns dos de fora, mas não é papel da igreja acabar com a pobreza do mundo. Jesus disse “Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15) e não “Ide por todo o mundo, e alimentai a toda criatura”. Portanto, a igreja não trabalha para o pobre, mas mas pela glória de Deus. Ela busca a implantação do Reino aqui na terra da mesma forma que Jesus e os apóstolos, pela pregação da Palavra.
Esse é um grande erro de percepção dos teólogos da libertação, como Jung Mo Sung.
Até a próxima.

Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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