terça-feira, março 25, 2014

Sobre o batismo infantil e a apostasia geral da igreja


O Facebook já rendeu bons posts aqui. Via de regra compartilho algo que acho interessante.
A conversa que se segue aconteceu agora a pouco na página de um amigo. Troquei os nomes apenas porque achei irrelevante para a discussão.
Mas aqui eu expressei porque não acho que o batismo de bebês seja bíblico e esse foi o principal motivo pelo qual não me tornei presbiteriano.
Sem mais delongas, segue a conversa, com um pequeno bônus no final sobre a famosa acusação que todas as igrejas são apóstatas.

Amigo – Não sabia que a Igreja Evangélica Presbiteriana batizava bebês. Confesso que fiquei aturdido, mas, como sempre, prefiro pesquisar antes de fechar minha opinião. A cada dia me surpreendo mais com o mundo evangélico (Entenda bem: EVANGÉLICO, e não GOSPEL. Esse último já tem coisas absurdas demais...).

Maurilo Borges – Voce teve pouco contato com eles então. Sabe que são em sua maioria calvinista né? Eu só não fui parar na Igreja Presbiteriana por causa do batismo de bebês. Eu ia me sentir desconfortável.

Amigo – Pois é, Maurilo... Ainda tenho muito o que aprender dessa multiplicidade de doutrinas e entendimentos no seio da igreja de Cristo. Isso me deixa desconfortável também.

Outros comentários

Vivian Borges – Não vejo base bíblica para batismo de bebês...

Amigo – Pois o argumento da referida igreja é justamente O SILÊNCIO das Escrituras sobre o assunto. 
Maurilo é melhor de retórica que eu, saberá explicar com mais propriedade. Qual o nome que se dá ao argumento usado sobre a base de que, como algo não foi falado, não tem uma base formal estabelecida de maneira positiva/negativa, legitima-se que seja correto, ético, aceitável? Exemplo: a Bíblia não fala sobre o fumo, não o proíbe explicitamente; portanto, nada de errado haveria em fumar. Analogamente, a Bíblia não proíbe que se batizem bebês; portanto, nada impede que isso seja feito.

Vivian Borges – No caso, acreditamos que não seja isso, acreditamos que o batismo deve ser uma decisão consciente da pessoa, qdo ela entende o evangelho e compreende que se ela já creu em Jesus deve se batizar, obedecendo essa ordenança. No caso, os bebês ainda não tem consciência disso.

Amiga do Amigo – Amigo, sou presbiteriana (não estou frequentando a igreja) e meus dois filhos foram batizados quando bebês porque a nossa doutrina entende que eles fazem parte do pacto da nova aliança e que os pais estão estendendo essa graça a seus herdeiros. Há também quem entenda que o batismo seria como um substituto do que antes era a simbologia da circuncisão no Velho Testamento.

Amiga do Amigo – Está rolando uma discussão sobre esse assunto nessa página. Interessante ver as opiniões a favor e contra.

Amigo – Pois, sim, Amiga. Estou lendo e pesquisando, mas ainda com a pulga atrás da orelha. Parece muito com justificativas para manutenção de uma doutrina histórica, já arraigada e característica dos fundadores do movimento, algo muito parecido com o local de onde saí e participei por anos (As Tjs). Mas vou pesquisar mais. Estou tentando não atribuir juízo de valor e estudar os argumentos da denominação de maneira imparcial.

Maurilo Borges – O nome formal da falácia do silêncio é argumentum ex silentio. Nem sempre a falta de citação de um assunto em si é uma falácia. Por exemplo, no meu trabalho existe uma lista de websites que não podemos visitar. Em teoria, todos os outros estão liberados. Só que aí também podemos ampliar o não uso dos sites por analogia. Por exemplo, o site da Playboy é proibido. Então eu posso assumir que todos os outros sites pornográficos estão proibidos. Realmente a Bíblia não proíbe o batismo de infantes. Mas eu não acredito que essa era uma preocupação dos apóstolos, já que o padrão que vemos nas Escrituras é crer primeiro e depois ser batizado. Os que são à favor do batismo infantil não se fundamentam apenas no silêncio bíblico, mas também na descrição do batismo do carcereiro em Atos 16:33 onde ele e todos da sua casa foram batizados (provavelmente a casa possuía crianças) e que o batismo é para a igreja aquilo que a circuncisão era para Israel. Nenhum destes argumentos me parece convincente pelas seguintes razões:
- Já falei sobre o primeiro. Não acho que o batismo infantil estivesse na mente dos apóstolos porque isso é algo que começou um tempo depois dos apóstolos. Com o padrão que vemos de primeiro crer e depois ser batizados, ninguém pensaria em batizar bebês;
- Atos 16:33 cita que todos os da casa foram batizados. Precisamos inferir que existiam bebês para usar como fundamento para batismo infantil. Não temos como saber. É possível que não existisse nenhum bebê, já que nem toda caça tem criança tão pequena. Aqui, mais do que argumentum ex silention, temos também o argumentum ad ignorantiam, que é quando fundamentamos o argumento em algo que não pode ser provado falso nem verdadeiro;
- A circuncisão inseria o judeu na aliança abraâmica. No caso do cristianismo, o que nos insere na Nova Aliança é o novo nascimento, não o batismo. O batismo é uma ordenança do Senhor que representa no mundo físico algo que já aconteceu no mundo espiritual. Além disso, a circuncisão era apenas para homens, enquanto o batismo é para todos os que nasceram de novo.
Dito isso, eu não acho que aqueles que batizam bebês são hereges. Eu acho que estão errados, só isso. Como eles acham que eu estou errado. Não vejo como válido o batismo de bebês e caso alguém se convertesse adulto que já tivesse sido batizado como criança, eu sugeriria para que essa pessoa fosse batizada pela primeira vez, já que na primeira, só tomou um banho. Mas como eu disse, os presbiterianos em geral são como meus irmãos em Cristo.

A conversa sobre batismo infantil termina aqui. Aí começa outra conversa sobre outro assunto: todas as igrejas são hereges. Ou seja, o bônus.

Amigo do Amigo – Não é defendendo, pq nenhuma religião merece defesa pelo mal que faz ao povo, mas eles dizem que é um tipo de "apresentação" da criança a Deus (como se Deus não soubesse que nascera outra criança) e um pedido para que a mesma seja guiada em seu caminho... Creio que quem peça isto a seu filho deveria ter feito antes pelo filho de outra pessoa... TEM GENTE QUE SÓ SABE PEDIR..

Maurilo Borges – Amigo do Amigo, se ter feito algum mal para o povo é motivo para desacreditar algo, então o ateísmo e a evolução darwiniana deveriam ser banidos da face da terra porque o primeiro é responsável por mais de 100 milhões de mortes apenas no século 20 e o segundo deu legitimidade para o desenvolvimento do primeiro. Se olharmos para a história da igreja, o que vamos ver é que o cristianismo é o maior responsável pelo desenvolvimento do mundo ocidental.
Direitos humanos, direito das mulheres, registro escrito de línguas, escolas, faculdades, museus, obras humanitárias, capitalismo, tudo isso floresceu sob as asas do cristianismo. Existiram sim muitos que usaram o cristianismo para o mal, mas o que pouca gente percebe é que esses agiram de forma contrária a aquilo que foi ensinada pelo fundador da nossa religião: Jesus Cristo. No caso do ateísmo, os grandes homicidas do século 20 agiram de acordo com o pensamento ateísta de que nenhum de nós irá prestar contas perante nosso criador (posso fazer o que quiser) e que a sobrevivência do mais forte é moralmente justificada, se é que tal coisa como moral existe objetivamente.
Só pra não deixar passar o seu comentário, pois achei injusto com as religiões como um todo e com o cristianismo em particular.

Amigo do Amigo – Cristianismo não é o que as igrejas pagãs e mercenárias falam e "praticam". Lamento que você tenha esta visão pequena (de que as religiões, inclusive o ateísmo - a pior de todas elas - favoreçam a evolução do espírito do ser humano)... Há cristãos de verdade, mas não vejo nenhuma igreja cristã... A maior prova disto está em suas palavras... A "igreja cristã" - como você acredita - favoreceu o surgimento do capitalismo, a mauior aberração para a alma. Lembre-se que o ladrão veio para matar, roubar e destruir, e é o dinheiro quem o faz na atualidade. Ser cristão é seguir o que rege a Bíblia Sagrada e seus ensinamentos, o que é bem deturpado pelas igrejas hipócritas e que ostentam vaidades (justamente, o que desviou Lúcifer do caminho de Deus e o transformou em Satanás).

Maurilo Borges – Você está errado de várias maneiras Amigo do Amigo. Primeiro, meu argumento é que se algo que causa mal para a humanidade deve ser excluído, então o ateísmo (que eu não chamei de religião, mas como algo que causou mal ao mundo) deveria ser banido. A igreja é formada pelo corpo místico de Cristo e se encontra em diferentes denominações. Se você acha que não existe igreja, então você acha que Cristo mentiu quando disse que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mateus 16:18). Existe realmente muitos por ai que realmente não ensinam o que está nas Escrituras, mas para afirmar o que você afirma te seria necessário onisciência para conhecer cada congregação ao redor do mundo. Não existe cristãos sem igreja meu amigo. Hebreus 10:25 nos diz para não abandonarmos a assembléia dos santos. Isso só poderia acontecer onde existe assembléia dos santos. Caso contrário o autor de Hebreus estaria falando uma tremenda bobagem. Portanto, não vamos confundir ódio contra alguma igreja como argumento para desqualifica-la. Até porque a igreja é muito defendida por todo o Novo Testamento.
Sobre o capitalismo, tua frase não fez o menor sentido. A citação de João 10:10 está falando sobre o diabo, não sobre dinheiro. 1 Timóteo 6:10 fala que o amor ao dinheiro é a raiz de todo tipo de mal, mas não que o dinheiro seja a raiz de todo mal. Além disso, Paulo várias vezes nos exorta a trabalharmos e sermos produtivos. O capitalismo tem sido responsável pelo enriquecimento das nações por todo o século 20, enquanto as nações socialistas foram cada vez mais empobrecendo, inclusive as nações ateístas que mataram milhões de seus próprios cidadães.
Mas eu concordo com você: ser cristão é seguir o que rege a Bíblia Sagrada. E é nela que encontramos a admoestação para que façamos parte da igreja universal (o corpo de Cristo) e da igreja local (congregação). Se você discorda disso, discorda de seu próprio discurso.

Amigo do Amigo – Na verdade, se você souber ler realmente o que está escrito, na Palavra diz que o LADRÃO veio para matar, roubar e destruir, não se fala em Diabo. E outra, não se fala sobre o inferno, pois isto foi uma criação de Dante Alighiere, muitos séculos depois. Além disto, não confunda igreja com templo. E outra, procure pagar seu dízimo da maneira que está escrito na Bíblia Sagrada e convença sua igreja e seu templo a fazê-lo também, então, poderá se falar sobre ser cristão. Ateísmo é sim uma religião, pois tem seus dogmas e seus praticantes tentam convencer as demais pessoas a aderirem, recomendo que entenda o que é religião para além do que se fala em sua igreja. Por fim, não vou transformar isto em briga, pois nem te conheço e não é o que MEU DEUS me ensina. Viva bem a sua vida e siga no caminho do VERDADEIRO E ÚNICO SENHOR.

Maurilo Borges – Amigo do Amigo, realmente, você está confuso. Eu até arriscaria dizer que você já foi testemunha de Jeová pelo o que você expressa aqui, mas isso seria muito da minha parte.
O texto todo de João 10 é bem claro sobre quem Jesus está falando. Leia todo o capítulo e você verá. E mesmo que João 10 não esteja falando sobre o Diabo, muito menos está falando sobre dinheiro. Não existe nada no texto que indique tal coisa.
O inferno e o dízimo não fazem parte da discussão, então não entendi porque você os trouxe pra cá. Em momento algum eu confundi templo com igreja. Eu não falei que alguém tem que frequentar um templo. Eu disse que o cristão verdadeiro fará parte de uma congregação local. Isso pode ser em uma casa, em um templo, na praça. Você aparentemente tem algum problema com isso, mas aí o seu problema não é comigo, é com o autor de Hebreus e com o apóstolo Paulo.
Eu acredito que o ateísmo é uma religião, já que é uma crença sobre Deus (ou sua inexistência), apenas disse que não chamei ateísmo de religião. Apenas disse que faz muito mal ao mundo.
Não acho que estamos brigando. Como você expressou sua opinião em um fórum público da qual eu estou fazendo parte eu me achei no direito de expressar minha opinião que você está errado e estou fundamentando meus argumentos, só isso. Poderíamos estar fazendo isso tomando um café juntos, não vejo porque tem que ser uma briga. Me conhecer ou não é irrelevante para a veracidade do que estamos debatendo.
Como de qualquer forma a coisa toda te incomodou, vou parar por aqui também. Mas eu acho que você mesmo matou a xarada quando diz: "e não é o que o MEU DEUS ensina". Eu acredito em você, acredito que essas coisas que expus acima não são as mesmas que você acredita, porque muito provavelmente esse seu deus é uma criação da sua mente, já que aparentemente ele ensina coisas contrárias a aquelas expostas nas Escrituras.

Vamos terminar por aqui então.

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Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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