quinta-feira, março 20, 2014

A Igreja Local



Meses sem escrever um post. A vida anda bem corrida. Bem corrida. Troca de emprego sempre ajuda, especialmente quando você começa a se dar bem no trabalho. Enfim, esse post não é para falar sobre trabalho. É para falar sobre a igreja local. Mais especificamente, sobre nossa busca por uma igreja local. E essa é uma história com final feliz.
Hoje eu estava ouvindo Wretched e o locutor mencionou um problema que o grande estudioso bíblico A. W. Pink sofreu: ele não frequentava nenhuma igreja. Na verdade, ele não estava ligado a nenhuma igreja. Seu “culto” de domingo era simplesmente responder aos seus leitores. Quando alguns de seus leitores iam visitá-lo, eram desencorajados porque raramente eram recebidos. O grande autor de livros sobre evangelismo, teologicamente bem fundamentados, quase nunca era visto pela população local. Apenas em um rápido passeio diário ele podia ser visto fora de casa.
Apesar da advertência bíblica que não deixemos de nos reunir com os santos (Hebreus 10.25), Pink racionalizava pra si mesmo: “a ovelha não é obrigada a participar de uma igreja que seja dirigida pelos bodes”. E assim seguiu sua vida.
Passamos por um problema parecido. Depois de anos fazendo parte de uma famosa igreja evangélica em São Paulo, percebemos que a igreja que frequentávamos estava já há muito tempo longe dos ensinos bíblicos. Ensinos esquisitos como transmissão de pecado por imposição de mãos, pregação focada em melhoria de vida e a visão do pastor sênior como medida de verdade, mesmo quando contrária à Bíblia, nos levaram a questionar se deveríamos continuar como membros. Poucos meses depois nos desligamos da igreja.
Entramos em um caminho perigoso. Num primeiro momento, achávamos que toda a igreja estava errada. Achávamos que o próprio conceito de igreja não atendia a necessidade do mundo moderno. Quando iniciamos esse blog, em 2006, esse ainda era o conceito de igreja que estava rondando nosso pensamento.
Mas pouco tempo depois que nos desligamos da outra igreja, enquanto ainda não procurávamos nenhuma outra (nenhuma delas valia a pena), pela graça de Deus literalmente tropeçamos em ensinos bíblicos mais sólidos. Fomos apresentados a profundas verdades das Escrituras. Começamos pelo evangelismo, depois pela apologética, vida cristã, até chegarmos à eclesiologia (doutrina da igreja). Passamos a entender o que uma igreja de verdade deveria ter. E chegamos a uma lista de três itens indispensáveis em uma igreja: pregação expositiva, disciplina eclesiástica e culto voltado para os santos.
Acho que aqui cabe uma rápida explicação dos porque dos três itens.

  • Pregação expositiva: desejamos aprender a Bíblia do começo ao fim. O pregador expositivo começa a pregação em um livro da Bíblia e vai até o fim. Cada versículo é pregado, toda a revelação de Deus é exposta perante a igreja. Estávamos cansados da pregação temática, na qual o preletor define um tema motivacional e depois tenta pescar algum versículo bíblico que fundamente o seu sermão. 
  • Disciplina eclesiástica: uma boa igreja tem que ser difícil de entrar e fácil de sair. A disciplina eclesiástica, quando aplicada de forma bíblica (Mateus 18.15-17), mantém a igreja limpa e sob temor. Para mim também me ajudaria a levar a sério a minha vida cristã como um todo. Ou seja, a disciplina eclesiástica serve tanto para proteger a igreja quanto para me proteger. 
  • Culto voltado para os santos: eu amo evangelismo. É o que eu gosto de fazer. Amo ir para a rua e compartilhar minha fé com quem eu encontrar pela frente. Só que evangelismo é feito na rua, nas praças, onde o pecador está. É para ser feito fora da igreja. O culto não deve ser um atrativo para os descrentes. O culto não deve ser pensado para agradar os não convertidos. O culto deve ser pensado para agradar a Deus e para edificação da igreja, do corpo de Cristo. Os não crentes são bem vindos, mas o culto não é para eles. Essa é uma perspectiva completamente diferente da visão marqueteira que impera no meio evangélico hoje.

Todos os outros pontos para mim eram secundários. Pentecostal ou não, calvinista ou não, hinos ou música contemporânea, tanto faz. O estilo do culto era secundário. Ou pelo menos eu achava. Começamos então a caça a uma igreja.
Por quase quatro longos anos visitamos várias igrejas. Nada. Passávamos alguns meses em uma, depois seguíamos para outra. Nenhuma delas com os três pontos que nos eram tão importantes. Achávamos que o problema era com a gente (possivelmente era) e já tínhamos praticamente desistido. O que vamos fazer?
O caminho de A. W. Pink pareceu interessante. Declarar a igreja como falida e viver o cristianismo do jeito que der. Ela estava mesmo cheia de bodes, não é? Só tem dois problemas com esse pensamento.
O primeiro, a igreja é feita de pecadores remidos. “Assim foram alguns de vocês” (1 Cor 6:11). Leiam a lista dos versículos 9 e 10 e veja de que tipo de pessoa era formada a igreja de Corinto. Era feita do mesmo material das outras. Pecadores remidos.
O segundo problema, é que Hebreus 10.25 não é condicional. Não diz que devemos estar juntos dos santos apenas se todas os critérios forem cumpridos. Não! Devemos viver em comunhão com os santos.
Só que a lista de critérios era bíblica e realmente não estávamos encontrando uma igreja que seguisse isso. Então a solução era simples: começar uma igreja em casa. E isso era algo que não queríamos fazer. Especialmente a Vivian. E já era 2010.
O final feliz da história é que vimos o Twitter de uma igreja aqui na zona norte de São Paulo. Ficamos curiosos e fomos fazer uma visita. Parecia bom demais pra ser verdade e ficamos meio desconfiados (eu sou minero uai) e voltamos algumas vezes. A pregação era em sua maioria expositiva. A igreja praticava disciplina bíblica. E o culto era voltado para os santos, não para os de fora. Fomos nos envolvendo com a igreja e após três anos do primeiro contato, nos tornamos oficialmente membros.
Deus muito graciosamente não permitiu que desistíssemos da sua igreja. A noiva de Cristo está por ai. Ao invés de decretarmos a instituição como falida, devemos nos lembrar que Cristo preza pela sua noiva. Devemos lutar para que a igreja seja tudo aquilo que a Bíblia diz que ela deve ser, não o que o mundo acha que é mais agradável.
Se você desistiu da igreja, peço que reconsidere. Se você é cristão de verdade e ama a Jesus Cristo, também irá amar a sua noiva. Lute pela igreja, trabalhe para vê-la restaurada.
 Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Foi-lhe dado para vestir-se linho fino, brilhante e puro". O linho fino são os atos justos dos santos.
Apocalipse 19.7-8

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Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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