Por Who Made God?
Eu esbocei o texto que
se segue a pedido da Christian Apologetics Alliance (Aliança Cristã
Apologética) que está compilando uma série de artigos de respostas
a objeções ao teísmo. Apesar de existir aqui uma sobreposição da
minha revisão do livro de coautoria de Stephen Hawking “The Grand
Design”, o presente artigo é mais adequado como uma resposta mais
sucinta e específica para qualquer um que argumente contra a criação
divina.
Objeção: “Tem sido
mostrado nos dias de hoje que o universo causou a si mesmo ao invés
de ter vindo à existência por qualquer outra coisa.”
Chaves de referência
no final do artigo.
A objeção é
necessariamente falsa já que o máximo que a ciência poderia dizer
a respeito disso é que “o universo talvez tenha causado a si
mesmo...”. Se isso aconteceu ou não, não está aberto ao
questionamento científico. No entanto, mesmo esse “talvez tenha”
afirmado permanece totalmente sem embasamento e é logicamente
incoerente, como eu vou tentar demonstrar abaixo. Mas antes, vamos
ser claros em relação aos fatos.
Até o início do
século 20 a maioria dos cientistas acreditava que o universo sempre
existiu. Mas essa visão foi destruída por duas descobertas, uma
teórica e outra experimental. O desenvolvimento experimental foi a
teoria geral da relatividade de Einstein que implicava que apenas um
universo que estivesse em expansão (ou encolhimento) poderia ser
estável. Einstein, de fato, inseriu um “fator lorota” arbitrário
em sua equação para permitir um universo estático, mas mais tarde
se retratou [WMG p.100]. A descoberta experimental foi que o universo
de fato estava se expandindo, evidenciado pela desvio gravitacional
para o vermelho nos espectros de galáxias distantes [WMG pp.
101-102]. Isso então implicou que o universo tinha de fato um começo
que pode ser representado como uma singularidade (uma situação na
qual certas grandezas físicas se tornam infinitas – nesse caso
temperatura e densidade). Esse singularidade implicada ficou
conhecida como a origem quente “Big Bang” do universo e hoje é
geralmente aceita pelos cosmologistas. Observações mais recentes da
toda presente “radiação cósmica micro-ondas de fundo” provê
evidências confirmatórias desse modelo da origem cósmica (ou
cosmogênesis) [WMG pp. 102-103].
Desde essa época,
alguns cientistas tem avançado teorias engenhosas (estritamente
hipotéticas) na tentativa de evitar a implicação teológica de uma
criação como a do big bang – mais recentemente Victor Stenger nos
EUA e Stephen Hawking no Reino Unido. Basicamente, eles afirmam que
os modelos científicos/matemáticos podem explicar como o universo
pode ter surgido espontaneamente do nada (ex-nihilo) pela operação
de leis naturais sem a intervenção de um criador natural [Stenger,
Hawking]. No entanto, seu raciocínio é seriamente falho nos
seguintes pontos:
1. É importante
entender que a ciência não pode explicar nada que não seja em
termos de leis da natureza. A ciência funciona primeiro pela
descoberta (pela observação) de leis que descrevem as ações da
natureza e então usa esse conhecimento para buscar mais explicações
– começando com hipóteses e então confirmando essas hipóteses
através de vários testes, o principal deles sempre sendo um
experimento de verificação repetível. Para se oferecer uma
explicação científica de qualquer coisa é sempre necessário
apelar à leis já existentes (ou ao menos para uma hipótese
plausível). Sem lei, sem ciência; simples assim.
2. Para explicar a
origem do universo cientificamente, portanto, requer-se um apelo as
leis da natureza (estabelecidas ou hipotéticas) que existiam
anteriormente ao universo. Mas as leis da natureza não são nada
mais do que descrições de como a natureza opera. Ninguém nunca
propôs uma lei da natureza que não envolvesse a existência de
entidades naturais, sejam elas matéria, energia, tempo-espaço ou
sistemas matemáticos (Veja que a matemática é indiscutivelmente
filosófica ao invés de científica e é apenas cientificamente
relevante quando aplicada às realidades naturais – ou seja, ao
mundo como ele existe).
3. Isso cria um dilema;
as leis da natureza não podem existir sem a própria natureza
existir mas a origem da natureza não pode ser explicada
cientificamente sem leis pré-existentes. A conclusão lógica é que
a ciência não pode, por sua própria natureza, explicar a origem do
universo.
4. A única alternativa
é que as leis da natureza pré-existiam em relação ao universo
como um tipo de diagrama em um algum tipo de meio não material como
a “mente de Deus”.
5. Stephen Hawking
falha nesse dilema ao afirmar que o universo foi criado como
resultado de flutuações mecânicas quânticas (em um vácuo) que se
estabilizou pelas forças gravitacionais [Hawking pp. 131-135;
Hawking review]. Ele então requer que as leis da mecânica quântica
e da gravidade pré-existissem em relação ao universo (mais para
frente ele parece fazer as mesmas afirmações em relação à
chamada Teoria-M). Mas o que é a lei da gravidade se não uma
descrição da forma como os corpos materiais interagem – seja um
com o outro ou com o continuum espaço-tempo? Afirmar que tal lei
existia na ausência de matéria, energia, espaço ou tempo é forçar
a credulidade e é impossível de ser demonstrada. Apenas argumentos
do tipo “a mente de Deus” e “diagramas não materiais” sobram
no final das contas e esses são argumentos teológicos, não
científicos.
6. Victor Stenger
parece reconhecer esse problema e tenta superá-lo propondo que as
leis da natureza primeiro criaram a si mesmas do nada e então
estavam disponíveis para criar o cosmos. Suas exatas palavras são:
“Então de onde as leis da natureza vieram? Elas vieram do nada!...
[elas] se seguiram das simetrias vazias das quais o universo
espontaneamente apareceu” [Stenger p.131]. No entanto, “simetrias”
são propriedades atribuídas pelos cientistas às leis e/ou
fenômenos de ordem natural; elas não existem a parte do cosmos que
descrevem. Qualquer vazio que possui simetria, portanto, deve por
definição estar dentro do universo e não pode dar origem a ele.
Por exemplo, pode-se discutir que o espaço-tempo possui simetria
para que um vácuo dentro do cosmos também exibisse simetria. Mas
qualquer vazio que estivesse fora do espaço-tempo não poderia ter
simetria ou qualquer outra propriedade física – e não poderia ser
conhecida por fazer tal coisa
7. Conclusão: tentativas para explicar a origem do universo como um evento
espontâneo ocorrido em um “vazio” pré-existente falha tanto o
teste da ciência quanto da lógica.
Referências
- ‘Stenger’; Victor J. Stenger, God, the failed hypothesis (New York, Prometheus Books, 2007)
- ‘Hawking’; Stephen Hawking and Leonard Mlodinow, The grand design; new answers to the ultimate questions of life (London, Bantam Press, 2010)
- ‘WMG’; Edgar Andrews, Who made God? Searching for a theory of everything (Darlington, 2009)
- ‘Hawking review’; Edgar Andrews, God, black holes and Stephen Hawking (review of The grand design on www.whomadegod.org)
Um comentário:
Supor que o universo seja a causa de si mesmo é, além de ilógico, uma tentativa desesperada de, por um meio ou por outro, negar a existência de Deus, Criador do universo.
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