sábado, dezembro 17, 2011

Blaise Pascal sobre os ateus





[diz o Ateu:] "Não sei quem me pôs no mundo nem o que é o mundo, nem mesmo o que sou. Estou numa
ignorância terrível de todas as coisas. Não sei o que é o meu corpo, nem o que são os meus sentidos,
nem o que é a minha alma, e até esta parte do meu ser que pensa o que eu digo, refletindo sobre tudo e
sobre si própria, não se conhece melhor do que o resto. Vejo-me encerrado nestes medonhos espaços
do universo e me sinto ligado a um canto da vasta extensão, sem saber porque fui colocado aqui e não
em outra parte, nem porque o pouco tempo que me é dado para viver me foi conferido neste período de
preferência a outro de toda a eternidade que me precedeu e de toda a que me segue.

"Só vejo o infinito em toda parte, encerrando-me como um átomo e como uma sombra que dura
apenas um instante que não volta.

"Tudo o que sei é que devo morrer breve. O que mais ignoro, porém, é essa morte que não
posso evitar.

"Assim como não sei de onde venho, também não sei para onde vou. Sei, apenas, que, ao sair
deste mundo, cairei para sempre no nada ou nas mãos de um Deus irritado, sem saber em qual dessas
duas situações deverei ficar eternamente. Eis a minha condição, cheia de miséria, de fraqueza, de
obscuridade. Concluo, de tudo isso, que devo passar todos os dias da minha vida sem pensar em
descobrir o que me deve acontecer. Talvez pudesse encontrar algum esclarecimento nas minhas
dúvidas, mas não quero dar-me a esse trabalho, nem dar um passo nesse sentido. Tratando com
desprezo os que com isso se preocupam, quero experimentar esse grande acontecimento sem
previdência e sem temor, deixando-me passivamente conduzir à morte, na incerteza da eternidade da
minha condição futura".

Quem desejaria ter como amigo um homem que assim falasse? Quem o escolheria para lhe
comunicar as suas intimidades? Quem recorreria a ele em suas aflições?
Finalmente, a que utilidade, na vida, se poderia destiná-lo?

Na verdade, é glorioso, para a religião, ter como inimigos homens tão insensatos, pois a sua
oposição lhe é tão pouco perigosa que serve, ao contrário, para o estabelecimento de suas principais
verdades. Com efeito; a fé cristã não visa, principalmente, senão a estabelecer estas duas coisas: a
corrupção da natureza e a redenção de Jesus Cristo. Ora, se eles não servem para mostrar a verdade da
redenção pela santidade dos seus costumes, servem ao menos, admiravelmente, para mostrar a
corrupção da natureza com sentimentos tão desnaturados.

Nada é tão importante para o homem como a sua condição, e nada lhe é tão temível como a
eternidade. Por conseguinte, se se acham homens indiferentes à perda do próprio ser e ao perigo, de
uma eternidade de miséria, isso não é natural. Procedem de modo inteiramente diverso em relação a
todas as outras coisas: temem até as mais insignificantes, e as prevêem, e as sentem. O mesmo homem
que passa tantos dias e tantas noites cheio de cólera e de desespero por ter perdido um cargo, ou por
alguma ofensa imaginária à sua honra, sabe também que vai perder tudo com a morte, sem que por isso
se inquiete ou se comova. É uma coisa monstruosa ver, num mesmo coração e ao mesmo tempo, essa
sensibilidade pelas menores coisas e essa estranha insensibilidade pelas maiores.

Trecho do livro "Pensamentos" (Pensées) de Blaise Pascal

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Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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