quarta-feira, dezembro 28, 2011

Fogo amigo ou, como fazemos propaganda ruim de nós mesmos



Uma das coisas legais de se envelhecer é ver todo o processo de crescimento que tanto nós quanto aqueles ao nosso redor passam. Houve a época do namoro, depois do noivado e enfim o casamento. A Vivian e eu fomos uns dos primeiros entre os nossos amigos de igreja a casar, cinco anos atrás e depois disso, vários deles foram noivando e casando, garantindo para nós alguns casamentos a cada ano para ir. E no último que fomos, passei um bom tempo conversando com um irmão e amigo sobre a atual situação da igreja. Entre os vários tópicos que tratamos no tempo que tivemos, falamos sobre um que me pareceu interessante: como nós cristãos representamos a nós mesmos.
Uma das coisas que meu amigo disse é que na internet, existe muita coisa boa. Muitos blogs e sites bons com material legal e que têm feito um bom trabalho de admoestação. Mas às vezes, a admoestação se torna pura e simples maledicência e o motivo e razão para existência de certos ministérios é falar mal. Concordando com ele, eu disse que nós estamos entre os primeiros a falar mal e fazer propagando ruim sobre nós. Esse é uma prática comum no meio cristão e tem se tornado ainda mais intensa com o advento da internet.
Não me entendam mal, eu acho que devemos ser os primeiros a notar e reportar os erros dentro de nossa própria comunidade. Várias vezes aqui em nosso blog já falamos sobre os erros que se tem cometido no meio cristão. Não acho que a prática em si seja ruim. O problema aparece quando nosso ministério como um todo possui apenas essa enfase, somente falar mal sem apresentar o que deveria ser a verdade pelos padrões bíblicos, falar mal pelo falar mal. É como me amigo disse: ministério da maledicência.
Engraçado que estávamos conversando sobre isso na mesma semana que estava lendo um livro chamado “Christians are hate-filled hypocrites... and otherslies you've been told” (Os cristão são hipócritas cheios de ódio... e outras mentiras que te contaram), do sociologista Bradley R. E. Wright. Nesse livro, o autor trabalha a questão de como estatísticas publicadas em livros e artigos cristãos mostrando que a igreja cristã está em um estado deplorável muitas vezes apenas servem para aumentar a venda de livros e de ministérios que querem vender conferências. Wright, que é um sociologista com especialidade em pesquisas estatísticas, nos apresenta um quadro interessante de como nós cristãos somos os primeiros a fazer propaganda ruim sobre a nossa fé. Um dos casos apresentados por Wright é de uma pesquisa famosa nos EUA que dizia que a taxa de divórcios entre os evangélicos era igual à taxa dos não evangélicos. Essa é uma notícia muito ruim; se fosse verdadeira. O que muita gente não sabe é que o estudo fazia uma diferenciação entre aqueles que se diziam evangélicos mas nunca iam à igreja, conhecidos como nominais e aqueles que realmente frequentavam as igrejas. Os evangélicos nominais tinham a mesma taxa de divórcio dos não evangélicos. Entre os evangélicos que frequentavam a igreja, a taxa de divórcios era substancialmente menor, cerca de um terço da média. Esse ainda é um número alto dentro da igreja, mas apresenta um cenário muito mais positivo do que o que temos ouvido por ai.
Resumidamente, precisamos tomar um pouco de cuidado, especialmente nós que trabalhamos no mundo virtual, para não apresentarmos um cenário da igreja pior do que ele é. O Evangelho de Cristo já é ofensivo por si mesmo (Romanos 9:33), não precisamos aumentar as ofensas que ele já possui. Não devemos também esquecer nossa história como igreja, das grandes contribuições que o cristianismo trouxe e ainda traz ao mundo (universidades, hospitais, liberdade, caridade, melhor tratamento das mulheres e tantas e tantas outras coisas). Temos um passado incrível pelo qual nos orgulhar.
Claro, ainda está pela nossa frente muito trabalho para ser feito. Muitos lobos estão se infiltrando no meio do rebanho e esses devem ser denunciados. Mas não devemos tornar nossa vida uma eterna reclamação sobre o estado da igreja, vendo defeitos onde não existem ou simplesmente dizendo que o céu vai cair sobre a nossa cabeça, como faziam os gauleses. Devemos denunciar os erros, mas estar sempre prontos para oferecer a verdade e o conforto que existem na pregação do evangelho. Esse é o poder de Deus para a salvação do homem (Romanos 1:16).

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Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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