Uma das coisas legais
de se envelhecer é ver todo o processo de crescimento que tanto nós
quanto aqueles ao nosso redor passam. Houve a época do namoro,
depois do noivado e enfim o casamento. A Vivian e eu fomos uns dos
primeiros entre os nossos amigos de igreja a casar, cinco anos atrás
e depois disso, vários deles foram noivando e casando, garantindo
para nós alguns casamentos a cada ano para ir. E no último que
fomos, passei um bom tempo conversando com um irmão e amigo sobre a
atual situação da igreja. Entre os vários tópicos que tratamos no
tempo que tivemos, falamos sobre um que me pareceu interessante: como
nós cristãos representamos a nós mesmos.
Uma das coisas que meu
amigo disse é que na internet, existe muita coisa boa. Muitos blogs
e sites bons com material legal e que têm feito um bom trabalho de
admoestação. Mas às vezes, a admoestação se torna pura e simples
maledicência e o motivo e razão para existência de certos
ministérios é falar mal. Concordando com ele, eu disse que nós
estamos entre os primeiros a falar mal e fazer propagando ruim sobre
nós. Esse é uma prática comum no meio cristão e tem se tornado
ainda mais intensa com o advento da internet.
Não me entendam mal,
eu acho que devemos ser os primeiros a notar e reportar os erros
dentro de nossa própria comunidade. Várias vezes aqui em nosso blog
já falamos sobre os erros que se tem cometido no meio cristão. Não
acho que a prática em si seja ruim. O problema aparece quando nosso
ministério como um todo possui apenas essa enfase, somente falar mal
sem apresentar o que deveria ser a verdade pelos padrões bíblicos,
falar mal pelo falar mal. É como me amigo disse: ministério da
maledicência.
Engraçado que
estávamos conversando sobre isso na mesma semana que estava lendo um
livro chamado “Christians are hate-filled hypocrites... and otherslies you've been told” (Os cristão são hipócritas cheios de
ódio... e outras mentiras que te contaram), do sociologista Bradley
R. E. Wright. Nesse livro, o autor trabalha a questão de como
estatísticas publicadas em livros e artigos cristãos mostrando que
a igreja cristã está em um estado deplorável muitas vezes apenas
servem para aumentar a venda de livros e de ministérios que querem
vender conferências. Wright, que é um sociologista com
especialidade em pesquisas estatísticas, nos apresenta um quadro
interessante de como nós cristãos somos os primeiros a fazer
propaganda ruim sobre a nossa fé. Um dos casos apresentados por
Wright é de uma pesquisa famosa nos EUA que dizia que a taxa de
divórcios entre os evangélicos era igual à taxa dos não
evangélicos. Essa é uma notícia muito ruim; se fosse verdadeira. O
que muita gente não sabe é que o estudo fazia uma diferenciação
entre aqueles que se diziam evangélicos mas nunca iam à igreja,
conhecidos como nominais e aqueles que realmente frequentavam as
igrejas. Os evangélicos nominais tinham a mesma taxa de divórcio
dos não evangélicos. Entre os evangélicos que frequentavam a
igreja, a taxa de divórcios era substancialmente menor, cerca de um
terço da média. Esse ainda é um número alto dentro da igreja, mas
apresenta um cenário muito mais positivo do que o que temos ouvido
por ai.
Resumidamente,
precisamos tomar um pouco de cuidado, especialmente nós que
trabalhamos no mundo virtual, para não apresentarmos um cenário da
igreja pior do que ele é. O Evangelho de Cristo já é ofensivo por
si mesmo (Romanos 9:33), não precisamos aumentar as ofensas que ele
já possui. Não devemos também esquecer nossa história como
igreja, das grandes contribuições que o cristianismo trouxe e ainda
traz ao mundo (universidades, hospitais, liberdade, caridade, melhor
tratamento das mulheres e tantas e tantas outras coisas). Temos um
passado incrível pelo qual nos orgulhar.
Claro, ainda está pela
nossa frente muito trabalho para ser feito. Muitos lobos estão se
infiltrando no meio do rebanho e esses devem ser denunciados. Mas não
devemos tornar nossa vida uma eterna reclamação sobre o estado da
igreja, vendo defeitos onde não existem ou simplesmente dizendo que
o céu vai cair sobre a nossa cabeça, como faziam os gauleses.
Devemos denunciar os erros, mas estar sempre prontos para oferecer a
verdade e o conforto que existem na pregação do evangelho. Esse é
o poder de Deus para a salvação do homem (Romanos 1:16).
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