terça-feira, março 09, 2010

Hitchens encontra Deus. Peter Hitchens, pelo menos encontrou


“Eu incendiei minha Bíblia nos campos de jogos do meu internato em Cambridge em uma tarde brilhante com muitos ventos na primavera de 1967. Eu tinha 15 anos de idade. O livro, como eu esperava, não se incendiou violentamente e rapidamente”.

Assim começa a entrevista de Peter Hitchens, irmão de Christopher Hitchens, um dos famosos “novos ateus” junto com seus amigos Richard Dawkins e Sam Harris, onde Peter conta sua jornada de volta ao cristianismo. Hitchens (o ateu) escreveu o livro “Deus não é grande” e causa muito medo em alguns cristão menos preparados, mais pela sua retórica do que pela veracidade de seus argumentos. Só como nota, Hitchens tomou uma verdadeira surra de William Lane Craig em um debate em Biola ano passado. Mas isso é outra história.
Peter conta que, apesar de não ser uma Bíblia muita nova, esse ato de queimar o livro representou para ele o ano zero de sua rebelião. Mas sua rebelião não era apenas contra a igreja e o cristianismo, mas “contra tudo o que tinha sido criado para acreditar”.
Peter também tinha muitas brigas com seu irmão mais velho, tanto que seu pai fez com que ambos irmãos assinassem um tratado de paz e o pendurou na parede de casa em um quadro vermelho.
Depois de viver anos em sua aberta rebelião a suas crenças impostas, Peter lentamente iniciou seu retorno à fé em 1981, aos 30 anos. E algo que teve grande influência em seu retorno foi o quadro do pintor belga Rogier van der Weyden, intitulado o Último Julgamento, que Peter viu exposto na Borgonha durante suas férias. A imagem das figuras nuas em direção a boca do inferno tiveram grande impacto sobre ele e Peter tinha absoluta certeza que era uma das almas perdidas.


Nesse mesmo período, Peter redescobriu o Natal, algo que tinha desprezado por muitos anos. Isso tudo foi criando dentro dele um desejo inesperado (tanto para ele quanto para sua noiva) de se casar na igreja.
Aos poucos a noticia foi se espalhando entre seus colegas que Peter estava envolvido com as coisas da igreja.
Enquanto ele fazia seu retorno gradual e hesitante em direção ao altar, “a paixão do meu irmão Christopher contra Deus tornou-se mais virulenta e confiante”.
Na reportagem, Peter não comenta especificamente sobre seu momento de conversão, ou sobre qualquer coisa do tipo. A sensação que tive lendo o texto foi que ele foi aos poucos se envolvendo com a igreja e quando se percebeu, ele era cristão. Sabemos que ninguém se torna cristão simplesmente por estar envolvido com a igreja. Você pode ser o membro mais envolvido da sua congregação e passar a eternidade no inferno se você não for realmente salvo. Mas como é uma entrevista para um jornal secular, não sabemos o quanto foi editado. Assim sendo, vamos deixar isso em aberto. O foco da reportagem, que você pode ler aqui, em inglês, é o debate de Peter com Christopher e seus argumentos para a existência de Deus.
Sim, Peter debateu seu irmão em Abril de 2008, em Grand Rapids, Michiga sobre a existênia de Deus. Sempre achei o nome dessa cidade engraçado, desde quando eu fiz minha prova na American Airlines sobre as cidades para onde eles voam. Chatanooga é outra.
Estou fugindo do assunto.
Peter se tornou um bom apologista, trazendo para esse campo seu conhecimento como jornalista. O debate foi mais amigável do que se esperava e rendou até um jantar em família depois desse evento.
Um dos pontos interessantes que Peter levantou para seu irmão durante o debate foi a crueldade dos governos ateus. Em suas próprias palavras:
“Também estou perplexo e frustrado pela insistência estranha do meu irmão ateu em não entender como a crueldade dos regimes comunista anti-teístas refletem de forma negativa sobre os seus argumentos e em sua causa. É, sem dúvida o faz”.
Como já diz o nosso ditado: santo de casa não faz milagres. Os irmão de Jesus não criam nele. Então, não é de se surpreender que o irmão de Christopher Hitchens seja cristão. Mas o mais interessante é que ele está disposto a defender a fé, mesmo em um debate com seu irmão. Não que Hitchens seja um grande oponente (não é), mas ainda assim, exige-se coragem para se levantar publicamente contra alguém de sua família. Ainda mais alguém tão famoso.
Mas esses irmãos estão em caminhos bastante opostos. A única coisa que concordam, por assim dizer, é o direito de cada um de expressar de forma clara seus pensamentos. Pelo menos por enquanto, não estão tentando tirar isso da gente.
Peter termina com uma frase de T. S. Elliot “O fim de todas as nossas explorações será chegar onde começamos e conhecer verdadeiramente o lugar pela primeira vez”. Um bom resumo para a vida de Peter.

Nenhum comentário:

Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...