domingo, agosto 05, 2012

Casamento bíblico: pode tudo? - Parte 1



A ATEA –Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos é uma grande representante do movimento conhecido como Novos Ateus. E a grande novidade em relação a esses ateus não é uma nova argumentação, um raciocínio mais apurado sobre a religião ou sobre a existência de Deus. A grande novidade dos Novos Ateus é o ódio pela religião, por aqueles que são religiosos de alguma uma forma e especialmente um ódio mortal contra Deus, que apesar dele não existir, eles ainda assim o odeiam. Outra grande novidade é a forma de argumentação falaciosa (ad hominem, homem de palha e raciocínio circular são os favoritos) e quando se trata da Bíblia, esse aspecto se torna ainda mais forte.
No final de Julho um amigo do Facebook compartilhou a imagem acima, que mostra que a Bíblia possui várias definições de casamento. Assim, os cristãos que usam a Bíblia contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo estão na verdade errados, já que a própria Bíblia possui várias definições de casamento. Esse argumento ganha ainda mais força com uma linguagem gráfica como na ilustração. Como ontem eu publiquei um texto sobre a reação à declaração do presidente da Chick-Fil-Asobre o casamento bíblico entre homem e mulher, achei que seria bom responder ao argumento acima.
Antes de abordarmos as particularidades apresentadas na imagem, eu gostaria de falar um pouco sobre o modus operandi das argumentações contra a Bíblia da ATEA e dos novos ateus por tabela. Em sua grande maioria, quando um novo ateu faz uma apresentação contra algum ponto bíblico, seja ele qual for, ele se utiliza de alguns passos. O primeiro é isolar o texto de seu contexto. Ele trata um versículo bíblico como se esse estivesse solto no espaço e então passam para o segundo passo, o apresentam, via de regra, de forma distorcida, o que é fácil fazer quando o texto está fora de seu contexto. O terceiro e mais contraditório passo é quando esse texto é do Velho Testamento e o julgam a partir de padrões cristãos que eles mesmos adotam, mas que jamais teriam coragem de afirmá-los como tal. Ou seja, eles julgam sociedades antigas como se essas fossem exatamente a mesma coisa do que a nossa sociedade atual. Isso é muito comum quando julgam as atrocidades do Velho Testamento, mas tem dificuldade de chamar de errado as atrocidades da nossa era, como o aborto. Apesar de acharem que a moralidade é algo relativo, eles se tornam absolutistas na hora de julgar sociedades bíblicas.
Quarto e último passo para uma completa argumentação neo-ateísta: achar que tudo o que é descrito na Bíblia é um mandamento de Deus. O neo-ateu interpreta toda a Bíblia como se tudo aquilo que está ali fosse como ordenança ou exemplo de comportamento para a humanidade. O que eles falham em entender é que existem várias literaturas dentro da Bíblia. Não apenas isso, mas a Bíblia apresenta o homem como ele realmente é, com todas as suas falhas e defeitos. Ela não esconde a pecaminosidade do homem, muito pelo contrário, ela o mostra em toda a sua atrocidade, fazendo uma comparação com o amor de Deus, que se torna imenso perto da nossa transgressão. Se você seguir esses quatro passos, terá o padrão perfeito para a argumentação falaciosa do novo ateu.
Isso dito, qual é a definição bíblica de casamento? Não vamos encontrar nas Escrituras uma frase que siga exatamente assim: a definição correta de casamento é a união entre um homem e uma mulher. Não vamos encontrar essa frase porque a Bíblia não é um dicionário, mas apesar de não encontrarmos essa frase colocada dessa exata maneira, vamos encontrar esse conceito por toda a Escritura. Começando por Genesis, podemos ver que Deus criou uma ajudadora para Adão (Gn 2:18-24) e tudo culmina no versículo 24 que diz: “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Veja aqui um padrão que será seguido por toda a Bíblia: o casamento entre um homem e uma mulher. Deus não criou dois homens ou não criou duas mulheres (até porque se tivesse feito isso, não existiriam mais seres humanos), não criou um homem e várias mulheres ou uma mulher e vários homens. Desde o começo o padrão de Deus para o homem era um homem e uma mulher. Jesus afirma isso quando fala sobre divórcio:

Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?
Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.
Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la?
Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.
Mateus 19:3-8

Três coisas interessantes a se notar no texto acima: que desde o princípio o padrão é macho e fêmea, um homem e uma mulher; e depois, que Deus algumas vezes permite (e não ordena) certos comportamentos humanos divergentes de seus mandamentos por causa da dureza do coração humano. Lembre-se disso: se Deus fosse lidar com a pecaminosidade humana da forma como deveria, nós já estaríamos extintos há séculos. É apenas pela graça de Deus que o homem ainda caminha na terra. Mas Deus não tem feito vista grossa para nada disso e apesar de ele ser paciente e tardio em se irar (Joel 2:13), ele fará cumprir a sua justiça, seja na pessoa de Cristo para aqueles que se arrependeram, seja na própria pessoa que se rebelou contra Ele. Nada será esquecido. E o terceiro ponto: Cristo fez essa afirmação em uma sociedade poligâmica. Apesar disso, Cristo não disse que desde o princípio Deus criou um homem para várias mulheres, mas sim um homem e uma mulher. Mesmo em uma sociedade polígama, a definição de casamento continuava a mesma.
O casamento para o cristão também possui um forte contexto teológico, já que Cristo é apresentado como o noivo e a igreja como a noiva (veja Efésios 5:27-32). Os líderes da igreja deveriam ser casados com apenas uma esposa (1 Timóteo 3:2, 12). Mesmo os reis do Velho Testamento eram instruídos a não possuírem múltiplas esposas (Dt 17:17). Davi e Salomão desobedeceram a Deus quando tiveram muitas esposas e esse pecado não veio sem a justa punição:

E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração.
Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o SENHOR seu Deus, como o coração de Davi, seu pai,
1 Reis 11:3-4

Portanto, por toda a Bíblia, podemos ver que o conceito bíblico de casamento é entre um homem e uma mulher e isso é consistente entre o Velho e o Novo Testamento.
Um último ponto antes de analisarmos a imagem em si: muito do que é ensinado na Bíblia é uma regulação para o povo de Israel e não mandamentos para a Igreja. Deus fechou um acordo com o povo de Israel, uma constituição, uma legislação que deveria guiá-los, especialmente enquanto estes deveriam viver em terras estrangeiras, próxima de povos que muitas vezes eram muito mais depravados que os próprios Israelitas (sacrifício de bebês era comum nessas sociedades, assim como nos dias de hoje, só que antigamente eles esperavam o bebê sair da barriga para isso). Lembre-se que estamos falando de uma sociedade separada por mais de três mil anos até hoje, outros valores e uma sociedade que não havia sido influenciada pelos valores cristãos, como é o caso da nossa. Muito do que Deus regulou para Israel parece duro e rígido para nós que somos uma sociedade formada com uma base de princípios cristãos (amor, caridade, respeito ao próximo, igualdade, respeito), mas que quando comparado com as sociedades contemporâneas em sua volta, essa regulamentação se apresenta como um enorme avanço moral e humanístico.
Com tudo isso em mente, vamos analisar os oito tipos de casamentos que vemos na figura acima, mas apenas amanhã, pois o texto já está enorme para um blog.

2 comentários:

Marcio disse...

não concordo que não exista Deus, quem criou o mundo nós? pense bem quando jesus voltar? lembra quando jesus fala sobre seu pai que estas no céu! quem acredita em jesus sabe que ele também tem um pai' que nós somos filho de Deus....

Marcio disse...

não concordo que não exista Deus, quem criou o mundo nós? pense bem quando jesus voltar? lembra quando jesus fala sobre seu pai que estas no céu! quem acredita em jesus sabe que ele também tem um pai' que nós somos filho de Deus....

Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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