Por Bill Pratt
Existe um
entendimento errado, popularizado por livros como O Código Da Vinci, que a
forma como os livros da Bíblia foram escolhidos era através de concílios da
igreja infundidos em política e votando contra os livros que eles não gostavam.
No entanto, uma cuidadosa leitura da história da igreja desaprova esse
entendimento.
Como visto
no posto anterior, a igreja entendeu o seu papel em reconhecer os livros que
Deus, ele mesmo, havia inspirado. Esse trabalho de reconhecimento era algo que
a igreja primitiva realmente levou a sério, mas como eles fizeram isso? Quais critérios
eles usaram?
Sabemos que
a profeticidade era uma condição necessária para a canonicidade, mas algumas
vezes os pais da Igreja que estavam tentando verificar a profeticidade de um
livro estavam longe por décadas, ou mesmo séculos, da composição original do
livro. Então, o que eles fizeram?
Norman
Geisler e William Nix, em seu livro Um Introdução Geral à Bíblia, descreve o
critério que foi na verdade utilizado pela igreja primitiva no processo.
O livro foi
escrito por um profeta de Deus? Esse era o critério mais fundamental. Uma vez
que isso havia sido estabelecido, a inspiração do livro era reconhecida.
O autor
havia sido confirmado por atos de Deus? Se havia alguma dúvida sobre o autor
ser um verdadeiro profeta de Deus, milagres serviam como confirmação divina.
A mensagem
transmitia uma verdade sobre Deus? De acordo com Geisler e Nix, “qualquer
ensino sobre Deus contrário aquilo que seu povo já sabia ser verdade deveria
ser rejeitada. Mais ainda, qualquer predição feita sobre o mundo que falhassem
em se tornar verdade deveria ser rejeitada”.
Ele vem com
o pode de Deus? Geisler e Nix explicam,
“outro teste de canonicidade era o efeito edificador do livro. Ele possuía o
poder de Deus? Os Pais acreditavam que a Palavra de Deus é “viva e ativa” (Hb.
4:12), e consequentemente deve ter uma força transformadora para edificação (2
Tm. 3:17) e evangelização (1 Pedro 1:23).”
O que é
aceitável para o povo de Deus? Geisler e Nix afirmam que “a aceitação inicial
de um livro pelo o povo a quem havia sido endereçado era crucial. Paulo disse
sobre os tessalonicenses, ‘Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus,
pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não
como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus’ (1 Ts
2:13). Qualquer debate subsequente que possa ter existido sobre o lugar de um
livro no cânon, as pessoas na melhor posição para saber a sua credencial
profética eram aqueles que conheciam o profeta que o havia escrito. Assim,
apesar dos debates posteriores sobre a canonicidade de alguns livros, a evidência
definitivo é aquela que atesta para a sua aceitação original pelos crentes contemporâneos
ao livro”.
Geisler e
Nix resumem:
A mais
importante distinção a ser feita nesse ponto é entre a determinação e a
descoberta da canonicidade. Deus é unicamente responsável pela primeira, e o
homem é meramente responsável pela segunda. Que um livro é canônico é devido à
inspiração divina. Como isso é conhecido como verdade é um processo de
reconhecimento humano. O homem descobriu aquilo que Deus havia determinado
olhando para as “marcas de inspiração”.
Perguntava-se
se o livro (1) havia sido escrito por um homem de Deus, (2) havia sido
confirmado por um ato de Deus, (3) falava a verdade sobre Deus, o homem e assim
por diante, (4) vinha com o poder de Deus e (5) era aceito pelo povo de Deus. Se
um livro tivesse a primeira marca, as outras eram normalmente pressupostas. É
claro que os contemporâneos do profeta (apóstolo) conheciam as suas credenciais
e aceitavam os seus livros imediatamente. Mas mais tarde os Pais da Igreja separaram
a profusão de literatura religiosa, descobriram e deram um reconhecimento oficial
para os livros que, pela virtude da inspiração divina, haviam sido determinados
por Deus como canônicos e originalmente reconhecidos pela comunidade contemporânea
ao qual ele primeiramente havia sido apresentado.
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