sábado, fevereiro 05, 2011

Diário de um evangelista: a Via Romana



Existe uma variedade de métodos na hora de compartilhar o evangelho. Em vários anos de missões e evangelismo eu conheci muitos deles, como pantomimas, pregação direta, “livro sem palavras”, algumas pulseirinhas (especialmente na Jocum), as Quatro Leis Espirituais e outros. Nos últimos anos, eu tenho dado menos atenção aos métodos em si e tenho focado mais nos princípios bíblicos do evangelismo. Eu acho mais fácil ter os princípios bem definidos antes de pensar em termos de métodos porque assim ficamos livres para levar a conversa da forma que acharmos melhor. Mas para algumas pessoas, um método que também lembra os princípios bíblicos é sempre útil.
Um método que pode ser colocado em seu “cinto de utilidades” como evangelista é o que eu chamo de Via Romana.
A Via Romana é uma coleção de versículos bíblicos retirados do livro de Romanos que explicam o dom gratuito de Deus da salvação. Tudo o que a pessoa precisaria saber sobre o que é necessário para a salvação, pelo menos em um primeiro momento, podem ser encontrados nesse punhado de versículos. É fácil, prático e rápido. Simples, objetivo e acima de tudo, bíblico.
Então vamos calçar nossas sandálias e começar nossa caminhada pela Via Romana.


1a Parada
Romanos 1:20 
“Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis”.
Via de regra, esse versículo é suficiente para mostrar que Deus existe e pode ser percebido na criação. Como a maioria das pessoas consegue perceber o óbvio, elas não vão contender em relação à existência de Deus, já que a maioria das pessoas acredita na existência de uma divindade. Mas eu acho importante começar por esse texto. Caso você esteja falando com uma pessoa que diz não acreditar na existência de Deus ou que é agnóstico à respeito, você pode apresentar alguns argumentos em favor da existência de Deus. Via de regra eu uso três argumentos de forma resumida, o argumento cosmológico, o argumento teleológico e o argumento moral. Você pode ler mais sobre esse argumento nos links colocados em cada um.  
Uma forma simples também de raciocinar sobre a existência de Deus, que tem me servido bem em 90% dos casos, é apelar para a lógica da causalidade por agência. Por exemplo, eu pergunto para a pessoa com quem eu estou conversando “qual é a prova que esse prédio ao nosso lado teve um arquiteto?” “O prédio em si”, responde a pessoa. “Qual a prova que uma pintura foi criada por um pintor?” “A própria pintura”. “Pois bem, a criação é prova que existe um criador. O universo, as plantas, os animais, você e o seu cérebro com bilhões de neurônios, tudo isso é prova da existência de um Criador.” Na maioria das vezes, isso é suficiente para, se não convencer, ao menos manter a pessoa engajada na conversa. Mas muito gente percebe a lógica e o bom senso dentro desse raciocínio.

2a Parada
Romanos 3:23 
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
Esse é um ponto importante. Pecado se tornou uma palavra feia, mesmo no meio cristão e a gente tenta evitar ela a todo o custo. Mas é importante que a pessoa entenda que ela é uma pecadora. A Bíblia deixa isso bem claro e é fácil comprovar isso empiricamente.
Muita gente concorda que é um pecador simplesmente porque todo mundo é. Mas eu não gosto de deixar a pessoa com essa impressão generalizada de pecado. É importante que a pessoa entende a profundidade de sua transgressão contra Deus. Esse é um bom momento para usar a Lei com a pessoa. Aprenda os Dez Mandamentos e peça para a pessoa se medir de acordo com esse padrão. “Quantas mentiras você já contou em sua vida?” “Você já pegou alguma coisa que não era sua, sem pedir permissão? Não importa o valor.” E por aí vai. Leia o texto “Como usar a Lei de Forma Efetiva no Evangelismo” para aprender mais.
Não se esqueça: não siga até a próxima parada até que a pessoa perceba a seriedade de sua transgressão.

3a Parada
Romanos 3:10 
“Como está escrito: Não há justo, nem sequer um”.
Muita gente, quando é confrontada com o seu pecado, busca se justificar dizendo que é uma pessoa que no geral faz o bem, que é justa, que é boa. Mas de acordo com a Bíblia, ninguém é bom. Mas por que? E aquelas pessoas que ajudam tanto as outras? E as pessoas altruístas, que podem ser encontradas em vários lugares, dentro e fora da religião?
Quando a Bíblia fala sobre bondade, ela fala sobre um padrão de bondade. Qual é o padrão de bondade da Bíblia? O próprio Deus. E Deus é um Deus bom? Sim, muito bom. Mas Ele é mais do que bom. Ele é perfeito! Se nós só tivéssemos que prestar contas para um Deus bom, alguns de nós se sairiam bem, enquanto outros se sairiam mal. Mas o padrão que todos nós temos que ser avaliado é o padrão de perfeição de Deus. E nesse, todos nós, até os melhores de nós, falhamos miseravelmente.

4a Parada
Romanos 6:23a 
Porque o salário do pecado é a morte”.
Não somente a morte física (como acreditam as Testemunhas de Jeová) mas a morte eterna, a separação eterna de Deus.
Muita gente quando está sendo evangelizada diz que não acredita em inferno. Não acredita que existe uma punição vindoura e muito menos que ela será eterna. Deus é bom não é?
Sim, Ele é bom, mas justo. É muito fácil entender o raciocínio em relação ao inferno. Imaginemos o seguinte cenário: você vai e mente para seu filho. O que acontece? Nada, provavelmente, ele vai ficar chateado, mas não há muito o que fazer. Aí você vai e mente para a sua mulher. Você provavelmente vai dormir no sofá. No dia seguinte, você mente para o seu patrão. Pode tanto tomar uma advertência quanto ser demitido. Você vai e mente para o governo: depende de onde estiver, vai parar na cadeia. Duas perguntas: o que é constante nesse cenário e o que variou? A ação foi a mesma (mentira) mas o que variou foi para quem você mentiu (filho, esposa, patrão, governo). Com Deus é a mesma coisa. Ele é um ser perfeito e infinito e crimes cometidos contra um ser perfeito e infinitos exigem uma punição perfeita (que abrange todo o escopo do crime) e infinita (eterna). Essa analogia normalmente deixa a pessoa pensando.

5a Parada
Romanos 5:8 
“Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós”.
No versículo 10, Paulo nos diz que éramos inimigos de Deus! Em me lembro uma vez que estávamos evangelizando uma senhora (veja o vídeo desse evangelismo aqui) e em um dado momento eu disse para ela que nós éramos inimigos de Deus. Ela parou, pensou um pouco e perguntou “como assim inimigos”. Deus demonstrou amor por nós antes de nós demonstrarmos qualquer coisa por Ele. Não foi por nosso mérito. Não foi porque Ele olhou para nós e viu algo de maravilhoso em nós. Não foi a beleza de nossos olhos. Mas o amor incondicional de Deus por nós. E a maior prova desse amor, foi a morte de Cristo na cruz. Ele morreu em nosso lugar. Nós deveríamos receber a ira de Deus, a justa punição por nossos pecados. Mas Deus colocou sua ira sobre Jesus Cristo na cruz, providenciando uma forma de sermos salvos e a justiça de Deus continuasse a ser cumprida, pelas nossas transgressões.

6a Parada
Romanos 10:13 
“Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.
Você não pode salvar a si mesmo. Lembre-se que nenhum de nós faz o bem e que, não apenas não fazemos o bem, também fazemos o mal quando comparados com um Deus perfeito. Também é importante lembrar que Deus providenciou uma forma de sermos salvos pela morte expiatória de Cristo. Portanto, todo aquele que clamar por misericórdia, que clamar por salvação, receberá isso de Deus. Estou falando de um clamor vindo de um coração arrependido. Arrependimento é importante. Não estou falando aqui de uma oração do pecador. Eu não acho que essas orações sejam úteis. Via de regra, a pessoa acha que foi salva porque vez essa oração, como se houvesse algo de mágico em se dizer essas palavras. Imagine o seguinte, um homem trai a sua esposa. Ele está arrependido disso e quer pedir desculpas por seus atos horrendos. Ela está disposta a ouvir as suas desculpas. Mas o que você acha que ela gostaria de ouvir de seu marido infiel? Uma declaração de arrependimento de seu próprio coração ou uma declaração preparada por uma outra pessoa? Ela vai querer ouvir algo vindo do coração. Assim também é com Deus. Você pode orar pelo pecador arrependido depois, mas deixe que ele fale com Deus do fundo do seu coração se ele quiser fazer isso. Se ele entendeu a mensagem, ele vai saber o que dizer.

7a Parada
Romanos 6:23b 
“mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor”.
Receba esse dom. Essa é a mensagem para o evangelizado. Não ache que você irá conseguir acrescentar mais nada a isso. Nada. Nenhuma boa obra. Como está em Efésios 2:8 “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Tudo o que você vier a fazer para Deus desse momento em diante em nada acrescentará a sua salvação, mas será fruto dela. É importante que você como evangelista se lembre disso para que o evangelizado também entenda.

8a Parada
Romanos 5:1 
“Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”.
Uma vez salvos, somo justificados aos olhos de Deus e regenerados pelo Espírito Santo. Não estamos mais sob condenação (Romanos 8:1) mas somos feitos filhos de Deus.

E chegamos ao final da Via Romana. Através de um grupo de 7 versículos, podemos mostrar biblicamente para as pessoas qual o caminho para a salvação. Você pode levar seus amigos, colegas e qualquer outra pessoa para um passeio pela Via Romana. O resultado dessa caminhada fica nas mãos do Espírito Santo (João 16:8).
E depois? Depois é com Deus. Se Deus realmente converteu o pecador, Ele é responsável por essa pessoa porque “aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus” Filipenses 1:6. Você pode se aproximar, convidá-la para sua igreja ou simplesmente manter contato com ela. Nós costumamos direcionar a pessoa para ler “Economize dor: 10 princípios para o crescimento cristão”.

Agora é a sua vez de calçar as suas sandálias e trilhar essa via.

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Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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