domingo, agosto 01, 2010

Respondendo emails: Testemunhas de Jeová e a política, forças armadas e a sua tradução da Bíblia


Sempre recebemos algum email com perguntas sobre assuntos envolvendo cristianismo e apologética.
Os emails sobre as Testemunhas de Jeová também são freqüentes. Temos até uma intensa troca de emails com um superintendente presidente de um Salão do Reino que estou trabalhando e em breve devo disponibilizar como um e-book para download.
Recebemos o email abaixo de um irmão e acho que a resposta pode ser interessante também para ser postada aqui no blog.

On 25/07/2010 22:48, Irmão wrote:
> Paz sei que amado foi testemunha de Jeová por anos gostaria de sua opinião sobre uns assuntos que eles defendem sobre que pessoa não pode servir a nenhuma força armada como Exercito, policia Militar e Civil e só pode se batizar nessa seita quando se aposenta, outro que são totalmente contra a politica, diz que os Cristão devem se preocupar em pregar o reino de Deus na terra e sobre a Bíblia deles quem traduziu sei que eles diminuíram Jesus e o que e eles crêem sobre Jesus.
>
> obs:sei que poderia pesquisar no google mais vendo o blog do amado pode aprender mais sobre essa seita perigosa nada contra as pessoas de lá sei que tem muita gente boa pena que religiosa e vivem uma heresia desde de já agradecido irmão

Olá Irmão.

Desculpe-me pela demora em responder. Essas últimas semanas estão sendo bem corridas.
Respondendo as suas perguntas, os Testemunhas de Jeová realmente possuem restrições em relação ao envolvimento de seus membros com as forças armadas e de segurança e também com política.
Nenhum membro dessa seita pode ser militar ou policial e também não pode se envolver com a política, seja se candidatando, seja votando. Isso causa alguns problemas para as TJs porque muitos perdem seus direitos políticos por se negarem a prestar o serviço militar obrigatório em nosso país.
A base bíblica, de acordo com a interpretação da Torre de Vigia, é o texto de Isaías 2:4 que diz: "E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra".
O que as TJs ignoram é que esse texto se refere a Israel, não a todo o mundo. Isso fica claro pelo primeiro versículo do livro de Isaías "A visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá" 1:1. Portanto, muito do que está em Isaías deve ser analisado por essa perspectiva.
Uma coisa muito comum na forma de interpretação das Escrituras feita pela Torre de Vigia (a organização formal das Testemunhas de Jeová) é o que eu chamo de pinçamento de versículos. Pega-se versículos totalmente isolados de seu contexto e aplica-se um sentido contrário ao que seria o correto quando o contexto é levado em consideração. Também é importante que sejam ignorados outros versículos que possam contrariar a interpretação assumida. Vou dar um exemplo nesse mesmo caso.
João Batista, que foi profetizado como profeta do altíssimo e que dirigiria "os nossos pés no caminho da paz" (Lucas 1:79), disse o seguinte para os solados que o indagavam sobre o que deveriam fazer: "A ninguém queirais extorquir coisa alguma; nem deis denúncia falsa; e contentai-vos com o vosso soldo" (Lucas 3:14). Veja que João Batista não disse em momento algum que eles deveriam largar as forças armadas porque essa era a vontade de Deus. Não existe nada disse em sua resposta. João apenas instrui em relação serem justos com todos e contentar-se com seus ganhos.
Jesus elogiou a fé de um centurião (Mateus 8:10) e curou o empregado desse homem. Não o repreendeu o deu sinal que estava efetuando a cura por causa de sua fé, mas que repudiava a sua atividade como soldado.
É interessante ver uma contradição na forma que as Testemunhas de Jeová lidam com essa questão. Elas são contas seus membros prestarem serviço militar ou policial, servindo a sua pátria. Mas não possuem problema algum em se beneficiar desse serviço. Se alguma testemunha de Jeová for assaltada, ela vai abrir um boletim de ocorrência e pedir ajuda policial. Esperam proteção de suas fronteiras contra ataques de nações inimigas. Se essas atividades são contra a vontade de Jeová, deveriam também se negar a receber ajuda policial e deveriam estar dispostos a ter suas fronteiras invadidas por qualquer um.
Romanos 13 nos diz da importância de nos submetermos as autoridades governamentais que são instauradas por Deus. E isso inclui a política.
Mas as Testemunhas de Jeová não votam e não se elegem. Elas se baseiam em parte no texto de João 18:36 "Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui".
A técnica de pinçamento de versículos é utilizada aqui novamente. Jesus está sendo julgado por Pilatos e a grande questão é: "És tú o rei dos judeus" (João 18:33), pois era com essa acusação que os judeus queriam que Jesus fosse julgado. E era a essa questão temporal que Jesus estava se referindo. Nenhum proibição ou condenação em relação à existência de governos e participação neles. É necessário retirar e isolar o texto de seu contexto imediato e já possuir uma pré-disposição doutrinária para acreditar que esse texto restrinja a atividade política.
Quero chamar a atenção novamente para mais uma contradição aqui. Apesar de não se envolverem com política pelo voto, as Testemunhas de Jeová são conhecidas por se envolverem com política através de processos judiciais, especialmente no sentido de alterarem leis que lhes são prejudiciais. Entre os anos 30 e 40 nos Estados Unidos, mais de 20 casos foram julgados na Suprema Corte americana, o mais famoso deles foi Minersville School District vs. Gobitis, sobre dois garotos testemunhas de Jeová que se negaram a saudar a bandeira dos Estados Unidos em uma escola americana durante a segunda Guerra.
Muitas das conquistas em relação a liberdade religiosa da Testemunhas de Jeová originaram da participação dessa organização na alteração de leis através de decisões judiciais. Essa é uma outra forma de se envolver ativamente na política. Ou seja, também uma contradição.
Por último, sobre a Tradução do Novo Mundo (TNM) das Escrituras Sagradas, sim, é verdade que eles diminuíram Jesus, o tornando menos que Deus, apenas um deus. Em sua crença, Jesus é o arcanjo Miguel. Ou seja, Jesus é um anjo. O primeiro e mais exaltado de todos, mas ainda assim um anjo.
É importante ressaltar que os tradutores da TNM não possuíam qualquer qualificação para o trabalho de tradução. Vou colocar abaixo um texto que escrevi em resposta a um email de uma Testemunha de Jeová:

A questão sobre a comissão de tradução é bastante interessante. A organização se nega totalmente a informar quais foram seus membros. Com toda certeza isso gera questionamento sobre as qualificações de seus membros, já que verdadeiros eruditos se negariam a ter seus nomes associados a uma versão tão tendenciosa. Se realmente fossem eruditos, seria fácil resolver essa questão, era só liberar o nome de seus tradutores. Mas a Torre de Vigia ainda mantêm essa questão em aberto. Acredito que em tudo isso, a dúvida é bem melhor do que a certeza. Mas vamos nos focar um pouco sobre aquele que era considerado erudito na organização e que se apresentava como tal, Frederick W. Franz, como está em sua autobiografia, publicada na Sentinela de 01/05/1987 “À continuação do meu estudo de latim acrescentei então o estudo do grego. Que bênção era estudar o grego bíblico com o Professor Arthur Kinsella! Com o Dr. Joseph Harry, autor de várias obras gregas, estudei também o grego clássico”.
Vejamos primeiro se essa declaração é verdadeira. Paul Blizard investigou o assunto. Segundo ele, o único curso de grego bíblico oferecido na Universidade de Cincinnati na época era “Novo Testamento – Um curso de gramática e introdução”, de duas horas. Isso pode ser conferido no catálogo de 1911, na página 119. De grego clássico, Franz teve 21 horas de aula, latim foram somente 15 horas e hebraico e siríaco não eram ensinados na Universidade de Cincinnati. Além disso, Arthur Kinsella não possuía PhD, portanto só podia lecionar aulas introdutórias.
Também é interessante notar que em um julgamento que aconteceu na Escócia, em 1954, no caso Walsh versus Clyde, Franz se apresentou ao tribunal. Veja à baixo uma tradução de porções da transcrição do julgamento (ao qual eu possuo um cópia):

Página 7 - 9
Terça-feira, 23 Novembro, 1954.
Pergunta: Você é familiarizado com o hebraico?
Resposta de Franz: Sim.
P: Você também conhece e fala espanhol, português e francês?
R: Espanhol, português e alemão, mas consigo ler em francês.
P: Então você possui um aparato lingüístico substancial ao seu favor.
R: Sim, para uso no trabalho bíblico.
P: Percebo então que você é capaz de ler a Bíblia e entendê-la em hebraico, grego, latim, espanhol, português, alemão e francês?
R: Sim.
P: E era sua responsabilidade em nome da Sociedade verificar a tradução para o inglês do hebraico original do primeiro volume das Escrituras do Velho Testamento?
R: Sim.
No dia seguinte;

Página 102-103
Quarta-feira, 24 Novembro, 1954.
P: Você, você mesmo, lê e fala hebraico?
R: Eu não falo hebraico.
P: Você não fala?
R: Não.
P: Você mesmo poderia traduzir isso aqui para o hebraico?
R: Qual?
P: O quarto versículo do segundo capítulo de Gênesis.
R: Você diz traduzir aqui?
P: Sim.
R: Eu não tentaria fazer isso.

Pelo jeito o aparato lingüístico de Franz desapareceu pela noite. Franz alegou que era familiarizado com hebraico e grego, mas falhou um teste simples em um tribunal. Se ele, que era considerado o maior erudito na organização falhou de uma forma tão vexatória, o que poderíamos dizer dos outros tradutores? Seja como for, essa questão vai continuar em aberto porque, como já foi dito, a dúvida nessa caso é bem melhor que a certeza.

Espero que essas informações tenham sido úteis. Mais tarde eu vou te responder sobre a Trindade e como podemos ter certeza absoluta que esse ensino tem suas raízes na Bíblia.
Que Deus te abençoe e não hesite em nos escrever.

Em Cristo.

Maurilo

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Nas escrituras, tirar os sapatos tem um significado muito especial. Quando Moisés teve seu primeiro confronto com Deus, Ele disse para que ele tirasse seus sapatos porque ele estava em terra santa. Jesus caminhou descalço para o Calvário. Na cultura daquele tempo, estar descalço era o sinal que você era um escravo. Um escravo não tinha direitos. Jesus nos deu o exemplo supremo de renunciar tudo por um grande objetivo.
Loren Cunningham Making Jesus Lord / Marc 8:34,35

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