Quero compartilhar dois textos do livro que estou lendo “Smart Faith: Loving Your God with All Your Mind”. Depois disso quero compartilhar algo mais.
Nós hoje vivemos em uma cultura cristã tão profundamente comprometida com uma forma não-intelectual de entender a fé cristã que esta perspectiva está embutida dentro de nós em um nível subconsciente. Você não leu errado. Nossas idéias subjacentes sobre o cristianismo afetam a forma como pensamos que a igreja deve ser, o que é um bom sermão, para o que vale a pena dar nosso dinheiro, como devemos educar as nossas famílias, onde vamos fazer nossa faculdade, o que devemos estudar e uma série de outros tópicos em nossas vidas. Mas, se a nossa fé é central para o modo como vivemos e o que acreditamos é falho, então a forma como vivemos o nosso cristianismo será preenchido com falhas também. Nossa compreensão do cristianismo moderno nesta área é inconsistente com a Bíblia e com a maior parte da história cristã.
...para aqueles que não têm coragem, o anti-intelectualismo criou um contexto no qual muitas vezes saímos tão superficiais, defensivos e reacionários, em vez de pensativos, confiantes e articulados. Na escola, no trabalho, e às vezes em casa, identificar-se como cristão é muitas vezes considerado o mesmo que usar uma placa que diz, "Idiota da Vila". A maneira como os intelectuais do nosso país reagem às nossas reivindicações de fé é o suficiente para nos enviar correndo para nos escondermos de vergonha. Mas se nós desenvolvermos nossas mentes, vamos aceitar o desafio com coragem e inteligência.
Temos falado muitas vezes aqui no blog sobre o anti-intelectualismo na igreja. A igreja, que deu origem a tantos teólogos, filósofos, cientistas, artistas, escritores e tantos outros, hoje vê o declínio e o ridículo de seus membros na arena pública.
O mundo vê isso. Fé hoje em dia é igualada a irracionalidade e o pior de tudo, é que muitos dentro da nossa fé concordam com isso. Muitos alimentam isso. Não querem pensar sobre a sua fé. Não querem investigar porque têm medo que possam abandoná-la. Mas se possuem uma fé que não pode ser verificada por uma investigação cuidadosa, o que possuem não é uma fé bíblica, mas sim um pensamento positivo religioso. Fé tem fundamento.
O antônimo de fé é descrença. O antônimo de racional é irracional.
Ontem estavamos assistindo um desenho animado que mostrava os cristão de forma muito pejorativa. Os cristão estavam jogando livros que representavam perigo para a fé em uma fogueira. Entre esses livros estavam “A Origem das Espécies” de Charles Darwin, “Uma nova história do tempo”, de Stephen Hawking e também um chamado “Lógica para o ensino fundamental”. Apesar do exagero do desenho, em parte é assim que o mundo nos vê. Os intelectuais são os ateus, dos quais os pobres cristãos morrem de medo. Ao invés de sermos vistos nos caminhos pavimentados pelo grandes pensadores cristãos do passado, somos vistos como ovelhinhas ingênuas dos mega pregadores, mega construtores de templos, mega arrecadadores de dinheiro.
A situação não é boa. Mas existe uma luz no fim do túnel. E aos poucos essa luz está alcançando (timidamente, devo dizer) as massas. Nos últimos 30 anos uma grande leva de filósofos cristãos estão chegando no meio acadêmico e eles estão criando um vigoroso corpo literário muito útil para a fé cristã. Entre eles, J. P. Moreland, Alvin Platinga, Gary Habermas e ultimamente William Lane Craig. Norman Geisler, Greg Koukl e outros estão liderando o movimento pela defesa racional da fé e estão fazendo muitos ateus recuarem em seus argumentos. Ainda vai levar muito tempo para que esse movimento ganhe mais corpo, especialmente aqui no Brasil. Mas estamos trabalhando por isso, pois todo cristão deve estar “sempre preparado para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em você” 1 Pedro 3:15. Ou seja, defesa da fé é para todos os cristãos. Todos.
William Lane Craig uma vez convidou o famoso Richard Dawkins para um debate, já que o Dr. Craig estaria na Europa. Isso aconteceu ano passado eu acho. A resposta de Dawkins foi interessante. Ele disse que não tinha interesse em debater com alguém que não fosse famoso ou que não fosse pelo menos bispo (ou equivalente) em alguma religião. Dawkins disse que não conhecia William Lane Craig e que, enquanto esse debate faria bem para o currículo do Dr. Craig, não traria nenhum benefício para o currículo de Dawkins.
Das duas uma: se Dawkins realmente não sabe quem William Lane Craig é, nada daquilo que Dawkins fala sobre a existência de Deus pode ser levado à sério porque isso prova que ele simplesmente não fez seu trabalho de casa direito. Ele não pesquisou seriamente o assunto, pois se tivesse pesquisado, teria chegado até os trabalhos do Dr. Craig sobre a existência de Deus.
Mas se ele sabe quem o Dr. Craig é, ele preparou um estratagema para evitar um confronto direto com ele, pois sabia que iria tomar uma surra tão grande ou maior do que a levada por Christopher Hitchens em um debate ano passado na Biola University.
O cristianismo é um caminho de fé. Mas também é um caminho intelectual. O cristão que não exercita a sua intelectualidade, que não exercita o seu cérebro dado por Deus, vive um sub-cristianismo, falhando em cumprir aquilo que nos diz as Escrituras:
“Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças”. Marcos 12:28-30
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