-"Quem conquistará o mundo nos anos 1970?"
Os críticos das Testemunhas de Jeová (como nós), sempre apontam para um fato importante da sua teologia: por várias vezes a Torre de Vigia fez predições acerca do fim do mundo. E todas elas falharam vergonhosamente, com a perda de muitos adeptos a cada nova falha.
A justificativa da Torre de Vigia é sempre a mesma: seus seguidores tiveram expectativas exageradas e erradas em relação às datas, assim como os apóstolos tiveram expectativas exageradas sobre a volta do Senhor. A organização transfere a culpa para seus membros.
Ouça a preleção abaixo, em português de Portugal, sobre as "expectativas erradas" dos irmão que se enganaram em relação ao Armagedom. Essa preleção fez parte do Congresso de Distrito 2009 "Mantenha-se Vigilante".
O mais importante são os minutos iniciais da primeira pergunta, mas não quis editar o áudio para não se acusado de "deformar" as informações teocráticas.
Mas seria isso verdade? Será que as Testemunhas de Jeová simplesmente tiveram expectativas erradas por estarem vigilantes? Ou será que elas tiveram tais expectativas porque foram ditas que tais coisas iam acontecer dessa forma? Qual foi a fonte de tais expectativas? A vigilância ou o “canal de comunicação” de Jeová?
Se existirem afirmações por parte do Corpo Governante nas publicações da Torre de Vigia que declaram, sem sombra de duvida, datas específicas para o “fim desse sistema de coisas”, então, o fardo da culpa não deve cair sobre as Testemunhas de Jeová e suas expectativas, mas sim sobre o Corpo Governante, o “escravo fiel e discreto”. Caso essas afirmações não existam, então o “canal de comunicação” de Jeová está livre da culpa. Só nos resta avaliar se a comparação com o erro dos apóstolos do primeiro século é verdadeira nessa situação.
Vejamos se podemos encontrar tais afirmações dentro das próprias publicações da Torre de Vigia que levariam seus seguidores a ter tais expectativas.
Milhões que agora vivem jamais morrerão (1920):
“Este período de tempo principiando 1.575 annos antes da éra Christan, naturalmente terminará no outomno do anuo 1925, data esta, na qual termina o tvpo, e o grande prototypo se iniciará” (página 110, conforme grafia da época)
“Como previamente temos demonstrado, o grande cyclo do jubilo deve principiar em 1925. Nesta data a parte terrestre do Reino será reconhecido” (página 111-112, conforme grafia da época).
Seria alguém justificado em possuir expectativas sobre 1925 somente pela leitura desse livro? Sim, pois o autor, falando em nome de Jeová, garantindo para seus leitores que suas informações foram extraídas única e exclusivamente das Escrituras, define uma data (1925) para o fim desse mundo e o inicio de um novo. Quem é responsável nesse caso pela expectativa errada? O leitor ou o autor do livro? O próprio autor deixa claro suas intenções com o livro “Temos o proposito de guiar as alentes do povo com uma cuidadosa e reverente consideração das promessas divinas”, página 8.
Vida Eterna - Na Liberdade dos Filhos de Deus (1966).
“Segundo esta cronologia bíblica fidedigna, os seis mil anos desde a criação do homem terminarão em 1975 e o sétimo período de mil anos da história humana começará no outono (segundo o hemisfério setentrional) do ano 1975 E. C.” (páginas 28 e 29).
A Sentinela 01/11/68
“Segundo a fidedigna cronologia bíblica, Adão foi criado no ano 4026 A. E. C., provavelmente no outono setentrional daquele ano”.
“Para calcular onde o homem se acha na corrente de tempo em relação ao sétimo dia de Deus de 7000 anos, precisamos determinar quanto tempo decorreu desde o ano da criação de Adão e Eva em 4026 A. E. C”.
“Assim, restam sete anos para chegar aos inteiros 6000 anos do sétimo dia. Sete anos a contar do outono setentrional de 1968 nos levariam ao outono setentrional de 1975, 6000 anos completos do sétimo dia de Deus, seu dia de descanso” (página 659).
“Dentro de alguns anos, no máximo, as partes finais da profecia bíblica relativas a estes 'últimos dias', terão cumprimento” (página 660).
A Sentinela 15/02/1969
“Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do Armagedom já terá acabado até o outono de 1975 e que o reinado milenar de Cristo, há muito aguardado, começará então? Possivelmente”.
“Isso não necessariamente significa que 1975 assinala o fim dos primeiros 6000 anos do sétimo 'dia' criativo de Jeová. Por que não? Porque, depois de sua criação, Adão viveu algum tempo durante o 'sexto dia', quantidade desconhecida de tempo que teria de ser descontado dos 930 anos de Adão, para se determinar quando terminou o sexto período ou 'dia' de sete mil anos e quanto tempo Adão viveu no 'sétimo dia'”.
“A diferença talvez envolva apenas semanas, ou meses, não anos” (página 115).
Lendo-se os textos acima, é fácil perceber que o que levou as Testemunhas de Jeová a terem expectativas erradas não foi a sua vigilância, mas o “escravo fiel e discreto”, que é responsável pela dieta teocrática de seus seguidores. A culpa não é daqueles que esperam ansiosamente pela volta de seu amo, mas sim de falsos profetas que, falando no nome de Deus, definiram datas bastante específicas e anunciaram para o povo “Ali está o Cristo” (Marcos 13:21). Agora, querem se livrar da culpa, dizendo que foram seus seguidores que criaram expectativas erradas. Só não falam que tais expectativas vieram de suas próprias publicações.
Vejamos o que a própria Torre de Vigia diz sobre os requisitos para se considerar um profeta como verdadeiro. No Estudo Perspicaz das Escrituras, na página 338, lemos “Os três elementos essenciais para se confirmar as credenciais do profeta verdadeiro, conforme fornecidos por Moisés, eram: o profeta verdadeiro falaria em nome de Jeová; as coisas preditas ocorreriam (De 18:20-22); e seu profetizar tinha de promover a adoração verdadeira, estando em harmonia com a palavra e os mandamentos revelados de Deus (De 13:1-4)”.
Pela definição da própria organização, a Torre de Vigia não poderia ser considerada como profeta de Jeová porque falhou em dois dos três requisitos: a) as coisas preditas não aconteceram; b) não estava em harmonia com a Palavra e os mandamentos revelados de Deus (Atos 1:7 “A vós não vos compete saber os tempos ou as épocas, que o Pai reservou à sua própria autoridade”).
Ela agiu assim como o “escravo mau” de Mateus 24:48 e seu amo faz muito bem em puni-lo com maior severidade e lhe determinar sua parte com os hipócritas, onde haverá choro e ranger de dentes! É a Torre de Vigia que diz que esse texto é uma profecia, então, eles são obrigados a aceitá-lo como tal!
Ante de terminar, quero abordar uma comparação feita pelo palestrante dizendo que “os apóstolo pensavam que Jesus assumiria o reinado sobre israel logo após ser ressuscitado. No entanto, esse equívoco não era prova que a religião de Deus era falsa”. Portanto, as Testemunhas de Jeová estão justificadas em seus erros proféticos.
Essa comparação é falha por um motivo que talvez escape da mente incauta: nenhum dos apóstolos definiu qualquer data que fosse para a volta de Cristo, mesmo mantendo a esperança que isso fosse acontecer em pouco tempo. Não definiram cronologias, não se ajuntaram em congressos para explicar datas, não publicaram livros e revistas sobre qualquer outono que fosse e principalmente, não precisaram depois desenvolver uma explicação esdrúxula para as falhas de suas expectativas, transferindo a culpa de si para o de seus seguidores.
Seria muito mais honesto por parte da Torre de Vigia reconhecer que errou feio, agiu em desacordo com as Escrituras, se arrepende profundamente das conseqüências e pede perdão aos milhares que foram prejudicados (venda de propriedades para esperar o Armagedom, abandono de plantações, estudos e por aí vai...).
Infelizmente, não é essa a postura adotada pela Torre de Vigia. É por isso que o Corpo Governante é e vai continuar sendo falso profeta, que não fala por Jeová, mas por si próprio.
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