Religião é um assunto recorrente nas revistas sobre ciência, como a SUPERINTERESSANTE ou a Globo Ciência. E o segundo tópico preferido é a Bíblia (o primeiro é Jesus, como eles sempre descobrem coisas novas sobre Jesus que vai mudar a forma como vemos o Filho de Deus e blá, blá, blá). Nesse mês de Dezembro, a SUPER se lança no desafio de definir quem escreveu a Bíblia. E como em todas as outras reportagens sobre religião (especialmente o Cristianismo), promete “mudar sua maneira de ver as Escrituras”.
Um bom resumo desse artigo diz no final das contas a Bíblia não foi escrita por quem acreditamos que foi, ela é muito mais recente do que imaginamos, ela foi alterada várias vezes a bel prazer do teólogo de plantão e mesmo nas traduções, encontramos erros e divergências. E para coroar todas essas afirmações a reportagem termina com a seguinte declaração: “Hoje, os principais estudiosos afirmam que a Bíblia não deve ser lida como um manual de regras literais – e sim como o relato da jornada, tortuosa e cheia de percalços, do ser humano em busca de Deus. Porque esse é, afinal, o verdadeiro sentido dessa árvore de histórias regadas há 3 mil anos por centenas de mãos, cabeças e corações e corações humanos: a crença num sentido transcendente da existência” (enfase acrescentada).
Quando fazemos evangelismo, sempre nos deparamos com esse argumento: a Bíblia é um livro escrito por homens; ela está cheia de contradições; está cheia de erros; ela foi manipulada; adulterada... o que você faz nessas situações? Como responder a essas objeções? Você sabe defender sua fé nas Escrituras como revelação de Deus para o homem?
Pretendo apresentar de forma sucinta nesse post a razão de nossa fé nas Escrituras como Palavra de Deus em comparação com o artigo da SUPER. Essas informações sempre me são úteis nos evangelismo. Espero que também seja útil para você. Vamos lá.
Toda vez que vamos abordar algum assunto, sempre partimos de um pressuposto. É impossível alguém iniciar uma pesquisa se dizendo neutro. Por mais que muitos aleguem isso, sempre temos um pressuposto. Eu iniciei esse post com um pressuposto: a Bíblia foi escrita por Deus e é verdadeira em suas afirmações. Portanto, todo esse texto vai trabalhar nesse sentido. Isso quer dizer que eu vou manipular os dados? Não, mas demonstra que eu tenho um pressuposto. A reportagem da SUPER também parte de um pressuposto: a Bíblia foi escrita por homens e manipulada durante os anos. Assim, informações em contrário acabam sendo ignoradas e o foco acaba sendo tudo aquilo que pode confirmar esse pressuposto, mesmo não fazendo sentido algum. Todos possuímos um pressuposto, só não podemos manipular a verdade em prol do mesmo.
O artigo começa questionando a autoria dos textos, de uma forma diferente da que defende a igreja. Na verdade, ao invés de possuírem um autor definido e identificável, na maioria das vezes, o Velho Testamento deriva de lendas de vários povos em Canaã. Como exemplo citam a lenda de Gilgamesh, uma lenda sobre o diluvio, bastante parecida com a historia de Noé. Afirmam que a lenda de Gilgamesh deu origem a história de Noé. Mas algo que eles falham em perceber é que em critica literária, quando duas historias são parecidas, via de regra a mais simples é a mais antiga. Quando se compara as duas lendas, percebe-se nitidamente que a de Noé é mais simples e a de Gilgamesh mais complexa. É muito mais provável que a versão bíblica seja mais antiga.
A autoria de Moisés para todo o Pentateuco é questionada no artigo. A principal razão para isso é que aparentemente existem vários estilos dentro do texto mosaico, por exemplo, em alguns momentos Deus e chamado de Javé e em outros de Elohim. Alem disso, o texto apresenta um monoteísmo que não existia na época de Moisés e um sistema legislativo incompatível com a época Por isso, acreditam que esses textos foram escritos em 4 períodos diferentes, todos muito depois de Moisés. Essa é uma teoria antiga, que recebeu seus toques finais por Julius Wellhausen em 1895. É chamada de Hipótese Documentaria ou hipótese JEDP e ainda hoje é muito aceita, sendo citada no artigo como consenso. Na verdade essa teoria como um todo parte de um pressuposto que sem o mesmo, toda a teoria entra em colapso: não houve revelação divina, Deus jamais implantou o monoteísmo e jamais falou com Moisés. Alguns pontos que não são considerados pelos defensores dessa teoria:
1- Não existe nenhuma prova documental que sustente essa teoria, ela é baseada única e exclusivamente em especulações Não existem manuscritos, relatos, absolutamente nada que possa levar a considerar essa hipótese como verdadeira.
2-Mesmo entre os autores dessa teoria existe uma enorme dificuldade de se definir qual texto pertence a qual dos autores, pois baseia-se em algo totalmente subjetivo. Hora parte que é considerada jeovista, hora é considerada eloísta.
3-A grande maioria dos achados arqueológicos do últimos seculos demonstra que o autor do Pentateuco possuía um grande conhecimento da cultura da época de Moisés Por exemplo, achados sobre a cultura dos heteus mostram que o relatos de Gênesis 23 são verdadeiros e somente alguém que teve contato com os heteus poderia ter tamanho conhecimento. Os heteus ainda estavam perambulando por aquela região na época de Moisés
4- Sabe-se hoje em que o monoteísmo é muito mais antigo do que imaginávamos. Achados arqueológicos datam os primeiros movimentos monoteístas para a época de Moisés.
5- A descoberta de varies códigos legislativos até anteriores ao mosaico demonstra que é totalmente plausível o desenvolvimento das leis conforme no Pentateuco.
6- Moisés declara autoria do texto (Exo 17:14; Num 33:2) e Jesus também afirma que Moisés escreveu a Lei (Mat 8:4).
Nenhum dos fatores acima é levado em consideração pelo artigo. Um outro motivo apresentado para negar a autoria mosaica é que Deuteronômio descreve a morte de Moisés e todos concordamos que ele jamais poderia ter escrito essa parte. Por isso o artigo descarta a autoria de Moisés de todo o texto. Com certeza outra pessoa escreveu essa parte, provavelmente o autor de Josué. Mas isso não é razão suficiente para negar a autoria mosaica. O parágrafo seguinte diz que a crueldade aparente de Deus no Velho Testamento é devida as lutas que os autores bíblicos enfrentavam com povos vizinhos, ele estavam "extravasando sua angústia". Aqui o grande problema é uma visão distorcida de quem Deus é. Deus se apresenta como amoroso nas Escrituras mas esse não é seu maior atributo. Repetidas vezes Deus declara que Ele é justo e não tolera o pecado e que irá julgar a humanidade. Quando Deus mandou Israel aniquilar os povos vizinhos, Ele estava agindo com justiça sobre esses povos, pois eram pecadores. A bondade de Deus se revela ao homem na pessoa de Jesus Cristo. Isso poucas pessoas querem entender.
Com a finalização da cânone hebraico, inicia-se a formação do cristão Uma coisa para que achei engraçada no artigo foi o comentário do teólogo Paulo Nogueira para a motivação que levou os cristão a escrever o Novo Testamento: "os cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade". Fico imaginando pobres cristãos pensando sobre sua identidade mau formada enquanto aguardavam para serem devorados pelos leões! Não, grande parte do Novo Testamento foi escrito para defender o cristianismo de heresias que estavam se infiltrando na igreja. Isso não é debater sua identidade, mas defender os ensinos que Deus revelou através dos apóstolos. Eu acredito plenamente que uma pessoa que tem coragem de morrer por suas crenças, morrer uma morte terrível, já tem sua identidade bem formada. Mais uma vez, o pressuposto de que a Bíblia não é uma revelação de Deus, mas simplesmente um livro escrito por homens determina todas as conclusões neste artigo.
Uma alegação muito comum sobre o Novo Testamento é que, já que não possuímos os originais dos autores bíblicos, as copias que possuímos estão cheias de erros, pois por terem sido copiadas a mão, aqueles que faziam as copias alteravam o texto, seja por erros, seja propositalmente.
Um pouco de informação e sempre útil aqui. Temos mais de 5 mil manuscritos gregos dos primeiros seculos do Novo Testamento. Só para se ter noção da importância desse numero, os 6 mais influentes e importantes livros da antiguidade juntos possuem menos de mil manuscritos. E se acrescentar os manuscritos em outras línguas, temos mais de 25 mil cópias. Eles concordam em 95% do texto, o que já e admirável levando-se em consideração que eram copiados a exaustão. Os 5% discordantes se referem em sua grande maioria à ordem de palavras (Cristo Jesus ao invés de Jesus Cristo, por exemplo) e em nenhum momento essas diferenças possuem qualquer influência sobre doutrinas centrais do cristianismo.
Se somente isso não fosse suficiente, mesmo que não possuíssemos tantos manuscritos seria possível reconstruir todo o Novo Testamento a partir dos textos dos pais da igreja, que citavam constantemente os textos que já eram reconhecidos como Escrituras no primeiro e segundo seculos.
Alega-se no artigo que o texto da mulher adultera do evangelho de João foi inserido por um escriba no seculo 3. O motivo para essa colocação é porque nesse período o cristianismo estava se distanciando do judaísmo, então era importante que eles se distanciassem da lei mosaica, que diz que uma adultera deve ser apedrejada. Não existe prova disso. Esse texto não consta em muitos manuscritos e em outros ele está deslocado, colocado em outro lugar. Mas não somente a parte da mulher adúltera, mas todo o texto anterior, que vai de João 7:53 ate 8:11. É possível que esse texto não faça parte do original, mas não temos prova disso, já que alguns manuscritos trazem esse texto. Também é possível que esse texto fizesse parte de uma tradição oral. Mesmo que esse texto não tenha feito parte do original, o que não temos certeza, não podemos afirmar quando foi inserido nem por quem e muito menos o porque, já que qualquer conclusão nesse sentido é totalmente especulativa. Além disso, existe algo que muitos pesquisidores ignoram (por causa de seu pressuposto): Jesus mesmo afirmou que não veio para destruir a Lei, mas para cumpri-la. Por que então Jesus não deixou que aqueles homens apedrejassem a mulher adultera? Porque a Lei possuiu uma única razão, mostrar o quanto somos pecadores e aqueles homens que queriam apedrejá-la se achavam justos. Quando viram, pela mesma Lei que queriam usar para condenar a mulher, que eram tao pecadores quanto ela, não puderam mais continuar.
A formação do Cânone é normalmente mal representada nas revistas e livros, especialmente aqueles que negam a autoria divina da Bíblia. Via de regra alegam que foi um ato do imperador Constantino no concílio de Nicéia e ali pela primeira vez tivemos a lista dos 27 livros. O artigo da SUPER traz pelo menos uma novidade, a historia de Marcião e como ele editou a primeira versão do Novo Testamento, bastante diferente da nossa. Mas como ele era um gnóstico e o gnosticismo foi declarado heresia em 170 AD, ele foi excomungado.
O cânone cristão foi ganhando forma nos três primeiros seculos e foi autenticado pela igreja como um todo no concílio de Nicéia, mas a lista não era nova e não ficaram decidindo o que deveria ou não entrar arbitrariamente. É importante lembrar que os principais livros já estavam definidos pois a igreja como corpo ia compartilhando uma com a outra os texto que possuíam. Uma das convenções que a igreja adotou muito antes de Nicéia foi que para ser considerado como escritura, o texto deveria ter sido escrito por um apóstolo ou sob a orientação de um. Por isso os quatro evangelhos que conhecemos foram facilmente aceitos. Mateus e João escritos diretamente pelos apóstolos e Lucas e Marcos sob a orientação de um apóstolo (Paulo e Pedro, respectivamente). Atos e as cartas paulinas foram rapidamente adicionadas como Escrituras. Um outro critério era que o texto pretendente a ser considerado inspirado deveria ter sido escrito pouco tempo depois de Cristo. Por isso nenhum escrito depois do primeiro século (ou melhor dizendo, apos a morte dos apóstolos) foi aceito. Já ao final do primeiro século, uma boa parte do cânone cristão já estava definido. E as Escrituras hebraicas sempre fizeram parte desse cânone. E mais uma coisa importante, o gnosticismo não foi declarado heresia somente em 170, na verdade João já combatia essa heresia, como podemos confirmar em 1 João onde diz que todo aquele que nega que Cristo veio em carne não é de Deus. O gnosticismo pregava que Cristo não tinha vindo em carne, porque a carne representa o mau.
Quando o concílio de Nicéia se reuniu em 325, poucas dúvidas haviam sobre quais livros estariam oficialmente no que temos hoje como Novo Testamento. Alias, a principal razão para a convocação do concílio não era nem estabelecer o cânone, mas sim lidar com a questão Ariana, uma heresia que o bispo Ario estava espalhando, dizendo que Cristo havia sido criado por Deus, não sendo eterno como o Pai. Ario foi chamado para explicar sobre essa questão e como não se arrependeu por ensinar heresias, foi excomungado. Ali se criou o credo de Atanásio, uma linda declaração de fé que todo cristão deveria ler ao menos uma vez na vida. Na verdade, a lista com os 27 livros foi definida por Atanásio em 365 e confirmada no concílio de Constantinopla em 381.
A autoria de Paulo sobre um trecho de uma de suas cartas é questionada porque o texto parece ser bem machista e Paulo viveu em uma época que o cristianismo era bastante favorável para com as mulheres. Mais uma vez, a especulação e o pressuposto (sempre ele) definem a autoria de um texto. Duas coisas a considerar: primeiro, Paulo era fariseu antes de se converter e para os fariseus a mulher era menos do que um ser humano. O testemunho de uma mulher, por exemplo valia metade do testemunho de um homem (interessantemente, mesmo sabendo disso, Jesus primeiro apareceu para mulheres quando ressuscitou. E tem gente que diz que a Bíblia e machista...). Segundo, em outros texto Paulo compara a relação Cristo/igreja com a relação marido/esposa sendo homem como Cristo e a mulher como a igreja. O homem tem autoridade sobre a mulher como Cristo tem sobre a igreja e o homem deve amar a mulher como Cristo ama a igreja, a ponto de morrer por ela. Isso e machismo?
Uma questão importante que o texto traz é a questão da tradução e existe uma tendência no texto a dizer que a Bíblia foi traduzida de forma errada ou ao gosto do teólogo de plantão. É verdade que algumas traduções são bastante tendenciosas, mesmo algumas modernas (creio que a maior de todas é a Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová) mas uma coisa é ser tendencioso, outra coisas é buscar ao máximo o verdadeiro significado de um texto. E é aqui que o texto novamente erra (ou age de forma tendenciosa). Um exemplo é a palavra metanóia, que foi traduzida na Vulgata como penitência e que Lutero traduziu como arrependimento (reviravolta no artigo da SUPER). Etimologicamente falando, metanóia quer dizer “voltar atrás”, “mudança de caminho ou de oponião”. Ela sempre teve essa conotação nos escritos da antiguidade. Traduzi-la por arrependimento (ou mesmo reviravolta) faz mais sentido se observarmos a raiz da palavra e o conjunto dos ensinos do Novo Testamento do que a palavra penitência. O grande William Tyndale traduziu a palavra ecclesia por congregação, ao invés de igreja e segundo o artigo foi queimado por isso. Na verdade, o fato de ter feito a tradução foi o que o levou para a fogueira, pois isso era totalmente proibido. Ecclesia pode ser traduzida tanto por igreja quanto por congregação, já que possuem o mesmo significado. Ecclesia quer dizer ajuntamento de pessoas, reunião, aqueles que são chamados para se unirem. Aproveitando, pesquisem sobre Tyndale, a historia desse cristão é fantástica!
O artigo termina com o questionamento sobre como devemos traduzir a Bíblia e como devemos lê-la. Devemos seguir o literalismo e voltar as antigas práticas do VT ou devemos ter uma visão mais alegórica, como um livro sobre a jornada do homem em busca de Deus? O que vai definir a minha abordagem das Escrituras é a minha crença sobre sua inspiração. Se a Bíblia é a palavra de Deus para o homem, na qual ele se revela e revela sua vontade para todo nos, então, eu vou lê-la como um todo e como um todo obedecê-la. Isso quer dizer que devo sair por ai apedrejando adúlteras? Não, isso quer dizer duas coisas: primeiro, eu não vou ficar pensando “o que esse texto quer dizer para mim”, não, já que a Bíblia é a revelação de Deus para o homem eu vou lê-la e buscar entender o que o texto significa para seu autor. O que Deus quis dizer naquele texto? Como os leitores originais entendiam esse texto? É assim que eu devo entendê-lo. Isso é regra de hermenêutica numero 1. Segundo, estamos sob uma nova aliança e todo o Velho Testamento deve ser interpretado através do Novo. Cristo cumpriu a Lei por nós, por isso não estamos atrelados a ela. Precisamos ter nossa soteriologia bem definida para poder ler as Escrituras e fazer o que ela diz. Minha sugestão, compre um bom livro de hermenêutica. Vai ter fazer maravilhas.
Tenho a mais absoluta certeza que esse não é o ultimo artigo a atacar a autoria divina das Escrituras. Periodicamente vamos ser abordados sobre isso, especialmente aqueles que compartilham sua fé e fazem evangelismo nas ruas. Mas é importante que estejamos prontos para dar a razão de nossa fé e estejamos preparados, pois não cremos em um conto de fadas sem fundamentos, mas sim em um Deus que se revelou para a humanidade através das Escrituras. Meu irmão, tenha certeza que a Bíblia é a palavra de Deus.
Espero sinceramente que esse post tenha ajudado.
Um bom resumo desse artigo diz no final das contas a Bíblia não foi escrita por quem acreditamos que foi, ela é muito mais recente do que imaginamos, ela foi alterada várias vezes a bel prazer do teólogo de plantão e mesmo nas traduções, encontramos erros e divergências. E para coroar todas essas afirmações a reportagem termina com a seguinte declaração: “Hoje, os principais estudiosos afirmam que a Bíblia não deve ser lida como um manual de regras literais – e sim como o relato da jornada, tortuosa e cheia de percalços, do ser humano em busca de Deus. Porque esse é, afinal, o verdadeiro sentido dessa árvore de histórias regadas há 3 mil anos por centenas de mãos, cabeças e corações e corações humanos: a crença num sentido transcendente da existência” (enfase acrescentada).
Quando fazemos evangelismo, sempre nos deparamos com esse argumento: a Bíblia é um livro escrito por homens; ela está cheia de contradições; está cheia de erros; ela foi manipulada; adulterada... o que você faz nessas situações? Como responder a essas objeções? Você sabe defender sua fé nas Escrituras como revelação de Deus para o homem?
Pretendo apresentar de forma sucinta nesse post a razão de nossa fé nas Escrituras como Palavra de Deus em comparação com o artigo da SUPER. Essas informações sempre me são úteis nos evangelismo. Espero que também seja útil para você. Vamos lá.
Toda vez que vamos abordar algum assunto, sempre partimos de um pressuposto. É impossível alguém iniciar uma pesquisa se dizendo neutro. Por mais que muitos aleguem isso, sempre temos um pressuposto. Eu iniciei esse post com um pressuposto: a Bíblia foi escrita por Deus e é verdadeira em suas afirmações. Portanto, todo esse texto vai trabalhar nesse sentido. Isso quer dizer que eu vou manipular os dados? Não, mas demonstra que eu tenho um pressuposto. A reportagem da SUPER também parte de um pressuposto: a Bíblia foi escrita por homens e manipulada durante os anos. Assim, informações em contrário acabam sendo ignoradas e o foco acaba sendo tudo aquilo que pode confirmar esse pressuposto, mesmo não fazendo sentido algum. Todos possuímos um pressuposto, só não podemos manipular a verdade em prol do mesmo.
O artigo começa questionando a autoria dos textos, de uma forma diferente da que defende a igreja. Na verdade, ao invés de possuírem um autor definido e identificável, na maioria das vezes, o Velho Testamento deriva de lendas de vários povos em Canaã. Como exemplo citam a lenda de Gilgamesh, uma lenda sobre o diluvio, bastante parecida com a historia de Noé. Afirmam que a lenda de Gilgamesh deu origem a história de Noé. Mas algo que eles falham em perceber é que em critica literária, quando duas historias são parecidas, via de regra a mais simples é a mais antiga. Quando se compara as duas lendas, percebe-se nitidamente que a de Noé é mais simples e a de Gilgamesh mais complexa. É muito mais provável que a versão bíblica seja mais antiga.
A autoria de Moisés para todo o Pentateuco é questionada no artigo. A principal razão para isso é que aparentemente existem vários estilos dentro do texto mosaico, por exemplo, em alguns momentos Deus e chamado de Javé e em outros de Elohim. Alem disso, o texto apresenta um monoteísmo que não existia na época de Moisés e um sistema legislativo incompatível com a época Por isso, acreditam que esses textos foram escritos em 4 períodos diferentes, todos muito depois de Moisés. Essa é uma teoria antiga, que recebeu seus toques finais por Julius Wellhausen em 1895. É chamada de Hipótese Documentaria ou hipótese JEDP e ainda hoje é muito aceita, sendo citada no artigo como consenso. Na verdade essa teoria como um todo parte de um pressuposto que sem o mesmo, toda a teoria entra em colapso: não houve revelação divina, Deus jamais implantou o monoteísmo e jamais falou com Moisés. Alguns pontos que não são considerados pelos defensores dessa teoria:
1- Não existe nenhuma prova documental que sustente essa teoria, ela é baseada única e exclusivamente em especulações Não existem manuscritos, relatos, absolutamente nada que possa levar a considerar essa hipótese como verdadeira.
2-Mesmo entre os autores dessa teoria existe uma enorme dificuldade de se definir qual texto pertence a qual dos autores, pois baseia-se em algo totalmente subjetivo. Hora parte que é considerada jeovista, hora é considerada eloísta.
3-A grande maioria dos achados arqueológicos do últimos seculos demonstra que o autor do Pentateuco possuía um grande conhecimento da cultura da época de Moisés Por exemplo, achados sobre a cultura dos heteus mostram que o relatos de Gênesis 23 são verdadeiros e somente alguém que teve contato com os heteus poderia ter tamanho conhecimento. Os heteus ainda estavam perambulando por aquela região na época de Moisés
4- Sabe-se hoje em que o monoteísmo é muito mais antigo do que imaginávamos. Achados arqueológicos datam os primeiros movimentos monoteístas para a época de Moisés.
5- A descoberta de varies códigos legislativos até anteriores ao mosaico demonstra que é totalmente plausível o desenvolvimento das leis conforme no Pentateuco.
6- Moisés declara autoria do texto (Exo 17:14; Num 33:2) e Jesus também afirma que Moisés escreveu a Lei (Mat 8:4).
Nenhum dos fatores acima é levado em consideração pelo artigo. Um outro motivo apresentado para negar a autoria mosaica é que Deuteronômio descreve a morte de Moisés e todos concordamos que ele jamais poderia ter escrito essa parte. Por isso o artigo descarta a autoria de Moisés de todo o texto. Com certeza outra pessoa escreveu essa parte, provavelmente o autor de Josué. Mas isso não é razão suficiente para negar a autoria mosaica. O parágrafo seguinte diz que a crueldade aparente de Deus no Velho Testamento é devida as lutas que os autores bíblicos enfrentavam com povos vizinhos, ele estavam "extravasando sua angústia". Aqui o grande problema é uma visão distorcida de quem Deus é. Deus se apresenta como amoroso nas Escrituras mas esse não é seu maior atributo. Repetidas vezes Deus declara que Ele é justo e não tolera o pecado e que irá julgar a humanidade. Quando Deus mandou Israel aniquilar os povos vizinhos, Ele estava agindo com justiça sobre esses povos, pois eram pecadores. A bondade de Deus se revela ao homem na pessoa de Jesus Cristo. Isso poucas pessoas querem entender.
Com a finalização da cânone hebraico, inicia-se a formação do cristão Uma coisa para que achei engraçada no artigo foi o comentário do teólogo Paulo Nogueira para a motivação que levou os cristão a escrever o Novo Testamento: "os cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade". Fico imaginando pobres cristãos pensando sobre sua identidade mau formada enquanto aguardavam para serem devorados pelos leões! Não, grande parte do Novo Testamento foi escrito para defender o cristianismo de heresias que estavam se infiltrando na igreja. Isso não é debater sua identidade, mas defender os ensinos que Deus revelou através dos apóstolos. Eu acredito plenamente que uma pessoa que tem coragem de morrer por suas crenças, morrer uma morte terrível, já tem sua identidade bem formada. Mais uma vez, o pressuposto de que a Bíblia não é uma revelação de Deus, mas simplesmente um livro escrito por homens determina todas as conclusões neste artigo.
Uma alegação muito comum sobre o Novo Testamento é que, já que não possuímos os originais dos autores bíblicos, as copias que possuímos estão cheias de erros, pois por terem sido copiadas a mão, aqueles que faziam as copias alteravam o texto, seja por erros, seja propositalmente.
Um pouco de informação e sempre útil aqui. Temos mais de 5 mil manuscritos gregos dos primeiros seculos do Novo Testamento. Só para se ter noção da importância desse numero, os 6 mais influentes e importantes livros da antiguidade juntos possuem menos de mil manuscritos. E se acrescentar os manuscritos em outras línguas, temos mais de 25 mil cópias. Eles concordam em 95% do texto, o que já e admirável levando-se em consideração que eram copiados a exaustão. Os 5% discordantes se referem em sua grande maioria à ordem de palavras (Cristo Jesus ao invés de Jesus Cristo, por exemplo) e em nenhum momento essas diferenças possuem qualquer influência sobre doutrinas centrais do cristianismo.
Se somente isso não fosse suficiente, mesmo que não possuíssemos tantos manuscritos seria possível reconstruir todo o Novo Testamento a partir dos textos dos pais da igreja, que citavam constantemente os textos que já eram reconhecidos como Escrituras no primeiro e segundo seculos.
Alega-se no artigo que o texto da mulher adultera do evangelho de João foi inserido por um escriba no seculo 3. O motivo para essa colocação é porque nesse período o cristianismo estava se distanciando do judaísmo, então era importante que eles se distanciassem da lei mosaica, que diz que uma adultera deve ser apedrejada. Não existe prova disso. Esse texto não consta em muitos manuscritos e em outros ele está deslocado, colocado em outro lugar. Mas não somente a parte da mulher adúltera, mas todo o texto anterior, que vai de João 7:53 ate 8:11. É possível que esse texto não faça parte do original, mas não temos prova disso, já que alguns manuscritos trazem esse texto. Também é possível que esse texto fizesse parte de uma tradição oral. Mesmo que esse texto não tenha feito parte do original, o que não temos certeza, não podemos afirmar quando foi inserido nem por quem e muito menos o porque, já que qualquer conclusão nesse sentido é totalmente especulativa. Além disso, existe algo que muitos pesquisidores ignoram (por causa de seu pressuposto): Jesus mesmo afirmou que não veio para destruir a Lei, mas para cumpri-la. Por que então Jesus não deixou que aqueles homens apedrejassem a mulher adultera? Porque a Lei possuiu uma única razão, mostrar o quanto somos pecadores e aqueles homens que queriam apedrejá-la se achavam justos. Quando viram, pela mesma Lei que queriam usar para condenar a mulher, que eram tao pecadores quanto ela, não puderam mais continuar.
A formação do Cânone é normalmente mal representada nas revistas e livros, especialmente aqueles que negam a autoria divina da Bíblia. Via de regra alegam que foi um ato do imperador Constantino no concílio de Nicéia e ali pela primeira vez tivemos a lista dos 27 livros. O artigo da SUPER traz pelo menos uma novidade, a historia de Marcião e como ele editou a primeira versão do Novo Testamento, bastante diferente da nossa. Mas como ele era um gnóstico e o gnosticismo foi declarado heresia em 170 AD, ele foi excomungado.
O cânone cristão foi ganhando forma nos três primeiros seculos e foi autenticado pela igreja como um todo no concílio de Nicéia, mas a lista não era nova e não ficaram decidindo o que deveria ou não entrar arbitrariamente. É importante lembrar que os principais livros já estavam definidos pois a igreja como corpo ia compartilhando uma com a outra os texto que possuíam. Uma das convenções que a igreja adotou muito antes de Nicéia foi que para ser considerado como escritura, o texto deveria ter sido escrito por um apóstolo ou sob a orientação de um. Por isso os quatro evangelhos que conhecemos foram facilmente aceitos. Mateus e João escritos diretamente pelos apóstolos e Lucas e Marcos sob a orientação de um apóstolo (Paulo e Pedro, respectivamente). Atos e as cartas paulinas foram rapidamente adicionadas como Escrituras. Um outro critério era que o texto pretendente a ser considerado inspirado deveria ter sido escrito pouco tempo depois de Cristo. Por isso nenhum escrito depois do primeiro século (ou melhor dizendo, apos a morte dos apóstolos) foi aceito. Já ao final do primeiro século, uma boa parte do cânone cristão já estava definido. E as Escrituras hebraicas sempre fizeram parte desse cânone. E mais uma coisa importante, o gnosticismo não foi declarado heresia somente em 170, na verdade João já combatia essa heresia, como podemos confirmar em 1 João onde diz que todo aquele que nega que Cristo veio em carne não é de Deus. O gnosticismo pregava que Cristo não tinha vindo em carne, porque a carne representa o mau.
Quando o concílio de Nicéia se reuniu em 325, poucas dúvidas haviam sobre quais livros estariam oficialmente no que temos hoje como Novo Testamento. Alias, a principal razão para a convocação do concílio não era nem estabelecer o cânone, mas sim lidar com a questão Ariana, uma heresia que o bispo Ario estava espalhando, dizendo que Cristo havia sido criado por Deus, não sendo eterno como o Pai. Ario foi chamado para explicar sobre essa questão e como não se arrependeu por ensinar heresias, foi excomungado. Ali se criou o credo de Atanásio, uma linda declaração de fé que todo cristão deveria ler ao menos uma vez na vida. Na verdade, a lista com os 27 livros foi definida por Atanásio em 365 e confirmada no concílio de Constantinopla em 381.
A autoria de Paulo sobre um trecho de uma de suas cartas é questionada porque o texto parece ser bem machista e Paulo viveu em uma época que o cristianismo era bastante favorável para com as mulheres. Mais uma vez, a especulação e o pressuposto (sempre ele) definem a autoria de um texto. Duas coisas a considerar: primeiro, Paulo era fariseu antes de se converter e para os fariseus a mulher era menos do que um ser humano. O testemunho de uma mulher, por exemplo valia metade do testemunho de um homem (interessantemente, mesmo sabendo disso, Jesus primeiro apareceu para mulheres quando ressuscitou. E tem gente que diz que a Bíblia e machista...). Segundo, em outros texto Paulo compara a relação Cristo/igreja com a relação marido/esposa sendo homem como Cristo e a mulher como a igreja. O homem tem autoridade sobre a mulher como Cristo tem sobre a igreja e o homem deve amar a mulher como Cristo ama a igreja, a ponto de morrer por ela. Isso e machismo?
Uma questão importante que o texto traz é a questão da tradução e existe uma tendência no texto a dizer que a Bíblia foi traduzida de forma errada ou ao gosto do teólogo de plantão. É verdade que algumas traduções são bastante tendenciosas, mesmo algumas modernas (creio que a maior de todas é a Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová) mas uma coisa é ser tendencioso, outra coisas é buscar ao máximo o verdadeiro significado de um texto. E é aqui que o texto novamente erra (ou age de forma tendenciosa). Um exemplo é a palavra metanóia, que foi traduzida na Vulgata como penitência e que Lutero traduziu como arrependimento (reviravolta no artigo da SUPER). Etimologicamente falando, metanóia quer dizer “voltar atrás”, “mudança de caminho ou de oponião”. Ela sempre teve essa conotação nos escritos da antiguidade. Traduzi-la por arrependimento (ou mesmo reviravolta) faz mais sentido se observarmos a raiz da palavra e o conjunto dos ensinos do Novo Testamento do que a palavra penitência. O grande William Tyndale traduziu a palavra ecclesia por congregação, ao invés de igreja e segundo o artigo foi queimado por isso. Na verdade, o fato de ter feito a tradução foi o que o levou para a fogueira, pois isso era totalmente proibido. Ecclesia pode ser traduzida tanto por igreja quanto por congregação, já que possuem o mesmo significado. Ecclesia quer dizer ajuntamento de pessoas, reunião, aqueles que são chamados para se unirem. Aproveitando, pesquisem sobre Tyndale, a historia desse cristão é fantástica!
O artigo termina com o questionamento sobre como devemos traduzir a Bíblia e como devemos lê-la. Devemos seguir o literalismo e voltar as antigas práticas do VT ou devemos ter uma visão mais alegórica, como um livro sobre a jornada do homem em busca de Deus? O que vai definir a minha abordagem das Escrituras é a minha crença sobre sua inspiração. Se a Bíblia é a palavra de Deus para o homem, na qual ele se revela e revela sua vontade para todo nos, então, eu vou lê-la como um todo e como um todo obedecê-la. Isso quer dizer que devo sair por ai apedrejando adúlteras? Não, isso quer dizer duas coisas: primeiro, eu não vou ficar pensando “o que esse texto quer dizer para mim”, não, já que a Bíblia é a revelação de Deus para o homem eu vou lê-la e buscar entender o que o texto significa para seu autor. O que Deus quis dizer naquele texto? Como os leitores originais entendiam esse texto? É assim que eu devo entendê-lo. Isso é regra de hermenêutica numero 1. Segundo, estamos sob uma nova aliança e todo o Velho Testamento deve ser interpretado através do Novo. Cristo cumpriu a Lei por nós, por isso não estamos atrelados a ela. Precisamos ter nossa soteriologia bem definida para poder ler as Escrituras e fazer o que ela diz. Minha sugestão, compre um bom livro de hermenêutica. Vai ter fazer maravilhas.
Tenho a mais absoluta certeza que esse não é o ultimo artigo a atacar a autoria divina das Escrituras. Periodicamente vamos ser abordados sobre isso, especialmente aqueles que compartilham sua fé e fazem evangelismo nas ruas. Mas é importante que estejamos prontos para dar a razão de nossa fé e estejamos preparados, pois não cremos em um conto de fadas sem fundamentos, mas sim em um Deus que se revelou para a humanidade através das Escrituras. Meu irmão, tenha certeza que a Bíblia é a palavra de Deus.
Espero sinceramente que esse post tenha ajudado.
18 comentários:
Caros Maurilo & Vivian
Para quem não está condicionado á partida, por conceitos e preconceitos que inviabilizem o pensamento racional, livre e isento, definir o seu texto como errado torna-se ingrato porque ele simplesmente não faz sentido. Pelo que concluir que “a ignorância poderá ser de facto bastante assustadora” será apenas um pormenor.
Você está enganado, só não sei se por ignorância, ou se mente deliberadamente.Se for o primeiro caso, estará sempre a tempo de corrigi-lo. Se for o segundo, é lamentável que tente justificar os seus preconceitos mentindo.
A defesa da sua “tese” é efectuada de forma deficiente, fértil em falsidades e com argumentação circular, ou seja com argumentos do próprio livro que se pretende refutar.
É normal que quem assuma uma postura autista de defesa do indefensável ignore o que os outros dizem e teime em fingir que é verdade o que gostaria que fosse verdade.
A “bíblia” é apenas uma colectânea de obras, escolhidas por conveniência, escritas pela mão do homem e que ao longo dos tempos terão sido sujeitas a revisões, correcções, edições e censuras bastante drásticas. Tal como existe hoje, a “bíblia” é o produto de um processo selectivo mais ou menos arbitrário que podia incluir muitos mais livros e escritos do que inclui, alguns com uma pretensão perfeitamente válida de veracidade histórica.
Em 367 d.C., o Bispo Atanásio de Alexandria compilou uma lista de obras a serem incluídas no Novo Testamento. Esta lista foi ratificada pelo Sínodo da Igreja em Hippo, em 393d.C, e novamente pelo Sínodo de Cartago, quatro anos mais tarde.
Foi nestes sínodos, que um conclave de eclesiásticos decidiu “infalivelmente”, que certas obras reunidas deveriam formar o Novo Testamento – tal como o conhecemos hoje –, enquanto outras, soberbamente ignoradas ou deliberadamente excluídas poderiam ter sido incluídos.
Os quatro evangelhos (canónicos) escolhidos em detrimento de muitos outros (apócrifos) terão sido uma tentativa de correcção ou refutação, por conveniência, ao “evangelho de Tomé”, o mais antigo dos evangelhos, rejeitado pelo conteúdo comprometedor que permite diferenciar entre o “Jesus” da história e o “Cristo” da fé.
É óbvio que estes “evangelhos” (apócrifos) sejam motivo de preocupação para a igreja, pois neles, Jesus diz: "Não construam uma igreja em cima do meu nome", enquanto por outro lado, pela Bíblia diz a Pedro que seja a base de sua igreja.
Poderíamos argumentar sobre as razões porque foram assim classificados, canónicos ou apócrifos, bem como falar de partes desaparecidas e outras convenientemente subtraídas.
A interpretação literal da “obra” é efectivamente um erro, não só pela sua antiguidade mas também por estarem desfasados da realidade actual, escrita por gente com conhecimentos limitados numa área limitada e remota. Assim sendo, falar de “evangelhos” e de verdade é tentar justificar o injustificável ou promover uma regressão ao obscurantismo, pois a “terra” já deixou de ser o centro do universo, passando a estar no extremo de uma galáxia e “Adão e Eva” já passaram a mitologia, porque se não foram primatas terão sido parentes muito próximos.
Existem também passagens das “escrituras” que nos condicionam pela sua barbaridade. Como o Levítico que sugere que a escravidão é aceitável ou o Deutoronômio que recomenda o apedrejamento do filho, do pai, da mãe ou do irmão se estes se desviarem do caminho da fé.
[Um “deus” que recomenda o apedrejamento de um filho… o maior favor que poderia conceder á humanidade era deixar de existir.]
O comentário já vai longo, pelo que me penitencio, mas falar de religião ignorando a historicidade é ignorar a existência de um abismo entre a seriedade e a frivolidade.
Olá Asmodeu, obrigado pela visita ao nosso blog. Gostei muito do seu comentário, apesar de obviamente discordar dele. E exatamente por isso, acredito que uma resposta a seus argumentos seja bem vinda, mesmo você tendo feito exatamente a mesma coisa que parece repudiar, escrevendo um texto não livre de conceitos e preconceitos, que a meu ver, inviabilizam para que você possa ter um pensamento racional, livre e isento.
Seja por ignorância, seja deliberadamente eu não estou enganado. Minha argumentação ao texto não está baseada em mentiras, mas sim em uma vasta e extensa documentação que pode ser averiguada por qualquer um, além de mais de dois mil anos de cristianismo.
Meu argumentos não são circulares, seriam se eu simplesmente afirmasse “a Bíblia é a Palavra de Deus porque diz que é” e não apresentasse nenhum ponto além desse. É verdade, a Bíblia alega que é a Palavra de Deus, mas a grande pergunta não é se eu estou ou não usando pensamento circular quando digo isso, mas sim se essa alegação é verdadeira, porque se for, o pensamento circular pouco importa. Eu posso me utilizar da Bíblia para mostrar que ela é a Palavra de Deus, mas também tenho outras fontes para demonstrar que seu conteúdo é divino.
Meu objetivo com meu texto foi mostrar que o artigo da SUPER é falho em suas colocações quando afirma a autoria dos textos bíblicos. Eu cito não somente a Bíblia, mas também informações que são negligenciadas pelo artigo, seja por ignorância (o que eu duvido) seja deliberadamente. Veja que é fácil acusar alguém de engano, especialmente quando tal pessoa não concorda com nosso ponto de vista. Mas acusar simplesmente não torna o objeto da minha acusação aquilo que eu o condeno, é necessário apresentar fatos em relação a isso. E acredito que tive sucesso nessa empreitada, mesmo não sendo de forma perfeita, já que não quis me alongar mais do que o necessário.
Uma defesa autista se caracterizaria pela total falta de comunicação, o que no final das contas seria a própria inexistência do meu post no blog ou mesmo permitir que esse fosse público. Como apresento argumentos baseados em mais de dois mil anos de história não faz sentido dizer que é uma defesa autista. E principalmente, eu tive como ponto de partida aquilo que os outros escreveram. Eu tenho me deparado ultimamente com essa postura autista exatamente por parte daqueles que alegam o que você alega, que a Bíblia não é a Palavra de Deus, pois se negam totalmente a considerar as evidências e se resumem a repetir um ou outro filósofo da religião ou mesmo pessoas que nada tem a ver com ela.
Algo que me chama muito atenção nesse tipo de situação é que eu posso te apresentar vários argumentos para mostrar o quanto a Bíblia tem sido confirmada pela arqueologia, o quanto ela estava certas em seus argumentos, a autenticidade e veracidade dos textos que possuímos e tantas e tantas outras coisas mas tenho a mais absoluta certeza que nada disso vai te convencer que a Bíblia é a Palavra de Deus. Isso acontece porque a grande questão aqui não é se a Bíblia é verdadeira ou não, verdade tem pouco a ver com tudo isso. A grande questão é que para muitos a Bíblia simplesmente não pode estar certa, pois se ela tiver, se ela for a Palavra de Deus, bem aí muitos vão estar com grandes problemas, então é mais fácil negar até a língua sangrar, independente dos fatos, independente das evidências. De repente começo a imaginar quem usa de pensamento circular.
Quando você afirma que foi nos concílios que a lista dos livros do Novo Testamento foi definida você está enganado, seja por ignorância seja deliberadamente. Você ignora que essa lista foi sendo formada quase que orgânicamente pela igreja e aqueles que chamamos de Pais da Igreja já estavam trabalhando nessa lista desde o começo do cristianismo. Os concílios simplesmente ratificaram aquilo que a igreja como corpo já tinha definido. Caso seu argumento fosse verdade, o que não é, esses concílios teriam retirado ou acrescentado livros a lista, o que incrivelmente não aconteceu. Como eu sei que você vai argumentar que estou fazendo colocações férteis em falsidades, vejamos algumas informações:
- Clemente de Roma (cerca de 96 d.C.) revela conhecimentos de Mateus, Romanos, 1 Coríntios e se refere repetidamente a Hebreus.
- Marcião (140 d.C. Citado no artigo) aceitava Lucas e dez das epístolas de Paulo.
- Hermas, autor do Pastor (150 d.C.) autentica Mateus, Efésios, Hebreus, Tiago e Apocalipse.
- Ireneu (140-203 d.C.) dá testemunho dos quatro evangelhos, além de Atos, 1 Pedro, 1 João, todas as cartas de Paulo, exceto Filemon e o Apocalipse
- A primeira versão latina, antes de 170, atesta todos os livros exceto Tiago e 2 Pedro.
Tudo isso muito antes dos concílios e de Atanásio. A lista já estava em formação, só foi retificada quando já era consenso nas igreja, primeiro no ocidente e depois no oriente.
Sobre o Evangelho de Tomé, a afirmação que os evangelhos sinódicos mais João foram escolhidos por uma tentativa de refutação em relação ao de Tomé por ser ele mais antigo é uma afirmação sem comprovação alguma, a não ser que você aceite totalmente como verdade o livro “Além de Toda Crença: O Evangelho Desconhecido de Tomé", de Elaine Pagels sem ter pesquisado sobre os fatos referentes a esse evangelho. Por acaso você utilizou apenas um único livro para montar sua tese? Mais uma vez me parece que estamos sendo acusados de algo que nosso acusador também faz.
O evangelho de Tomé nunca foi considerado entre os livros canônicos, em nenhuma das primeiras listas ele aparece. A falta de citação sobre esse evangelho (a primeira só se deu com Hipólito de Roma em cerca de 230 d.C., bem depois da igreja como corpo já ter definido que os evangelhos eram quatro) e por não ter encontrado nenhum respaldo entre os primeiros escritos da igreja como os outros livros encontraram nos leva a pensar que esse evangelho deve ter sido escrito depois e não antes dos outros. E mesmo que tenha sido escrito antes, por sua forma mais simplista e não narrativa de abordar a vida de Jesus (esse evangelho traz uma lista de frases que Jesus teria dito, 114 ao todo), ele jamais figurou entre os escritos que tiveram alguma chance de ser canônico, tanto que foi relegado ao esquecimento e só muito depois foi descoberto.
Se fosse uma questão de argumentar sobre livro que tiveram chance de serem considerados canônicos, deveríamos listar outros como 1 e 2 Clemente, o próprio Didaquê que é muito bom, a epístola de Barnabé, o apocalipse de Pedro, atos de Paulo e outros. Sobre esses livros sim podemos dialogar, mas ainda assim não foi um sínodo que decidiu quais livros entram ou quais livros saem. Eles só ratificaram algo que já estava estabelecido na igreja.
Interessante pensar como somos arrogantes em dizer que aqueles que escreveram as Escrituras eram limitados em conhecimentos, sabiam menos que a gente e por isso devemos rejeitar seus escritos. Será que sabemos mais do que eles? Ou será melhor recolocar essa frase, sabemos mais do que eles sobre alguns campos que só foram possíveis com o advento de alguns instrumentos tecnológicos. Interessante também pensar que a Bíblia nunca quis abordar nanotecnologia, pois aí sim poderíamos dizer que estavam falando sobre coisas que não sabiam, mas não é ao caso. Aliás, eu não me lembro de qual versículo bíblico que diz que a Terra é o centro do universo, mas consigo me lembrar de versículos que dizem sobre a Terra ser redonda e flutuar no espaço, versículos que descrevem o ciclo da chuva, e que falam sobre os caminhos do mar, que Matthew Maury utilizou como inspiração para descobrir exatamente isso, os caminhos do mar.
Antes de se apressar para dizer que Adão e Eva fazem parte da mitologia (o que realmente o fazem, mas menos por isso não deixam de ser verdadeiros), perceba que as ultimas pesquisas de DNA demonstram que os seres humanos possuem uma raiz genética muito rasa que remonta a um ancestral em comum, assim como está em Gênesis.
Fiquei surpreso por você ter somente citado sobre apedrejar os infiéis e a escravidão, normalmente também citam sobre não poder aparar as pontas da minha barba. Duas considerações sobre isso:
- A Lei possuí um propósito bem definido que eu já vou te dizer. Essa Lei parece bárbara, mas acredito que deve ter colocado ordem na sociedade, especialmente na relação pais e filhos. Além disso, você possui a lista daqueles que foram apedrejados? Entenda que Israel fez uma aliança com Deus e recebeu leis referentes a essa aliança. Como você já deve estar imaginando, minha próxima frase é que não estamos mais sob essa lei, pois estamos sob uma nova aliança. Essa Lei era para esse povo naquele período específico e fazia todo o sentido para eles e concordaram em viver sob essas regras. Uma leitura literal da Bíblia leva isso em consideração e me faz perceber a real natureza da Lei, a qual já vamos abordar.
- Sobre escravidão é muito comum gritarem que a Bíblia era a favor da escravidão. Primeiro, temos de ser honestos e reconhecer que o conceito bíblico de escravidão nada tem a ver o conceito moderno. A escravidão nos tempos bíblicos era muito mais um acordo de trabalho e possuía regras sobre como tratar seu escravo. As pessoas naquela época não tinham a opção de sair por aí e arrumar um emprego, até porque abaixo dos escravos estavam os assalariados, que tinham uma vida na miséria. Ser escravo naquela época era garantia de proteção, moradia e cuidados, bastante diferente do que vimos no conceito moderno de escravidão. Uma leitura minuciosa de Deuteronômio 15 pode desfazer essa visão de barbárie a qual você se refere. E se não bastasse tudo isso, foram cristão que lutaram contra a escravidão moderna, com base exatamente no que a Bíblia diz sobre como tratar outros seres humanos. William Wilberforce é a demonstração máxima disso. Direitos humanos aparecem primeiramente na Lei de Moisés.
Para não agredir mais seus ouvidos com a verdade, pois sei que argumentação exaustiva te penitencia, gostaria de somente tratar brevemente do objetivo central da Lei. Por favor, imagine o seguinte, caso o que a Bíblia diz seja verdade, caso seja, em um cenário hipotético, como você se sairia caso fosse julgado por Deus? Pense no seguinte, quantas vezes você já mentiu em sua vida? Quantas vezes desobedeceu seus pais? Quantas vezes você pegou algo que não era seu, independente do valor? Você já desejou alguém sexualmente? Todos sabemos a resposta para essas perguntas, pois todos já fizemos isso tudo que está listado acima e muito mais. O que eu acabo de fazer é passá-lo pelos Dez Mandamentos para ver se você seria inocente ou culpado caso Deus fosse te julgar. Aí você já percebe o real propósito da Lei, mostra que somos pecadores. É para isso que a Lei existe.
Agora, se isso for verdade, eu sei que você não acredita mas estou falando de forma hipotética, creio que você não esteja cauterizado a ponto de se negar um exercício mental. Se isso for verdade, o que Deus deveria fazer com você? Nesse cenário apesentado, de acordo com a Bíblia céu ou inferno são as duas únicas opções, só podemos concluir que seu destino seria o inferno. E Asmodeu, eu não quero que isso aconteça com você. É aí que entra o Novo Testamento e o sacrifício de Jesus na cruz. A ira de Deus que está destinada para você foi colocada sobre Jesus Cristo. Ele pagou sua fiança, por assim dizer. Mas você precisa primeiro se arrepender de seus pecados e colocar sua fé em Jesus como seu Salvador. Essa é a mensagem do evangelho.
Pense sobre isso. Se você estiver certo, nada vai acontecer comigo, no máximo eu vou morrer e nada mais. Mas se eu estiver certo, as conseqüências para você são muito sérias. Espero que ao menos você se dê o direito de refletir sobre isso, pois se nem ao menos isso você se permitir, aí sim poderemos falar sobre uma postura autista.
Mais uma vez obrigado por visitar nosso blog e espero sinceramente poder ouvir mais de suas contribuições ao nosso trabalho.
Até a próxima.
Caros Maurilo & Vivian
Comecei a comentar e quando dei conta já o texto estava enorme, pelo que decidi dividi-lo em três partes que, não só facilitarão a leitura e interpretação como tornarão mais fácil qualquer crítica ou refutação. Então vamos a isso:
“… O homem crente é necessariamente um homem dependente… ele não pertence a si mesmo, mas ao autor da ideia em que ele acredita. …” Nietzsche
Quando se criticam posições que consideramos erradas ou irracionalistas, surge a ideia de que tal tipo de crítica é uma forma de tentar impedir o direito dessas pessoas a pensarem e divulgarem o que pensam e divulgam.
Infelizmente, muitos crentes têm a ideia errada de que uma falsidade se torna verdadeira por acreditarmos fortemente nela e, teimando em privilegiar a ignorância, professam uma ideologia que se destaca pela prepotência com que condicionam todos aqueles que se atrevem a denunciar a má-fé e os completos disparates da sua argumentação e pensamento.
Mesmo assim, acredito que a aceitação da autoridade do testemunho alheio – sem provas e sem questionar –, seja uma opção e um direito que assiste a todo e qualquer cidadão livre (?) que possa escolher aquilo em que deve acreditar.
Eu não critiquei o que quer que seja, limitei-me apenas a denunciar e corrigir as inanidades e barbaridades debitadas por alguém que passando a ver pela fé terá fechado os olhos á razão. Apenas contrariei a promoção e divulgação de visões erradas sobre delírios irrealistas que apenas favoreciam a desinformação e tornariam inócua a liberdade de discussão.
Não devemos esquecer que as pessoas acreditam em tolices porque nunca ninguém lhes disse, com distanciamento e imparcialidade, que são tolices e porquê.
Falar de religião é muito mais do que falar de cristãos e cristianismo.
Falar de religião é recuar aos primórdios da humanidade, é recuar ao início, ao “verbo”: “…no início era o “caos”, uma informe e confusa massa, mero peso morto, contudo jaziam latentes as sementes das coisas…”, bastante antes do tempo em que Deus era “Mulher”.
Falar de religião é falar da “deusa mãe”, Inanna… falar de fertilidade… e todos os outros deuses que fizeram da ilusão colectiva uma religião…
Falar de religião é também falar do “deus abraâmico” o deus uno e único que está na base das três religiões monoteístas e que é o legado do povo hebraico ao mundo, mas só a partir do século VII-VI a.C.
Falar de religião é, acima de tudo, saber distinguir entre “história” e “doutrina”.
Caros Maurilo & Vivian (continuação)
“Se não tivermos a certeza absoluta de algo, então tenhamos a coragem suficiente para duvidar desse algo.” Emmanuel Kant
A “bíblia” não contém qualquer mensagem nem será um “ditado” de “deus”, pois nunca ninguém terá chegado á fala com “ele” [… a existência de deus é uma questão de fé e não de razão…]. Quanto muito, e em sentido figurado – tendo em conta a sua condição de crente e por mera cortesia –, será a palavra de “deus” por palavras do homem.
Segundo aquilo que está publicado por investigadores e autoridades reconhecidas e credíveis, e se aprende em história da religião, o “evangelho de Tomé” (50d.C.) é não só o mais antigo como terá sido a razão da existência dos outros 4 [canónicos] (110-150a.C.) como correcção, inspiração ou refutação.
Esta obra (uma cópia em Grego, o original em Copta) terá sido considerada [apócrifa] não só porque permite diferenciar entre o “Jesus” da história e o “Cristo” da fé, pelas narrativas incómodas e comprometedoras da sua infância, mas acima de tudo pela sua introdução –
“Estas são as palavras secretas que o Jesus vivo proferiu e que o seu irmão gémeo Judas Tomé anotou” –, que terá suscitado algum cepticismo.
Aflorando superficialmente o início do “cristianismo”, propriamente dito, terá sido Ireneu presbítero de Lyon (180dC) e os seus seguidores que auto-proclamando-se guardiães da única “fé verdadeira “ estabeleceram, depois de “confrontos” com o movimento gnóstico, a existência de uma única igreja, rejeitando como heresia todas as outras concepções.
Em 325 d.C., decretaram a “divindade” de Jesus num confronto que os opôs a Arius e seus seguidores, num Concílio de Niceia, onde Constantino e a burocracia da igreja estariam mais preocupados com a sobrevivência da instituição do que com a fé e as almas dos crentes…e onde a teologia terá sido escrita sob o toque aguçado da espada.
Em 367 d.C., o Bispo Atanásio de Alexandria compilou uma lista de obras a serem incluídas no Novo Testamento. Antes dessa altura segundo testemunhos do próprio Ireneu circulavam numerosos evangelhos bem como muitos outros ensinamentos.
Daí que a existência destes documentos serem anteriores á publicação da dita colectânea.
Caros Maurilo & Vivian (continuação)
"É comum que novas verdades comecem como heresias e terminem como superstições" Thomas Huxley.
O texto já vai longo, uma vez mais me penitencio, mas poderíamos argumentar sobre muito mais, por exemplo sobre o fragmento em falta no Evangelho de Marcos – que teria sido propositadamente suprimido –, e descoberto em 1958 pelo professor Morton Smith da Universidade de Columbia, num mosteiro perto de Jerusalém.
Ou se preferir poderemos comentar sobre a carta descoberta junto desse mesmo fragmento, (o episódio de Lázaro), endereçada pelo Bispo Clemente de Alexandria a um tal de Teodoro, cujo conteúdo fascinou a comunidade científica pela sua filosofia:
[ “Se o nosso oponente disser a verdade, devemos negá-la e mentir para o refutar.” ]
Poderemos “discutir” também o Jesus da história, assim como o Cristo da fé. O rei dos judeus ou o filho do carpinteiro. Bem como todo o esoterismo e misticismo envolvente.
Poderemos também reflectir sobre as vertentes filosóficas á interpretação da frase cuja autoria é atribuída a Jesus: [“…e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará…”]
Limitarmo-nos á doutrina sem constatar as evidências que estabeleçam a sua verdade é, permitirmos que a “génese da religião” – o medo, a ignorância e a impotência –, nos induzam a acreditar em algo que será suposto existir, segundo Orígenes (bispo), como puramente imaterial.
Acreditar que a geologia da Terra terá ficado a dever-se ao dilúvio é uma barbaridade do tamanho do mundo. Permita-me sugerir a leitura de algo sobre “Zonas de Subducção e Tectónica de Placas” para não ficar vulnerável a perguntas como: O que aconteceu depois a toda aquela água? Será que “deus” bebeu? Ou pedirem esclarecimentos sobre o modo como os vírus e as bactérias terão sido acomodados na “arca de Noé”, se é que viajaram! Se terão viajado aos casais? Ou em que consistia a sua dieta?
E por último, e não menos importante, para lhe dizer que “as trevas” são a razão da existência do “divino”, porque sem o inferno eterno e medonho a religião não teria razão de existir.
Como é lamentável viver com a mente acorrentada pelo medo de punição em outro mundo.
Caros Maurilo & Vivian
A religião nunca será capaz de reformar a humanidade porque a religião é uma escravidão. Ingersoll
Direitos humanos aparecem primeiramente na Lei de Moisés.
Ao jeito de prefácio deixe-me que lhe diga que a “Igreja” (e quando digo igreja refiro-me ao Vaticano) recusou sempre assinar a “Carta dos Direitos Humanos”.
Fazendo uma análise específica á parte final da sua argumentação á minha refutação, [começando em: “Para não agredir mais seus ouvidos com a verdade…”] pretendo apenas desmistificar as contradições da sua argumentação.
Você não agride, pode estar á vontade, porque você está longe da verdade. A crença é um acto de fé e acreditar em algo com base na fé é acreditar em algo sem ter razões que estabeleçam a sua verdade. A nossa convicção deve alicerçar-se naquilo que conhecemos e compreendemos e não na fé ou crença cega porque toda a escolha baseada no desconhecimento é na realidade uma mentira. Fingir que é verdade o que gostaríamos que fosse verdade é uma admissão de ignorância e um embuste vestido enganadoramente de explicação.
Na morte, através da crença, seremos sempre escravos da superstição porque teremos a mente acorrentada pelo medo de punição em outro mundo. Enquanto que sem crença a morte será apenas o fim, o direito ao descanso eterno.
Permitam-me terminar com um “escrito” gnósticos (que interpreto como um “lamento”), com mais de 2000 anos e descobertos recentemente em Nag Hammadi:
“… aqueles que se limitam a acreditar na pregação que ouvem, sem se colocarem questões, e aceitam o culto que lhes é apresentado, não apenas se mantêm eles próprios ignorantes mas caso encontrem alguém que sinta dúvidas sobre a sua salvação, agem imediatamente de forma a censurá-lo e silenciá-lo…”
Olá Asmodeu. Mais uma vez obrigado pela sua participação nesse blog.
Não entendo porque você se penitencia ao escrever sobre todas essas coisas. Se você realmente acredita no que diz acreditar, deveria esta animado em poder combater os erros da religião. Além do mais, muito me agrada o diálogo com pessoas de outras crenças ou mesmo aqueles que dizem não professar nenhuma fé, desde que o palavreado se mantenha respeitador, e isso está acontecendo.
Eu não me preocupo em defender a religião pela religião. Isso para mim é de pouca importância. Meu foco é o cristianismo, o qual professo (não sou católico, portanto, o fato do Vaticano não ter reconhecido qualquer esforço nos direitos humanos só atesta que infelizmente não entendem certas característica das Escrituras). Aí existe um ponto bastante interessante em toda essa questão. A sua definição sobre o que é fé é extremamente preconceituosa. Deixe-me explicar-lhe o porque. Você acredita que fé é uma crença irracional em algo que não temos a menor evidência. E você acredita que a fé religiosa especialmente não pode possuir nenhuma fundamentação.
Fé não é uma crença irracional. Você exerce fé a todo momento. Quando entra em um elevador você tem fé que ele vai subir e vai descer. Quando entra em um avião tem fé que o piloto possuiu conhecimento e habilidades para levar o avião em segurança. Você exerce fé em vários aspectos da sua vida, só não o chama assim. Nossa fé é baseada em evidências. Eu te apresentei evidências da minha crença nas Escrituras como Palavra de Deus. Você pode não concordar com elas, mas isso não quer dizer que eu não as tenho apresentado. Então sua alegação que somente cremos por crer é falsa, só porque você não concorda com os argumentos não os tornam falsos. Ou mesmo verdadeiros.
Estou de pleno acordo no que diz respeito a nossas crenças não tornam algo verdadeiro só porque cremos. Mas aí existe uma contradição no que você disse. Apesar de afirmar que uma forte crença não torna algo verdade, você acredita que por não crer no inferno estará livre dele e eu por crer terei minha alma atormentada por esse pensamento. Meu amigo, ou o inferno existe ou não existe. A grande questão é que existem sim evidências para a crença em Deus e na inspiração da Bíblia. Mas para você simplesmente essas evidências não podem existir. Até porque se o que estou falando for verdade, então, você só vai ter uma única opção: conformar sua vida a isso. E eu tenho a mais absoluta certeza que você preferiria qualquer coisa a isso.
Muitos evangelhos circulavam durante o tempo de formação do cânone, e tenho certeza que muitos deles não sobreviveram. Mas a igreja como corpo definiu os quatro evangelhos que temos hoje como inspirado. Não foi uma decisão de Atanásio nem dos concílios. Nem Orígenes, nem Clemente. Oficializar o cânone foi uma necessidade que se abriu com o fim da perseguição, uma busca por sistematização. Não existem provas de que um grupinho de homens sem escrúpulos se juntou um belo dia e disse “vamos dominar o mundo, mentindo para todos sobre esse livro. Todo mundo vai acreditar em nossas mentiras”. Essa é uma interpretação moderna dos eventos do início do cristianismo. Estamos colocando um pensamento moderno sobre um evento da história (bem documentado por sinal) e definindo como essas homens pensavam. Eles disseram uma coisa, mas na verdade fizeram outra.
A formação do cânone está mais do que bem documentada. Uma analise sem preconceitos vai te mostrar como tudo aconteceu. Mas não acredito que você tenha algum interesse em buscar essas informações. Para você o cristianismo simplesmente não pode estar correto.
Sobre o criacionismo, caso você realmente tenha interesse em ler sobre isso recomendo o site Answer in Genesis. Ali você vai encontrar muitos fatos sobre criacionismo e como a Bíblia está correta sobre a criação ao invés do conto de fadas do evolucionismo, você vai encontrar informações interessantes sobre a Arca de Noé (seu comentário sobre Deus sugando a água foi ótimo, imagino Deus com um canudinho…).
Um comentário à parte, existe um versículo nas cartas de Pedro que descrevem sua visão de cristianismo de forma perfeita.
Interessante você citar os Manuscritos do Mar Morto, esses textos provaram acima de qualquer dúvida que os textos que temos hoje do Velho Testamento não foram alterados nos últimos dois mil anos, diferentemente do que alegavam muitos estudiosos, que estão sempre prontos a reconhecer qualquer pedacinho de papel que possa conter algo contra o cristianismo mas se negam totalmente a reconhecer mais de 25 mil manuscritos e mais uma montanha (na verdade uma cadeia) de documentos que comprovam a veracidade dos texto que temos.
No final das contas, existe algo sobre a fé que você está perto de entender. Existe um componente da fé que é a aceitação, não sem antes analisar os fatos. Mas você precisa crer no final da contas. Se você não acredita que um piloto seja competente para guiar um avião, mesmo após ver seus documentos e licenças que atestam para isso, mesmo assim, se por algum motivo você não acreditar em sua competência, nada vai te fazer acreditar.
Tenho certeza que você nega a inspiração da Bíblia não por falta de evidências, mas sim porque você não pode aceitar nenhuma delas.
Espero que no final das contas, esse nosso diálogo permita que você ao menos considere os fatos de uma forma neutra (diferente do que você tem feito até aqui) e ao menos entenda que temos fatos mais do que suficientes para nossa fé e acima de tudo, o objeto de nossa fé, Deus, é mais do que digno dessa fé.
Caros Maurilo & Vivian
Antes de comentar permitam-me esclarecer essa dúvida sobre a razão porque me “penitencio”. Faço-o como pedido de desculpas, não pelas minhas ideias e meus ideais mas pelo tamanho dos textos, por serem demasiado extensos, o que pode torná-los aborrecidos.
Eu te apresentei evidências da minha crença nas Escrituras como Palavra de Deus.
Não é verdade, você apresentou uma justificação baseada na autoridade do testemunho alheio.
Eu costumo dizer que a simples razão de saber se “deus” existe não é susceptível de discussão racional por ser uma questão de fé. Afinal que razões ou provas podemos ter que garantam a existência de “deus”? A única razão será “acreditar” na autoridade do testemunho alheio, ou seja, nos “escritos” do passado ou na palavra daquele que lhe incute o “vírus” da fé, o “pastor” – sendo que a fonte do conhecimento, do “pastor” é a mesma que a sua.
Se ler os meus comentários com atenção vai confirmar que eu não disse que a crença era irracional, mas sim que: “… Acreditar em algo com base na fé é acreditar em algo sem ter razões que estabeleçam a sua verdade …”. Ou seja, você acredita em algo sem qualquer prova empírica que possa comprovar a veracidade daquilo em que crê. Listar convicções pessoais, experiências subjectivas, interpretações da irracionalidade, não são provas sérias.
A fé é uma crença com elevado grau de convicção na verdade de uma afirmação, mas sem provas que confirmem essa convicção e mesmo perante provas contraditórias.
A fé não pensa, pelo contrário, é escrava da intolerância, corrói a própria possibilidade da discussão de ideias e inviabiliza o que é racional bem como o pensamento livre e isento.
“Não existem provas de que um grupinho de homens sem escrúpulos…”
Há duas formas de olhar o mundo – através da fé e superstição ou através do rigor da lógica, observação e evidência, por outras palavras, através da razão. A razão e o respeito pelas evidências são preciosas, a fonte do progresso humano e a nossa salvaguarda contra fundamentalistas e aqueles que lucram pela deturpação da verdade.
Eu falei-lhe de história, factos que tiveram lugar em determinada data e que constam de compêndios credíveis escritos por investigadores, professores e historiadores e aceites pela comunidade científica. As suas convicções e opções são-me indiferentes, ser “escravo da superstição” é um problema que terá que suportar.
“…você vai encontrar muitos factos sobre criacionismo…”
Não sou crente e não me incomoda o facto de se acreditar em superstições. O que me incomoda é promover-se a arbitrariedade com o fim de justificar uma crença através de demagogia, ilusão, improbabilidade e mentira. Uma crença justificada em algo que não se pode questionar não é caminho para verdade nenhuma é, no mínimo, aceitar ideias agradáveis ou confortáveis, por serem agradáveis ou confortáveis, sem nos darmos ao trabalho de tentar saber se são verdadeiras.
Considero o “criacionismo” uma fraude, uma atitude fundamentalista com o objectivo de impor a existência de um “deus” e a pretensão de transformar a sociedade em estado submisso, pois eles não estão preocupados com a verdade mas apenas com a imposição da sua fé.
Os delírios criacionistas além de serem uma pérola redonda da exegese evangélica adoptam uma atitude de negação da ciência, como tal da evidência, o que é apanágio das religiões. Torna-se preocupante que alguns extremistas religiosos pretendam fazer passar a ideia terrível de que tudo é aceitável e de igual valor.
Acreditar que a história da humanidade resume-se a apenas 6000 anos é uma aberração patente no espírito do museu criacionista e desmistificada á entrada, na forma de aviso:
[“… Não pense, escute somente e acredite …”]
Olá,
Li os posts, todos eles.
Penso que compreendi a linha de pensamento de Asmodeu.
Os argumentos "internos" das evidências sobre a formação da Bíblia não bastam para comprovar sua autenticidade, ou seja, se o próprio livro afirma ser verdadeiro ou o grupo interessado em sua existência o faz, assim colocada a afirmação, neste caso, a Bíblia passa a assumir status de verdade inquestionável para os que tomam para si tal fundamentação teórica.
Isto se torna inscipinte do ponto de vista de quem discorda de tal argumentação, necessitando este último de evidências externas.
Porém, o relato histórico de formação do Cânon, desde a análise da formação do chamado antigo testamento, o qual é referendado não apenas pelo cristianismo, mas fundamentalmente pelo judaísmo.
O relato histórico de seleção das cartas cristãs do primeiro século e como estas se tornaram "sagradas e inspiradas" para todos os cristãos, também me parece incutir da mesma problemática, visto só possuírem importância para os que da religião se fazem seguidores.
Questiona-se aqui neste artigo um dos fundamentos mais importantes de duas das principais religiões de nosso planeta, a saber o judaísmo e o cristianismo.
Achei muito pertinente e gostaria de citar aqui a argumentação sobre o brevê do piloto.
" Se você não acredita que um piloto seja competente para guiar um avião, mesmo após ver seus documentos e licenças que atestam para isso, mesmo assim, se por algum motivo você não acreditar em sua competência, nada vai te fazer acreditar " e acrescento, nada vai fazer você entrar naquele avião.
Evoluindo...
Tomo por base a física newtoniana, que durante décadas foi aceita como modelo e revolucionou a ciência. Até que ponto podemos questionar Newton? Se fossemos contemporâneos a este respeitável cientista, questionaríamos as suas premissas? questionaríamos os seus resultados? questionaríamos as suas leis e demonstrações científicas?
Hoje a humanidade já compreende que a física desenvolvida por Newton é uma visão bem simplificada, que para a época atendia perfeitamente aos propósitos da civilização, porém com a evolução da ciência, sabe-se que a física newtoniana foi superada pela abordagem quântica e esta última já tem sido questionanda no presente século.
Poderia falar sobre várias áreas da ciência, como por exemplo a economia, pessoas como Marx, Keynes e os atuais desenvolvedores de modelos econômico pós-keynesianos, por que não citar também Schumpeter. Todos estes, dentro da ciência econômica, possuíram formulações, fundamentações, premissas, leis, teses e demontrações científicas de seus trabalhos, porém todos são questionados entre si e com o passar do tempo obtemos a compreensão da semelhança do que ocorreu com Sir Isaac Newton, que a propósito, era também um teólogo.
Gostaria de trazer a conclusão de meu pensamento...
Para continuar dentro da economia...
Os economistas partem de diversas premissas e simplificações para desenvolverem grandes e complexos modelos. Por exemplo, trabalhamos com equações de 1º grau para simplificar os cálculos, partimos de premissas sobre as variações de preço e demanda, que necessariamente podem não ocorrer no mundo real, elaboramos modelos onde apenas uma variável é considerada por vez e criamos a expressão "coeteris paribus" a fim de justificar que as demais variáveis passam a ser constantes a fim de não influenciar nos resultados analisados.
Pois bem, estamos diminuindo a economia? Não.
Estamos afirmando que esta ciência não possui fundamento? Não
Estamos dizendo que esta ciência não explica ou demonstra, ou pelo menos busca compreender os acontecimentos do mundo real? Não.
Com a teologia é algo ainda mais complexo, como "fechar questão" acerca de Deus e sua existência? Como comprovar cientificamente a existência do divino? Aliás a humanidade já acreditava no sobrenatural muito antes de toda a metodologia científica, e mesmo após milênios, continua acreditando.
Se a ciência não pode afirmar a existência do sobrenatural, também não pode refutá-la, pois toma por base seus próprios meios, ou seja, é mais um grupo dizendo que: se não podemos compreender, comprovar, reproduzir, medir e analisar então a ciência deve negar.
Esta retórica, usada por Asmodeu, pode ser aplicada a teologia, psicologia, filosofia, sociologia e todas as questões humanas relacionadas.
Por fim digo que:
Pensem na seguinte hipótese:
No fim, seremos avaliados não por ter alcançado a compreensão do divino ou da deidade, mas sim pelas vezes que a recusamos.
Se não haverá julgamento, então a ciência venceu. Mas eu prefiro ser julgado por Deus do que depender da ciência humana, que por definição é o estudo racional e sistemático dos fenômenos (quaisquer que sejam eles) a fim de alcançar a compreensão da verdade.
Não discurso contra a ciência, isto é óbvio, mas acredito que nem todas as respostas o homem encontrará nela, nem todas.
Esclarecendo I
Um dos fascínios da religião assenta também neste tipo de justificações informais e pouco racionais, repetidas de forma tímida e estereotipada, mas sempre em desespero de causa.
Eu li o texto do Macedo que, apesar de bem escrito, é intelectualmente desonesto porque é portador de uma mensagem que, suave e maliciosamente, promove uma regressão ao obscurantismo rejeitando a discussão pública e isenta de algumas evidências.
As pessoas, na sua maioria, nunca souberam praticamente coisa alguma excepto o que é estritamente necessário para a sua vida quotidiana, sendo por vezes vitimas da desonestidade intelectual e insuficiente amor á verdade por parte de terceiros que, através de estratégias, pretendem apenas abrir uma porta á arbitrariedade, de modo a fazer parar todo o pensamento e se pense aquilo que se quiser sem nos preocuparmos, por conveniência, que não existem verdades fáceis que possamos aceitar como definitivas.
Os argumentos de autoridade quando usados por quem se encontre condicionado á partida por simpatias, preconceitos ou superstições tem apenas a intenção de minimizar as capacidades cognitivas dos crentes, impedindo-os de submeter as suas dúvidas á discussão pública, na procura de eliminar o erro e a ilusão. A pior proibição do pensamento não é a explícita, mas a que se insinua e oculta, e que de uma forma velada substitui a discussão de ideias pelo formalismo de ensinar a repetir o que por conveniência é propalado pela doutrina.
Por vezes a diferença entre a realidade e a aparência das coisas é demasiado ténue ou quase inexistente, e no debate entre crentes e não-crentes (ou desinteressados) é frequente, quando estes últimos baseiam os seus argumentos em factos históricos, o uso da “falácia do espantalho” que consiste em desviar a discussão para assuntos laterais, fugindo assim à discussão do que está em causa com um ou mais argumentos sem nada a ver, com especial predilecção por aqueles que podem ser interpretados tendenciosamente por uma faixa do público alvo. Assim, passam a imagem de que os argumentos do oponente foram rebatidos quando na realidade nem sequer os abordam.
Eu li o texto do Macedo e sei exactamente o que ele pretende. Quando diz ”Penso que compreendi a linha de pensamento de Asmodeu.” ele está apenas justificando - a sua presença, a sua opinião -, o seu texto, que tem como objectivo, não só a pretensão de efectuar o policiamento da mente através da autoridade que lhe possam atribuir, mas também pretende ter a última palavra e finalizar a argumentação. A estratégia é simples, [1] desacredita-se o autor dos argumentos, [2] auto-promove-se a autoridade, [3] tem-se a última palavra.
Esclarecendo II
Desmistifiquemos então o texto dividindo-o em três partes:
1. Falácia “ad hominum”. Na sua argumentação o Macedo não refuta ou nega os meus argumentos sobre a constituição, historicidade e veracidade dos textos bíblicos, ele prefere, fazendo uso de argumentos incorrectos, afirmar que sou eu que não concordo, atribuindo-me a responsabilidade da interpretação. Desacreditando-me, ele consegue promover a arbitrariedade de se pensar aquilo que se quiser podendo assim manipular a verdade para longe do abismo.
Questiona-se aqui neste artigo um dos fundamentos mais importantes de duas das principais religiões de nosso planeta, a saber o judaísmo e o cristianismo.
Eu não questionei o que quer que seja, até porque a “doutrina” (ou ideologia) é dogmática, eu limitei-me a relatar a existência de factos históricos reais – aceites e considerados por toda a comunidade científica, assim como pelo Vaticano –, que contrariam o embuste de “sagrado” que se pretende conferir como “verdade”. E não os fundamentos proporcionados por um legado do povo hebraico no século VII-VI a.C. que resultou na base das três (e não duas) religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo (ou receou referenciar a terceira pelos actuais actos fundamentalistas que lhes confere (sic) o direito de matar inocentes em nome de “deus”).
Apenas um parêntesis para esclarecer algo que considero importante. O Macedo diz que eu rejeito como circulares os argumentos sustentados pelas evidências (?) na defesa da tese.
Coloquemos as coisas assim: Por hipótese o Macedo descende de uma família de “pastores” e porque achou conveniente escreveu um livro sobre isso em que, não só narra as experiências respectivas como afirma que o seu pai terá sido “o melhor pastor” de toda a humanidade.
Ainda por hipótese, 2000 anos depois alguém terá questionado os descendentes do Macedo sobre as provas que justificassem a “supremacia” religiosa do dito familiar, tendo obtido como resposta o seguinte esclarecimento: “as evidências estão aqui no livro”.
Este tipo de respostas não justifica a verdade dos factos, isto é fragilidade dos crentes – é varrer o lixo para debaixo do tapete –, porque nada garante que o autor tenha sido isento e honesto. Quem sabe se o Macedo não pretendia apenas promover a sua família ou revelar alguma superioridade independentemente de ser verdade ou não?
2. Argumento de autoridade Um argumento de autoridade é um argumento baseado na opinião de um especialista. E porque o progresso é impossível sem recorrer a argumentos de autoridade a maior parte do conhecimento que temos de física, matemática, história, economia ou qualquer outra área baseia-se no trabalho e opinião de especialistas.
A exposição retórica feita sobre economia tem apenas a intenção de impressionar, afinal ele é entendido em algo. Mesmo que constem algumas incorrecções a ideia de autoridade manter-se-á pois a maior parte dos leitores desconhecem as regras.
3. Última palavra Depois de na primeira parte fazer por desacreditar o autor, dos argumentos que o incomodam, ele auto-promove-se na segunda parte como autoridade evidente para lhe ser atribuído o direito de ter a última palavra quanto ao que realmente o preocupa, a veracidade apesar de não empírica da sua crença. E terminar confidenciando as “últimas vontades” é garantir a passividade dos outros perante um gesto de humildade.
A humildade é a virtude que revela o nosso sentimento de fraqueza, e é aqui que o “desespero” o trai, porque e o alerta contra a ciência – que assenta em verificação experimental –, e as referências á teologia – que estuda “deus e o sobrenatural, que como objecto de estudo são inatingíveis –, e á superstição são a ténue e quase inexistente diferença entre a realidade e aparência das coisas, são a falta de isenção.
“…a humanidade já acreditava no sobrenatural…”
Efectivamente assim é, e foi devido ao “sobrenatural” que o homem “inventou” a religião, para poder explicar o desconhecido e o inexplicável. Foi do “sobrenatural” que surgiu a superstição e germinou a “Génese da Religião” – o medodas coincidências, a impotência perante o desconhecido e a ignorância dos factos –, criaram preconceitos e levaram á ilusão colectiva, numa busca de protecção.(Não eram as tempestades com as suas trovoadas consideradas manifestações da ira “divina”?)
Hoje, já se tem consciência que as religiões têm uma raiz biológica, nasceram a partir de dentro da experiência humana ao longo de milénios. A literalidade das “escrituras” já não faz sentido, o “sagrado” é uma necessidade hmana.
Mas eu prefiro ser julgado por Deus .
As chamadas provas tradicionais a favor ou contra a existência de “deus” são apenas argumentos: um conjunto de proposições (ou premissas) que conjuntamente pretendem justificar a conclusão de que “deus” existe ou não existe.
Dizer que “deus” criou o mundo é uma proposição, é uma afirmação que pode ser verdadeira ou falsa. Agora o que algumas pessoas se esquecem é que não são as proposições que confirmam a verdade dos factos, é precisamente o contrário: são os factos que tornam as proposições verdadeiras.
Acreditar em “deus” é um acto de fé e não de razão.
A epistemologia surge com Platão e é por assim dizer a ferramenta de validação do conhecimento. Para Platão, em oposição ao conhecimento temos fé ou opinião. O conhecimento é crença verdadeira e justificada, a fé é crença injustificada.
Saudações
Asmodeu,
Selecionei duas sentenças do final de sua postagem.
"Acreditar em “deus” é um acto de fé e não de razão."
"O conhecimento é crença verdadeira e justificada, a fé é crença injustificada"
Percebo que quase alcançamos uma convergência, quase.
No que diz respeito a primeira frase:
"Acreditar em “deus” é um acto de fé e não de razão."
Você foi perfeito, taxativo, a não ser pelo fato de que quando tenho a fé, automaticamente passo a ter razão.
Porém ao dizer que "O conhecimento é crença verdadeira e justificada, a fé é crença injustificada". Eu não teria usado a palavra "injustificada" mas sim inexplicável.
A fé é crença inexplicável, para os que não possuem fé alguma.
Talvez assim ficasse melhor, talvez.
E só para não dizer que não falei das flores... você disse:
"Eu li o texto do Macedo e sei exactamente o que ele pretende"
Acho isso incrível, você leu o meu texto e conseguiu sondar qual era a minha pretensão ao redigí-lo. Parabéns, pensei que só Deus pudesse fazer isso, ou você mentiu querendo se fazer passar por Deus mais uma vez?
Para citar você mais uma vez:
"A humildade é a virtude que revela o nosso sentimento de fraqueza, e é aqui que o “desespero” o trai"
Pois bem, ora pois....
Devido a tal "desespero" de minha parte, percebo que em sua próxima postagem você irá dizer que por não possuir argumentos sólidos para continuarmos o debate em níveis intelectualmente satisfatórios, fui impelido a recorrer do artifício da ironia para responder suas colocações, não sendo capaz de manter tal debate em um nível racionalmente adequado e que você não se surpreenderia se eu não retornasse aqui para continuarmos a questão.
Devido a minha humildade, não acredito ter "acertado" o seu pensamento, mas embora meu lado de homem racional me leve a desistir de te convencer e realmente abandoná-lo, até por que te convencer não é tarefa minha, o meu lado espiritual me afirma que você também precisa de Deus (desta vez com letra maiúsucula tá), e que você precisa abrir o seu coração, deixando de lado todo rancor e mágoa que porventura esteja afastando-o de ti.
Para terminar vejo que suas postagens aqui tem o objetivo de um pedido de ajuda, um pedido de socorro, de alguém que deseja acreditar em Deus. Não te vejo como alguém que quer colocar dúvida na cabeça das pessoas, mas sim como alguém que deseja se livrar das suas.
Se não fosse assim, a começar pelo seu nick "asmodeu", as coisas aqui seriam diferentes.
Lembre-se, acreditar em Deus é uma experiência pessoal e que ocorre mediante a sua fé.
Caso queira acesse:
http://www.monergismo.com/
Sinceramente, espero que desta vez você compreenda o que eu disse e que aceite Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor particular.
Gostaria de pedir desculpa por não ter ainda respondido aos últimos comentários. Esse final de ano está sendo bem corrido e mesmo a atualização do blog está um pouco comprometido. Por favor, me perdoem.
Espero em breve continuar com nosso debate.
Caro Macedo
Por muito absurdo que ache o que escreve, reconheço-lhe a capacidade de argumentação. Só que os seus argumentos são difíceis de aceitar por quem não seja condicionado á partida.
Quando nos entregamos a um “debate” de ideias a nossa preocupação central é a verdade, porque queremos ajustar o que pensamos á realidade. Quando nos entregamos a um “combate” de ideias não queremos ajustar as nossas ideias á realidade, mas sim mudar a realidade de acordo com as nossas ideias. E normalmente, para quem vive num mundo a preto e branco, é muito difícil discutir e aceitar ideias diferentes.
O motor da fé são a crença e o espírito, e como a ausência de uma explicação natural não exige necessariamente uma explicação sobrenatural, apenas a interferência arbitrária torna possível a religião porque, através da culpa, põe um polícia dentro da cabeça das pessoas que são obrigadas a aceitar cegamente até mesmo o que é absurdo, apenas porque foi revelado por “deus”. Algumas delas, ligadas a sistemas religiosos, encontram-se num obscurantismo de raciocínio lógico tal, que se torna complicado argumentar com elas porque renegam qualquer linha de pensamento antagónica. E você por não estar interessado na verdade, mas apenas numa cruzada para publicitar, através de um proselitismo agressivo, os dislates míticos em que acredita revela uma forma particular de insuficiente amor á verdade.
Acho isso incrível, você leu o meu texto e conseguiu sondar qual era a minha pretensão ao redigi-lo. Parabéns, pensei que só Deus pudesse fazer isso, ou você mentiu querendo se fazer passar por Deus mais uma vez?
Se considera a interpretação de um simples texto como obra divina então, ou o “deus” em que acredita é praticamente insignificante, ou você possui uma mentalidade medieval que acredita em fantasmas.
O recurso ao artifício da ironia para refutar a minha argumentação revela intolerância, a essência de todas as crenças que consideram tudo o resto como mero equívoco, porque o respeito pelas outras religiões, ou pelos pontos de vista dos não crentes, não é uma atitude defendida por “deus”. Erguer “muros” que visam proteger algo da crítica é um sinal de desonestidade intelectual, é o uso de figuras de retórica para tentar desacreditar um ponto de vista porque a religião, se não produz o obscurantismo, produz pelo menos o bloqueio ao livre pensamento. É apenas sim porque sim e não porque não, não há que pensar, foi “deus” que disse e acabou, não se contesta.
Como já referi anteriormente não sou crente e não me incomoda o facto de se acreditar em superstições. O que me incomoda é promover-se a arbitrariedade com o fim de justificar uma crença através de demagogia, ilusão, improbabilidade e mentira.
Uma crença justificada em algo que não se pode questionar não é caminho para verdade nenhuma é, isso sim, delimitar o perímetro da ignorância substituindo a discussão de ideias pelo formalismo de ensinar a repetir conveniências.
É comum a verdade provocar reacções adversas mas, por coerência, prefiro acreditar na existência de um abismo entre a seriedade e a frivolidade em contraste com a ilusão que é pensar que basta apresentar um qualquer argumento a favor do que pensamos que é verdade para termos uma boa justificação cognitiva para isso.
Se, a negação ou a falta de crença na existência de um “deus” é ser ateu, então serei ateu, mas se me pedirem uma definição sobre o que penso, direi que sou “desinteressado” até porque para mim o oposto á crença religiosa não é o ateísmo, ou o secularismo ou o humanismo. Mas sim, a independência da mente.
Porém ao dizer que "O conhecimento é crença verdadeira e justificada, a fé é crença injustificada". Eu não teria usado a palavra "injustificada" mas sim inexplicável.
Acreditar em algo com base na fé é acreditar em algo sem ter razões que estabeleçam a sua verdade.
A fé é uma forte convicção que leva os teístas a pressuporem que a existência de “deus” é verdade. A verdade divina é apoiada na convicção forte, logo trata-se de uma verdade sem justificação que poderia ser bem menos problemática se não assumisse este compromisso com a verdade, até porque as concepções religiosas do universo baseiam-se em tradições orais de povos que desconheciam os aspectos mais básicos da natureza das coisas.
De todas as crenças que as pessoas podem ter, umas são conhecimento quando são justificadas, outras são fé quando não são justificadas, e como quem tem uma religião tem que obedecer aos preceitos morais com ela relacionados, não porque estão de acordo com a razão mas porque foram impostos por alguma divindade, poderemos considerar que a crença numa divindade pertence ao domínio do irracional.
Kierkegaard defendia que a verdadeira fé é sempre uma crença injustificada, não sendo por isso aceite pela maior parte dos filósofos teístas da religião, que concordam com a posição de Tomás de Aquino que defendia que as pessoas comuns só por confiança na igreja poderiam ter fé na existência de “deus”, como tal considerava que a fé é uma crença com elevado grau de convicção na verdade de uma afirmação, sem razões que estabeleçam a verdade dessa convicção.
Saudações e bom ano
Se a "palavra de Deus" está escrita num livro, para que possamos recebê-la, precisamos saber ler, certo?
Vamos olhar pra história da humanidade. Retornemos para o ano de 1900, daí pra trás.
NINGUÉM SABIA LER!!! Somente uma ínfima parcela da população tinha acesso à leitura. Então só uns poucos letrados teriam direito de receber diretamente a palavra de Deus? Os outros teriam que a pedir emprestado?
Se existe algo que possa ser chamado de "a palavra de Deus", ela não pode estar num livro!
A palavra de Deus tem que estar na própria VIDA!
Não é preciso ir em Igrejas nem ler livros cheio de absurdos!
E, se for pra indicar um livro que seja a palavra de Deus, por que tem que ser a Bíblia?
Por que não podem ser os Vedas, o Dhammapada ou o Tao Te King, que são mais antigos e mais profundos (na minha opinião)?
Olá!
Eu desisti de debater Bíblia e Deus. Não adianta argumentar, por que ninguém convence ninguém. Todo mundo tem argumento e ninguém sai convencido.
Só digo aos amigos que não crêem na Bíblia e nem em Deus o mesmo que disse um outro dia: Se Deus existe, e você não crê nele, o maior prejuízo é seu. Se ele não existe e você sabe disto, sorte sua, pois assim você não vai passar a vida toda rezando, orando, enfim falando consigo mesmo achando que alguém mais está ouvindo.
Crer em Deus, necessita de uma coisa chamada REVELAÇÃO, que não significa fechar os olhos, mas entender o que eles não vêem.
Desculpem-me pelo exemplo pobre, mas, o mundo do peixe é o seu aquário, ele só vê aquilo e só aquilo conhece.
Para quem, como eu, desistiu das evidências, só resta uma opção para convencer a acreditar: A experiência.
Experiência não se alcança por leitura, com aulinhas em faculdades, enfim, tudo isso é muito bom, mas as coisas mais importantes da vida se aprende sozinho, por instinto, ou por observação.
Deus só se revela a quem se refere a ele por baixo.
Quem tem coragem de olhar para o céu e pedir a Deus que ele se revele acaba conhecendo-o.
Quem acha que isso é coisa de louco que não tem o que fazer, continua assim, sem fé em Deus mas pertencendo através da crença a teorias que são muito mais absurdas do que crer nEle.
Luis Paulo.
Saudações a Macedo, Pardal, Luis,Asmodeu e Maurilo & Vivian, estive procurando pela internet fazer o download em pdf da revista Superinteressante e por um grande acaso encontrei este blog. As colocações de ambos são muito interessantes e gostaria de entrar neste grande e envolvente debate de idéias.
Bom, falar sobre religiões criadas pelo homem realmente é algo infindável. Desde os tempos das cavernas até hoje nunca houve um povo ateu ou desprovido de algum tipo de sistema religioso. O homem pré- histórico foi o primeiro a buscar explicações nos fenômenos da natureza para entender sua origem e razão de existir. Com o passar dos milênios os simples cultos e crenças transformaram-se em complexas religiões.
O papel social das religiões é muito amplo: Serve de consolo para o homem resistir às forças e privações impostas pela natureza, explicar o entendimento de sua origem, manipula e influência os costumes, cultura e moral de uma sociedade. Segundo Freud “a religião tem o efeito de um narcótico capaz de dar consolo ao homem certo consolo pela sua impotência frente às forças da natureza”.
Para se entender um pouco melhor sobre o cristianismo contemporâneo (afinal, de contas habitamos em um país Cristão), é importantíssimo conhecer o seu “pai”, ou seja, o judaísmo... entre a religiões criadas pelo homem, o judaísmo foi muito importante , pois dele se deriva o cristianismo e o islamismo. O antigo testamento relata principalmente ordens de Deus, profecias e histórias sobre a origem do povo judeu.
Maomé recebeu instruções do anjo Gabriel enviado por Alá; o rei Ur-Engur da Suméria ditou leis sob a orientação do deus Shamash; o faraó Menés do Egito dá ao povo o código ditado pelo deus Thot; Zaratustra, na Pérsia recebeu instruções do deus Ormuz; e Moisés recebeu instruções de Jeová. Não é difícil de perceber que os profetas bíblicos não foram muito criativos, leis ditadas por algum deus não são nenhum pouco originais.
Há quanto tempo Deus teria criado o homem e o mundo? Segundo a bíblia, Deus criou Adão à sua imagem e semelhança e o compensou pela morte de Abel com outro filho, e lhe dera o nome de Sete. Adão teria sido pai de Sete aos 130 anos, e teve vários filhos e filhas e morreu aos 930 anos. Sete tornou-se pai de Enos aos 105 anos e morreu aos 912 anos. Enos foi pai de Quenã aos 90 anos e morreu aos 905 anos. Quenã teve aos 70 anos seu primeiro filho e chamou-lhe de Malael, morreu aos 910 anos. Malael foi pai aos 65 anos, chamou seu filho de Jarede e morreu aos 905 anos. Jarede aos 162 anos tornou-se pai de Enoque e morreu aos 962 anos. Enoque foi pai de Matusalém aos 65 anos e ainda continuou a viver 365 anos. Matusalém foi pai aos 197 anos, chamou seu primeiro filho de Lameque e morreu aos 969 anos. Lameque aos 182 anos foi pai de Noé e morreu aos 767 anos. Portanto, somando os anos citados por Moisés, o personagem principal do dilúvio teria nascido no ano de 1056. Noé aos 500 anos tornou-se pai de Cã, Jafé e Sem, estes três filhos de Noé tiveram muitos filhos e filhas e resumidamente passaram-se 794 anos de Noé até Abraão. Soma-se ainda o Êxodo no Egito, o exílio na Babilônia, a construção do templo, o período no deserto até o nascimento de Jesus, que no total foram 3761 anos. E finalmente adiciona-se mais 2009 anos, então, nós estamos no ano 5770, depois de Deus ter dito (Ge 1:26 ....Façamos o homem a nossa imagem e semelhança...). Não podemos deixar de perceber a incrível longevidade de vários personagens bíblicos (Adão, 930 anos; Matusalém, 969 anos; Malael, 895 anos e etc.), que é muito Semelhante aos antigos reis da Suméria que chegavam a ter mais de 1000 anos, segundo lendas. Entretanto a idade deles foi decrescendo até chegarem aos padrões “normais”. O interessante de se observar é que a cronologia bíblica entra em conflito com os fósseis de vários animais encontrados sob a superfície terrestre que datam milhões de anos, com as pinturas feitas em cavernas por homens primitivos e com a idade da terra de aproximadamente 4,5 bilhões de anos.
Mas o que é a bíblia? Que homens eram esses que a escreveram? O que pretendiam? Para responder estas perguntas é necessário fazer uma análise destes homens e do tempo em que viveram... Segundo muitos historiadores, os judeus ainda eram politeístas até os tempos dos reis Salomão e Davi. Durante o reinado de Salomão, os sacerdotes do templo teriam assimilado mitos e lendas de outros povos e ordenado os textos fazendo recuar até Moisés a idéia de um deus único. Jeová era o principal deus, porém, não o único, Acredita-se que versículos como este provam tal hipótese (Det. 10:17 Pois o Senhor, o nosso Deus, é o Deus dos deuses...). Durante o reinado de Josias, no ano de 639 a.C, os sacerdotes do templo teriam encontrado fragmentos de epístolas escritas pelos ajudantes do rei Salomão e até então o templo dos judeus (construído durante o reinado de Salomão, no ano de 950 a.C) estava cheio de trabalhos feitos a outros deuses. E somente durante o reinado de Josias é que os judeus tornaram-se definitivamente monoteístas pela força da lei. (1Rs 22:8 O sumo sacerdote, disse: “Achei na casa do Senhor o próprio livro da lei”... e secretário começou a lê-lo perante o rei... e o rei prosseguiu mandando os sacerdotes que tirassem do templo do senhor todos os utensílios feitos para outros deuses... então os queimou fora de Jerusalém).
Estamos no século XXI e muitos tipos de preconceitos que estamos acostumados a presenciar já eram consentidos e ensinados nos tempos bíblicos, alguns versículos atestam esta proposição: Machismo, Ef 5:22-23 (Vós mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos, como, ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher.../1 TI 2:12-14 Não permito, porém, que a mulher ensine nem use de autoridade sobre o marido mas que esteja em silêncio porque Adão foi formado primeiro e depois Eva). Moisés tentou explicar a origem das dores do parto da mulher e o domínio do homem sobre a mesma. Depois de Eva ter comido a maçã proibida, Deus ordena. Ge 3:16 (Aumentarei grandemente a dor da tua gravidez e teu esposo te dominará). Como o Maurilo disse anteriormente, o fato de mulheres terem sido as primeiras a terem visto Jesus ressuscitado não prova de forma alguma que a bíblia não era machista. A menstruação da mulher era visto como algo impuro. Le 15:19-25 (E caso uma mulher tenha um fluxo na carne e mostre ser sangue...ela é impura...e quem tocar em qualquer objeto, ele, por tocar será impuro...e quem tocá-la será impuro...quem tocá-la deve banhar-se e lavar suas vestes. Ela é impura). O maior inimigo da fé desde os tempo antigos é a ciência: 1Ti 6:20-21 (Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência). Deus pede oferendas iguais a deuses pagãos: Le 5:14 (... Caso uma alma se comporte mal contra as coisas sagradas de Deus, então tem de trazer como oferta um carneiro sadio de rebanho/ Le 23:29 (... deveis sacrificar para ganhar aprovação para vós). Um costume antigo é o apedrejamento, além de adúlteros, eles também apedrejavam seus filhos desobedientes: Det 21:18-21 ( Caso um homem tenha um filho obstinado e rebelde, que não escuta a voz dos seus pais, e eles o tenham corrigido, porém, ele não os queira escutar...então, todos o homens da cidade têm de atirar nele pedras, ele tem de morrer. Assim tens de eliminar o mal do teu meio, e toda Israel ouvirá e deverás ficar com medo). Havia, como atualmente grande preconceito contra os homossexuais: 1Co 5:9 ( O que! Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus ?... Nem homens que se deitam com homens). O povo escolhido também praticava a guerra, e esta era consentida e ensinada por Deus. Ele ordena: Det 20:1-16 ( Caso fores a batalha contra os teus inimigos...não deves ter medo deles, pois contigo está Deus, teu Senhor...caso chegue a uma cidade para lutar contra ela, então tens de anunciar paz... se te dar uma resposta pacífica e se abrir para ti, então o povo deve tornar-se teu para o trabalho forçado, e eles têm de servir-te...e se não fizerem paz contigo e te fizer guerra...terás de golpear todo macho com o fio da espada. Mulheres, criançinhas e animais saquearás para ti e deverás comer tudo de teus inimigos que Deus, te entregou...).
O livro mais vendido do mundo, a bíblia, é também mundialmente conhecido por suas contradições. Especialistas afirmam que há aproximadamente 2.000 contradições expressas de forma direta ou indireta em seus versículos. Eis alguns exemplos: Deus proíbe a que os homens façam ídolos: Êx 20:4 (”Não farás para ti imagens de escultura.”) / Le 26:1 (“Não farás para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem de escultura nem estátua.”). Deus permite ídolos: Êx 25:18 ( “Farás dois querubins de ouro...”) / Núm 21:8 ( Disse o Senhor a Moisés: “Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e terá de acontecer que todo mordido que olhar para ela e assim terá de ficar vivo.”). A possibilidade de se ver Deus: Êx 33:11 (Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo.) / Am 9:1 (“Vi o Senhor em pé junto ao altar...”). Isto nunca aconteceu: Jo 1:18 ( Ninguém nunca viu a Deus... ) / 1Tm 6:16 (...a quem nenhum dos homens viu nem pode ver...). Não se deve roubar: Êx 20:15 ( “Não deves furtar”). Mas, Deus em outro trecho permite que Moisés furte os egípcios: Êx 3:21 ( ...quando fordes, não ireis de mãos vazias...objetos de prata e ouro....e tereis de pô-los sobre vossos filhos...e tereis de despojar os egípcios.) Saul suicidou-se? 1Sa 31:4 ( Saul tomou, pois, a espada e lançou-se sobre ela.). Ou foi morto por um amalequita? 1Sa 1:8-10 ( “Sou amalequita”...de modo que fiquei de pé sobre ele e o entreguei definitivamente a morte...). Quantas pessoas foram ao túmulo de Jesus logo após sua ressurreição? João disse que foi somente Maria Madalena: Jo 20:1 (... Maria Madalena veio cedo ao túmulo memorial...). Mateus nos diz que foram três pessoas: Mt 28:1 (...Maria e Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.). Já Marcos afirma que foram quatro pessoas: Mr 16:1;2 (...Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago, e Salomé...chegaram ao túmulo memorial...). E por fim, Lucas diz que foram várias mulheres: Lu 23:54;55 / 24:1 / 24:10 ( Eram Maria Madalena e Joana, e Maria, Mãe de Tiago. Também as demais mulheres com elas estavam contando estas coisas aos apóstolos.). Deus é bom: Sal 145 : 9 ("O Senhor é bom para todos..."), ou cria o mal: Det 10 : 17 (... o Deus grande, poderoso e terrível...) / Is 45:7 (Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor , faço todas estas coisas.)
O livro mais vendido do mundo ironicamente é o menos lido. Na bíblia não é difícil de encontrar abominações, maldições e pragas divinas a aqueles que Jeová tiver algum rancor, eis alguns exemplos: Contra os egípcios: Ez 30:12 (... e eu vou fazer do rio Nilo solo seco e vou vender a terra para os homens maus.), contra os babilônios: Je 50:35 ( Há um espada contra os habitantes da babilônia, é a pronunciação do Senhor.),contra etíopes: Ez 30 : 4 ("... e haverá grande dor na Etiópia..."), contra os assírios: So 2 : 13 ("Estenderá também a sua mão contra o norte, e destruirá a Assíria; e fará de Nínive uma desolação, terra seca como o deserto") e etc. Contudo, há outras profecias que não podem deixar de serem citadas, que, são sobre os índios americanos que Deus, por ser onisciente, já tinha conhecimento deles antes mesmo de Colombo ter nascido, e também não ficaram de fora da ira divina. Is 34:1,2 ( Chegai-vos nações para ouvir e prestai atenção...porque Deus tem indignação contra todas as nações e ele terá de entregá-las ao abate), Le 26:30 (... e deitarei os vossos cadáveres sobre os cadáveres de vossos ídolos sórdidos), Det 7:16 ( E tens de consumir todos os povos que Deus te dá, teu olho não deve ter dó... e não deves seguir teus deuses...). Bom, talvez estas profecias tenham se concretizado com vinda dos europeus no século XVI, que quase dizimou toda a população de nativos do continente americano.
O deus judeu-cristão é conhecido pela maioria das pessoas como onisciente, onipotente, onipresente, absoluto, justo e perfeito. Mas, se fizermos um estudo profundo de sua “personalidade” poderemos notar que ele foi um humano como qualquer um de nós. Ele tem ciúmes: Êx 34:14 (Não deves adorar outro deus...porque o Senhor é um Deus ciumento...). Ele ama: 1Jo 4:8 (Deus é amor). Diz uma coisa...: Ec 7:16,17 ( Não fiques justos demais...não fiques iníquo demais...)....depois diz outra coisa...: Mt 5:48 (...tende ser perfeitos, assim como o vosso pai celestial é perfeito). Vinga-se: Na 1:2 (... Deus toma vingança e está disposto ao furor...). Envolve-se em brigas: Êx 15:3 (O Senhor é pessoa de guerra, Senhor é o seu nome). É tímido: Êx 33:20 ( “Não pode ver a minha face, porque homem nenhum pode ver-me e continuar vivo). É capaz de perdoar: Ne 9:17 ( Tu, porém, és um Deus de atos de perdão). Se arrepende: Ge 6:6 ( Então, arrependeu-se o Senhor de ter feito o homem sobre a terra...). E como qualquer um humano, gosta de ser ouvido: Det 28:15,22,27,30,45 (... e tem de suceder que, se não escutares a voz do Senhor, teu Deus te golpeará com tuberculose....com hemorróidas...ficarás noivo de uma mulher e outro homem a violentará... e todas estas invocações do mal virão sobre ti até que tenhas sido aniquilado porque não escutaste a voz de Deus).
Os judeus criaram um Deus onisciente, onipotente e onipresente, porém é difícil entender que nem ele mesmo pode prever, através de toda sua onisciência e sapiência, que a infeliz Eva iria desobedecê-lo e comer o fruto proibido (este é um ótimo pretexto para culpar a mulher por toda a eternidade...). Deus, o onisciente, a amaldiçoa e no fim das contas Eva cria a primeira profissão do mundo, a de costureira, pois teve que encobrir a sua nudez e de Adão com as folhas de parreira. Não ficando atrás, Adão teve que se sustentar do seu suor. Assim, Adão e Eva passam a ter conhecimento do bem e do mal, do certo e do errado.
Nas escrituras sagradas não são raros os momentos em que seus autores tentaram explicar de maneira misteriosa ou mística fatos históricos remetendo sempre a Deus a autoria, por exemplo, o exílio na Babilônia, Ez 39:23 ( E as nações terão de saber que foi por causa de seu erro que eles, os da casa de Israel, foram ao exílio, pelo fato de que se comportaram de modo infiel para comigo... e os entreguei na mão de seus adversários, e eles foram caindo, todos eles, a espada.). O Êxodo do Egito, Êx12:51 ( E o Senhor fez com que os filhos de Israel, junto com os seus exércitos saíssem da terra do Egito).
Entre os judeus havia várias seitas, as principais eram: Os saduceus, os escribas ou fariseus e os essênios. Os saduceus representavam o alto clero, tinham um alto poder aquisitivo, eram muito conservadores, fiéis as escrituras, rigorosamente contrários as tradições orais e não davam muita importância a imortalidade. Já os fariseus representavam a grande maioria dos judeus, especialmente dos pobres, sonhavam com a imortalidade (física e espiritual), e não davam importância a política. E por último os essênios, que representavam uma minoria entre os judeus. Eles viviam em um regime comunitário, não tinham esposas, não se barbeavam, batizavam-se utilizando água, eram pacíficos, benevolentes e de grande fé. Muitos historiadores acreditam que Jesus teria sido criado entre os essênios. Alguns versículos demonstram que os saduceus e fariseus eram contrários as palavras do Cristo: Jo 7:20 ( ... Tu tens demônio...) / Jo 10:33 ( ... Nós te apedrejamos, sim, porque tu embora seja um homem te fazes um deus.). Jesus em resposta teria dito: Jo 8:44 (Vós sóis de vosso pai, o Diabo, e quereis fazer os desejos de vosso pai...) / Jo 5:46 ( De fato, se acreditásseis em Moisés, tereis acreditado em mim, porque este escreveu sobre mim.). Até entre o mulçumanos, alguns séculos mais tarde, Jesus não foi muito bem aceito. Está escrito no alcorão: V-72 ( São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o messias, filho de Maria... a quem atribuir semelhantes a Deus, ser-lhe-á vedada a entrada no paraíso e sua morada será o fogo infernal !). Os judeus tiveram a infelicidade de serem perseguidos por muitos povos. Eles sempre mantiveram esperança na vinda de alguém forte, que os libertasse de seus opressores de maneira marcante e definitiva. E é neste contexto que surge o benevolente Jesus e isto frustrou enormemente os judeus. Em suas pregações, Jesus não deixava de falar das maravilhas do reino celeste e de como Deus é bom: 2 Co 13:11 (“...O Deus de amor e paz estará convosco.”).
Jesus não foi original em seus ensinamentos. Muitas de suas pregações foram pronunciadas por outros eleitos, antes de o próprio Jesus ter nascido e estes foram: Zaratustra (sec. VII a.C), subiu aos céus por um raio sempre enfatizou a máxima “não façais aos outros o que não quiserdes o que vos façam”. Akhenaton, o faraó egípcio, era contra a guerra, sonhava que todos fossem irmãos, pregava o amor ao próximo e o monoteísmo. Confúcio (sec. V a.C), dizia também a famosa máxima “não façais aos outros o que não quereis que vos façam”. Apolônio de Tiana (II a.C), também nasceu de uma virgem, sua mãe também teria sido avisada pelo Espírito Santo sobre a gravidez, ele pregava a humildade, paz e benevolência para com o próximo.
O filho de Deus teria dito em seus últimos instantes: “-Eli, Eli lama sabactâni” (Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?). Esta frase contraria tudo o que o Messias pregou durante toda sua vida, isto é, a certeza da vida após a morte. Embora tenha sido condenado pela maioria, conseguiu muitos seguidores (e talvez sem querer...) acabara fundando uma nova religião, o cristianismo, que aboliu a circuncisão, o sábado sagrado dos judeus e as oferendas de animais a Deus.
O novo testamento, aceito por milhões de pessoas no mundo como uma prova irrefutável das palavras de Jesus, é frágil em sua essência contendo várias contradições e trechos mal esclarecidos. A questão principal é que os livros que compõe o Novo Testamento são duvidosos. Por exemplo, o primeiro evangelho que é o de Mateus, não constava assinatura do autor nos originais. O segundo evangelho é o de Marcos, onde o próprio não teria conhecido Jesus pessoalmente porque ele era apenas uma criança quando o messias morreu. O terceiro evangelho é do médico judeu convertido ao cristianismo Lucas, ele também não conheceu Jesus pessoalmente, e tudo o que relata em suas escrituras foi ouvido da boca de terceiros, Lu 1:2-3 (...se tornaram testemunhas oculares...também eu, tendo pesquisado todas as coisas com exatidão...resolvi escrevê-las para ti...). O quarto evangelho é o mais suspeito e intrigante de todos, é o de João. Ele era um pescador analfabeto da Galiléia e escreveu o evangelho mais culto e de alto nível que os seus antecessores. E vem a seguinte pergunta, como um pescador analfabeto teria escrito este evangelho? Inspiração divina? A autenticidade da 2ª carta de Pedro ainda é mais discutida, ele se apresenta como “Simeão-Pedro”, 1Pd 1:1 ( Simeão Pedro, escravo e apostolo de Jesus Cristo...). O estilo é muito diferente da 1ª carta de Pedro, contudo, o argumento definitivo contra a sua autenticidade é a quase utilização textual da carta de Judas (2Pd 2:1-18 é igual a Jd 4-16 ). Provavelmente, o autor desta carta teria plagiado a carta de Judas, ou seria o inverso? Outra carta duvidosa são as de Tito e Timóteo escritas por Paulo, os estilos destas cartas são muito diferentes das outras cartas Paulinas
O novo credo foi muito bem aceito entre os pobres, incultos, camponeses e analfabetos e com o passar dos anos, o número de adeptos foi aumentando e conquistando cada vez mais fiéis entre as classes média e superior de Roma, e por fim a religião que era dos pobres, hostil ao estado e autoridade, dos irmãos iguais, transformara-se no século IV na igreja, a intermediária entre os homens e Deus.
. “Meu Deus descender dos macacos! Esperamos que isto não seja verdade, mas, se for, rezemos para que isto não seja de conhecimento geral”. (esposa do bispo de Worcester). Quando o homem abriu seus olhos pela primeira vez, raciocinou como uma criança, ficou fascinado com o mundo que o cercava e receoso com os fenômenos da natureza que ele não entendia. Ele foi aprendendo, se multiplicando sobre a superfície da terra e diferenciando dos outros animais por sua complexidade. Bom, chegamos ao século XXI e o ser humano continua em sua jornada pelo conhecimento de si e do mundo que o envolve. Os mitos e crenças místicas foram de certa forma necessários, porém, nós o contemporâneos sabemos que é questão de tempo onde o homem afirmará sua existência em nossa própria realidade, neste mundo. Nós “subimos nos ombros” dos homens do passado, por isto vemos além do que eles viram.
“Nós, porém, não queremos entrar no reino dos céus, nós nos tornamos homens, por isso mesmo queremos o reino da terra”—(Nietzsche)
A bíblia não adula o ego humano.
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